Questões de Concurso Público Prefeitura de Curitiba - PR 2019 para Profissional do Magistério – Docência II – Língua Portuguesa

Foram encontradas 25 questões

Q986646 Português

      A peça teatral Entre Quatro Paredes, do francês Jean-Paul Sartre, conta a história de três personagens que morrem e descobrem que o inferno não é uma fornalha lúgubre, mas um quarto fechado no qual terão de passar a eternidade. O cômodo não tem espelhos; para verem a si próprios, cada um precisa procurar sua imagem nos olhos dos outros. Contudo, a convivência logo se torna insuportável. E então Garcin, um dos confinados, cunha a célebre frase: “O inferno são os outros”.

      A máxima de Sartre parece fazer sentido num mundo marcado pelo conflito. O outro pode ser o estrangeiro. O refugiado que ameaça a tranquilidade da Europa. Mas também pode estar mais perto e ser o petista ou o tucano. O fiel de outra religião. O homossexual. O nordestino. O pobre. O negro. O jovem para o idoso. O idoso para o jovem. Ou simplesmente aquele que pensa diferente. O inferno, enfim, é o diferente na concepção de Sartre – e de muitas pessoas.

      Mas, se a danação é isso, o paraíso por certo seria a ausência do outro e da diferença. Seria um quarto com uma única pessoa dentro para não haver briga. As paredes seriam de espelhos, para que quem lá estivesse não precisasse procurar sua imagem nos olhos do outro. E, quando se cansasse de seus pensamentos e de contemplar o próprio reflexo, poderia sair. Haveria uma porta – afinal, o céu não prevê a punição do confinamento.

      Porém, para manter a perfeição, não haveria ninguém lá fora. Apenas espelhos por todos os lados – a cada esquina que se dobra, a cada rumo que se toma – para lembrar quem é o dono de tudo. 

      Seria, no entanto, um paraíso vazio. Solitário. Um imenso labirinto de espelhos, sem saídas, em que a cada passo que se dá tudo o que se vê à frente é sempre a própria imagem. Seria a perdição. Um inferno mais terrível que o quarto da peça de Sartre.

      O outro é e sempre será nossa fronteira. Ele impõe limites à nossa liberdade. Mas ignorá-lo ou afastá-lo, a pretexto de cessar os conflitos e os dissabores, é o caminho para um mundo estático, sem progresso. Só aprendemos quando nossas convicções se chocam com a realidade do outro, com a diferença. É o outro que nos ensina a dor de ser machucado. Mas também a alegria de gostar. Não é o céu. Tampouco o inferno.

(Fernando Martins, “O labirinto de espelhos”, jornal Gazeta do Povo, edição impressa de 16 de setembro de 2015. Adaptado.) 

Do ponto de vista do ensino de língua portuguesa, esse texto é rico em elementos para se explorar, em atividades epilinguísticas:


1. a estrutura textual de uma resenha teatral.

2. as características do discurso irônico.

3. as marcas de subjetividade num texto.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q986647 Português

      A peça teatral Entre Quatro Paredes, do francês Jean-Paul Sartre, conta a história de três personagens que morrem e descobrem que o inferno não é uma fornalha lúgubre, mas um quarto fechado no qual terão de passar a eternidade. O cômodo não tem espelhos; para verem a si próprios, cada um precisa procurar sua imagem nos olhos dos outros. Contudo, a convivência logo se torna insuportável. E então Garcin, um dos confinados, cunha a célebre frase: “O inferno são os outros”.

      A máxima de Sartre parece fazer sentido num mundo marcado pelo conflito. O outro pode ser o estrangeiro. O refugiado que ameaça a tranquilidade da Europa. Mas também pode estar mais perto e ser o petista ou o tucano. O fiel de outra religião. O homossexual. O nordestino. O pobre. O negro. O jovem para o idoso. O idoso para o jovem. Ou simplesmente aquele que pensa diferente. O inferno, enfim, é o diferente na concepção de Sartre – e de muitas pessoas.

      Mas, se a danação é isso, o paraíso por certo seria a ausência do outro e da diferença. Seria um quarto com uma única pessoa dentro para não haver briga. As paredes seriam de espelhos, para que quem lá estivesse não precisasse procurar sua imagem nos olhos do outro. E, quando se cansasse de seus pensamentos e de contemplar o próprio reflexo, poderia sair. Haveria uma porta – afinal, o céu não prevê a punição do confinamento.

      Porém, para manter a perfeição, não haveria ninguém lá fora. Apenas espelhos por todos os lados – a cada esquina que se dobra, a cada rumo que se toma – para lembrar quem é o dono de tudo. 

      Seria, no entanto, um paraíso vazio. Solitário. Um imenso labirinto de espelhos, sem saídas, em que a cada passo que se dá tudo o que se vê à frente é sempre a própria imagem. Seria a perdição. Um inferno mais terrível que o quarto da peça de Sartre.

      O outro é e sempre será nossa fronteira. Ele impõe limites à nossa liberdade. Mas ignorá-lo ou afastá-lo, a pretexto de cessar os conflitos e os dissabores, é o caminho para um mundo estático, sem progresso. Só aprendemos quando nossas convicções se chocam com a realidade do outro, com a diferença. É o outro que nos ensina a dor de ser machucado. Mas também a alegria de gostar. Não é o céu. Tampouco o inferno.

(Fernando Martins, “O labirinto de espelhos”, jornal Gazeta do Povo, edição impressa de 16 de setembro de 2015. Adaptado.) 

Quanto à progressão temática, o texto está estruturado em:
Alternativas
Q986648 Pedagogia
O linguista Roberto Gomes Camacho, ao discorrer sobre norma culta e variedades linguísticas, defende que uma das tarefas fundamentais do ensino de língua é despertar a consciência do aluno para a adequação das formas às circunstâncias dos processos de comunicação, ou seja, “o indivíduo necessita ter, interiorizadas em sua competência linguística, as formas alternativas da variedade padrão, ou de prestígio, e da variedade não padrão, que pode ser estigmatizada, sobre as quais ele pode operar a seleção conforme variam as circunstâncias de interação”. Assinale a alternativa que NÃO está em acordo com esse entendimento.
Alternativas
Q986649 Português

Considere o seguinte descritor:


Identificar efeitos de sentido do uso de orações adjetivas restritivas e explicativas em um período composto.


Assinale a alternativa que apresenta um caso em que esse descritor pode ser tematizado.

Alternativas
Q986650 Pedagogia

Considere a imagem ao lado:

Essa charge de Benett oferece um conjunto de elementos que demandam o trabalho com qual conteúdo de língua portuguesa?


Imagem associada para resolução da questão

Alternativas
Respostas
11: B
12: C
13: A
14: E
15: D