Questões de Concurso Público UFRJ 2015 para Nutricionista - Clínica

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Q683236 Português
   Os meios de transportes, e comunicação em massa, as mercadorias, casa, alimento e roupa, a produção irresistível da indústria de diversões e informação trazem atitudes e hábitos prescritos, certas reações intelectuais e emocionais que prendem os consumidores mais ou menos agradavelmente aos produtores e, através destes, ao todo. Os produtos doutrinam e manipulam; promovem uma falsa consciência que é imune à sua falsidade. E, ao ficarem esses produtos benéficos à disposição de maior número de indivíduos e de classes sociais, a doutrinação que eles portam deixa de ser publicidade; torna-se um estilo de vida. É um bom estilo de vida – muito melhor do que antes – e, como um bom estilo de vida, milita contra a transformação qualitativa. Surge, assim, um padrão de pensamento e comportamento unidimensionais no qual as ideias, as aspirações e os objetivos que, por seu conteúdo, transcendem o universo estabelecido da palavra e da ação são repelidos ou reduzidos a termos desse universo. São redefinidos pela racionalidade do sistema dado e de sua extensão quantitativa.
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. p.32. Adaptado.
Assinale a alternativa em que é opcional o uso do sinal indicativo de crase na palavra destacada.
Alternativas
Q683237 Português

                                          MUSEU DE COISAS VIVAS

   As coisas que admiramos nos museus que conhecemos são objetos do desejo de gerações passadas, finismos de gente morta: joias, bijuterias, móveis, ferramentas de escrita. Talvez seja por isso que, quando viajo, vou a lojas, bazares e mercados com o mesmo entusiasmo com que vou aos museus. As mercadorias expostas (e a forma como são expostas) têm sempre muito a dizer a respeito do local, dos seus habitantes e das pessoas que os visitam — exatamente como as alas dos museus nos falam, por exemplo, sobre os etruscos ou os antigos romanos. A diferença, a favor do comércio, é que a gente pode levar para casa o que está exposto.

  Exagero, claro. Os museus expõem peças únicas, com a pátina de centenas, quando não milhares de anos. Mas não é preciso pensar muito para notar que a essência das peças é a mesma das coisas que nos seduzem nas lojas. Todas elas, coisas novas e peças antigas, foram feitas obedecendo a uma necessidade ou a um capricho da época.

  É curioso notar, também, como praticamente não há família de objetos, por funcionais que sejam, em que não se possa perceber a evolução dos tempos e dos gostos e o desejo de distinção de um bípede em relação a outro. Uma caixa de madeira é tão caixa quanto a sua contraparte de marfim; uma tigela simples serve tão bem ao seu uso quanto uma tigela enfeitada de pedrarias. Mas como o homem de posses vai se diferenciar dos mortais comuns se não caprichar no supérfluo?

  Os museus provam que somos consumistas e exibicionistas há milhares de anos, e que distribuição de renda justa é uma utopia recente. O comércio prova que, se somos animais que consomem, somos também animais muito criativos. Quem poderia imaginar os 60 tipos de escovas de dentes que se encontram em qualquer drugstore americana? Ou as infinitas formas e cores que assumem os sapatos, sobretudo femininos?

  Às vezes penso que o conteúdo de uma loja, qualquer loja, arrumado por um museólogo, com as devidas etiquetas, poderia ficar divertido.

  Nem sempre museus e lojas se entendem bem na minha cabeça. Uma vez fui para o Louvre depois de sair da Printemps só para ver a nova ala egípcia. Fiquei sem ar diante do que estava exposto, nem tanto pela beleza do que via quanto pela consciência do tempo que me separava das pessoas que haviam feito e usado aquelas coisas. Diante de tal abismo metafísico, quase morri de vergonha do creme contra celulite que comprara e que carregava na bolsa: que besteira era aquela diante da poeira dos séculos? [...]

RÓNAI, Cora.  O Globo, 04/10/2012.

Assinale a alternativa em que a palavra que foi utilizada com o objetivo de se referir a um termo antecedente nas duas ocorrências sublinhadas.
Alternativas
Q683238 Português

                                          MUSEU DE COISAS VIVAS

   As coisas que admiramos nos museus que conhecemos são objetos do desejo de gerações passadas, finismos de gente morta: joias, bijuterias, móveis, ferramentas de escrita. Talvez seja por isso que, quando viajo, vou a lojas, bazares e mercados com o mesmo entusiasmo com que vou aos museus. As mercadorias expostas (e a forma como são expostas) têm sempre muito a dizer a respeito do local, dos seus habitantes e das pessoas que os visitam — exatamente como as alas dos museus nos falam, por exemplo, sobre os etruscos ou os antigos romanos. A diferença, a favor do comércio, é que a gente pode levar para casa o que está exposto.

  Exagero, claro. Os museus expõem peças únicas, com a pátina de centenas, quando não milhares de anos. Mas não é preciso pensar muito para notar que a essência das peças é a mesma das coisas que nos seduzem nas lojas. Todas elas, coisas novas e peças antigas, foram feitas obedecendo a uma necessidade ou a um capricho da época.

  É curioso notar, também, como praticamente não há família de objetos, por funcionais que sejam, em que não se possa perceber a evolução dos tempos e dos gostos e o desejo de distinção de um bípede em relação a outro. Uma caixa de madeira é tão caixa quanto a sua contraparte de marfim; uma tigela simples serve tão bem ao seu uso quanto uma tigela enfeitada de pedrarias. Mas como o homem de posses vai se diferenciar dos mortais comuns se não caprichar no supérfluo?

  Os museus provam que somos consumistas e exibicionistas há milhares de anos, e que distribuição de renda justa é uma utopia recente. O comércio prova que, se somos animais que consomem, somos também animais muito criativos. Quem poderia imaginar os 60 tipos de escovas de dentes que se encontram em qualquer drugstore americana? Ou as infinitas formas e cores que assumem os sapatos, sobretudo femininos?

  Às vezes penso que o conteúdo de uma loja, qualquer loja, arrumado por um museólogo, com as devidas etiquetas, poderia ficar divertido.

  Nem sempre museus e lojas se entendem bem na minha cabeça. Uma vez fui para o Louvre depois de sair da Printemps só para ver a nova ala egípcia. Fiquei sem ar diante do que estava exposto, nem tanto pela beleza do que via quanto pela consciência do tempo que me separava das pessoas que haviam feito e usado aquelas coisas. Diante de tal abismo metafísico, quase morri de vergonha do creme contra celulite que comprara e que carregava na bolsa: que besteira era aquela diante da poeira dos séculos? [...]

RÓNAI, Cora.  O Globo, 04/10/2012.

Os museus expõem peças únicas, com a pátina de centenas, quando não milhares de anos. Mas não é preciso pensar muito para notar que a essência das peças é a mesma das coisas que nos seduzem nas lojas. Todas elas, coisas novas e peças antigas, foram feitas obedecendo a uma necessidade ou a um capricho da época.”
Quanto à classe gramatical, as palavras destacadas são respectivamente:
Alternativas
Q683239 Português

TEXTO 5                                 

                                                “OS SELFIES DESNUDOS”

   Na conta, o estrago do domingo ficou assim: são vinte mulheres. Catorze atrizes, três modelos, uma cantora, uma ginasta e uma jogadora de futebol. Todas mais ou menos famosas: três estiveram no elenco da série “Glee”, uma fez a sonhadora Lady Sybil em “Downton Abbey”. Jennifer Lawrence venceu um Oscar. Em alguns casos, as fotos mostram uma nudez discreta. Noutros, há vídeos caseiros de sexo. Ao todo, na manhã de domingo, vazaram 479 arquivos privados. Ainda sabemos pouco sobre como apareceram. Fotos íntimas vazadas não são novidade no mundo pós-internet. Nesta quantidade, jamais ocorrera antes. E, desta vez, temos de aprender algo sobre a rede e sobre nós.

  Trata-se, possivelmente, do trabalho de uma quadrilha de hackers que opera há alguns anos para alimentar um mercado negro de colecionadores on-line. Um pacote destes que reúnem vazou. Quem vazou diz ter imagens de 101 pessoas. De mulheres, nunca homens. Jovens e mais ou menos famosas.

   Mas, por trás do frenesi que tomou a internet após o vazamento, um detalhe se perdeu. Porque, além de lindas e famosas, outro traço une as vinte: 15 têm menos de trinta anos. A mais velha ainda não fez 35. Todas nasceram da década de 1980 para cá. São digitais. Registrar sua nudez e compartilhá-la com quem se relacionam faz parte de suas vidas. Porque faz parte da vida de sua geração. Mesmo nos vídeos mais explícitos, o tom não é o de um filme pornográfico. Há humor, suor e ninguém tem a pele perfeita. É gente fazendo o que gente faz. Em alguns casos, o carinho dos parceiros é evidente.

  Nunca um pacote tão grande de fotos vazadas veio assim à tona. Dificilmente será o último. Porque a segurança da internet é e seguirá sendo frágil. Assim como as moças não vão parar de enviar para quem desejam o registro de suas próprias imagens. São duas realidades inexoráveis. Nossa cultura evoluiu dessa forma.

                                                                     DÓRIA, Pedro. O Globo, 02/09/2014.


Leia os trechos a seguir:

1º) “O nosso tempo é um tempo de escolhas. A “customização” cada vez mais intensa da maioria dos bens e dos serviços de consumo permite que eu diga como quero meu refrigerante, meu carro, meu jeans, meu computador.” (texto 2)

2º) “Nem sempre museus e lojas se entendem bem na minha cabeça. Uma vez fui para o Louvre depois de sair da Printemps só para ver a nova ala egípcia. Fiquei sem ar diante do que estava exposto, nem tanto pela beleza do que via quanto pela consciência do tempo que me separava das pessoas que haviam feito e usado aquelas coisas.” (texto 4)

3º) “Os meios de transportes, e comunicação em massa, as mercadorias, casa, alimento e roupa, a produção irresistível da indústria de diversões e informação trazem consigo atitudes e hábitos prescritos, certas reações intelectuais e emocionais que prendem os consumidores mais ou menos agradavelmente aos produtores e, através destes, ao todo.” (texto 3)

4º) “Na conta, o estrago do domingo ficou assim: são vinte mulheres. Catorze atrizes, três modelos, uma cantora, uma ginasta e uma jogadora de futebol. Todas mais ou menos famosas: três estiveram no elenco da série “Glee”, uma fez a sonhadora Lady Sybil em “Downton Abbey”. Jennifer Lawrence venceu um Oscar. Em alguns casos, as fotos mostram uma nudez discreta. Noutros, há vídeos caseiros de sexo. Ao todo, na manhã de domingo, vazaram 479 arquivos privados.” (texto 5)

Quanto à tipologia textual, podemos afirmar que, em cada trecho destacado, predominam respectivamente as características do texto:
Alternativas
Q683240 Português
“Os meios de transportes, e comunicação em massa, as mercadorias, casa, alimento e roupa, a produção irresistível da indústria de diversões e informação trazem atitudes e hábitos prescritos, certas reações intelectuais e emocionais que prendem os consumidores mais ou menos agradavelmente aos produtores e, através destes, ao todo.” (texto 3)
Quanto à regência, os verbos destacados são respectivamente:
Alternativas
Respostas
16: A
17: B
18: A
19: E
20: B