Questões de Concurso Público Prefeitura de Astolfo Dutra - MG 2023 para Auxiliar Administrativo I
Foram encontradas 30 questões
Ano: 2023
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Astolfo Dutra - MG
Prova:
Instituto Consulplan - 2023 - Prefeitura de Astolfo Dutra - MG - Auxiliar Administrativo I |
Q2300775
Português
Texto associado
Eis tudo
Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas
foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde
do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que
ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu
pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no
dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel.
Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho,
para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
– Já vooouuu!
– Mas você não vê que está chovendo?!
– Ah, aqui está tão bonzinho!
Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que
um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram.
Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu
irmão.
Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como
um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus
silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito
atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos.
Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele
grito interior da alegria?
O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.
(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185.
Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
O texto se constrói a partir da relação estabelecida entre as chuvas e a infância do autor, ao passo que é conferido ao fenômeno
natural o potencial de lhe motivar determinadas emoções relacionadas aos próprios sentimentos, à memória e à infância. É correto
afirmar que, principalmente em trechos que exaltam o passado como “todas as coisas antigas foram boas para mim” (1º§), o autor
evoca sensações de:
Ano: 2023
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Astolfo Dutra - MG
Prova:
Instituto Consulplan - 2023 - Prefeitura de Astolfo Dutra - MG - Auxiliar Administrativo I |
Q2300776
Português
Texto associado
Eis tudo
Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas
foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde
do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que
ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu
pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no
dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel.
Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho,
para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
– Já vooouuu!
– Mas você não vê que está chovendo?!
– Ah, aqui está tão bonzinho!
Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que
um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram.
Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu
irmão.
Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como
um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus
silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito
atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos.
Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele
grito interior da alegria?
O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.
(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185.
Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
A linguagem conotativa utiliza palavras e expressões em um sentido figurado, isto é, a partir de significados que vão além do
seu sentido literal – este último, por sua vez, configura-se como o sentido denotativo. A partir dessas definições, é possível
constatar que a segunda oração da frase que dá início ao texto “Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente,
antigo.” (1º§), demonstra o emprego do sentido:
Ano: 2023
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Astolfo Dutra - MG
Prova:
Instituto Consulplan - 2023 - Prefeitura de Astolfo Dutra - MG - Auxiliar Administrativo I |
Q2300777
Português
Texto associado
Eis tudo
Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas
foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde
do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que
ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu
pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no
dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel.
Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho,
para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
– Já vooouuu!
– Mas você não vê que está chovendo?!
– Ah, aqui está tão bonzinho!
Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que
um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram.
Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu
irmão.
Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como
um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus
silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito
atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos.
Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele
grito interior da alegria?
O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.
(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185.
Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
Sobre o trecho “Tenho um jardim verde [...]” (2º§), quanto às classificações sintáticas de seus termos, marque V para as afirmativas
verdadeiras e F para as falsas.
( ) O sujeito da oração é desinencial. ( ) O verbo “ter” é empregado como transitivo direto. ( ) O termo “verde” corresponde a um predicativo do sujeito.
A sequência está correta em
( ) O sujeito da oração é desinencial. ( ) O verbo “ter” é empregado como transitivo direto. ( ) O termo “verde” corresponde a um predicativo do sujeito.
A sequência está correta em
Ano: 2023
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Astolfo Dutra - MG
Prova:
Instituto Consulplan - 2023 - Prefeitura de Astolfo Dutra - MG - Auxiliar Administrativo I |
Q2300778
Português
Texto associado
Eis tudo
Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas
foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde
do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que
ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu
pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no
dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel.
Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho,
para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
– Já vooouuu!
– Mas você não vê que está chovendo?!
– Ah, aqui está tão bonzinho!
Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que
um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram.
Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu
irmão.
Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como
um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus
silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito
atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos.
Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele
grito interior da alegria?
O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.
(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185.
Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
A compreensão quanto à significação das palavras constitui um parâmetro basilar para a interpretação plena de um texto. Ainda
que o autor se utilize de vocábulos e expressões que sejam alheios ao conhecimento do leitor por questões referentes a regionalismos ou jargões, fatores como a intertextualidade, a contextualização e a estilística podem contribuir para a sua inferência e, por
conseguinte, o discernimento da mensagem. Assinale, portanto, a alternativa que contempla, respectivamente, sinônimos das
expressões “carretel” e “de cócoras”, ambas utilizadas no 3º§:
Ano: 2023
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Astolfo Dutra - MG
Prova:
Instituto Consulplan - 2023 - Prefeitura de Astolfo Dutra - MG - Auxiliar Administrativo I |
Q2300779
Português
Texto associado
Eis tudo
Voltaram as chuvas e, com elas, o jardim ficou, de repente, antigo. Antigo e bom para mim, porque todas as coisas antigas
foram boas para mim. Ou, se não foram, o tempo as passou a limpo.
Tenho um jardim verde, entre muros velhos, como são os jardins da Madalena no Recife. Muros amarelos, lodosos, e o verde
do lodo resplandece assim que chove. A vida fica bonita quando começa a chover. Uma porção de lembranças, que não são de que
ou de quem. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons. É. Deve ser a infância, toda ela, que se perdeu sem que eu
pudesse fazer nada. Um gesto sequer, de defesa. A infância que me visita. Pode entrar. A casa é sua.
Eu era um menino de cócoras, no fundo do quintal, brincando com os meus carrinhos. Chovia, em setembro, principalmente no
dia dos anos do meu irmão. Eu tinha carrinhos de lata, pintados de vermelho e amarelo. Outros feitos por mim, com rodas de carretel.
Eu era grande em relação a eles, e era um deus, porque fazia seus destinos. De cócoras, imensamente maior que eles, falando sozinho,
para dar um enredo à brincadeira. Chovia. Minha mãe e as empregadas gritavam, chamando-me. E eu respondia:
– Já vooouuu!
– Mas você não vê que está chovendo?!
– Ah, aqui está tão bonzinho!
Daí a pouco, vinha lá de dentro uma pessoa maior que eu, muito maior que os carrinhos consequentemente, maior que
um deus, e me arrastava pelo braço. Os carrinhos ficavam na chuva, morrendo.
É triste a morte dos brinquedos. Todos os meus brinquedos morreram na chuva. Uns de ferrugem, outros se descolaram.
Todos os meus brinquedos viveram pouco, em setembro, sob a chuva morna do Recife, principalmente no dia dos anos do meu
irmão.
Hoje está chovendo e eu não tenho um só brinquedo. Não quero continuar penetrando essas lembranças e as aceito, como
um todo, certo apenas de que fui menino. Da minha vida, o que foi que eu fiz? As minhas palavras, os meus gestos, os meus
silêncios, as minhas iras, a minha tristeza – ninguém ouve, ninguém entende. Perdi a razão e todas as mortes me cercam, muito
atentas. Estou pleno de um mistério vão, que não serve a ninguém, nem me salva, nem me redime, nem atenua meus defeitos.
Paciência. Precisava ser banhado em águas sagradas.
Está chovendo reminiscentemente no jardim da minha casa alugada, na Lagoa. Onde e como encontrarei outra vez aquele
grito interior da alegria?
O menino foi proibido de ir à festa. Eis tudo.
(Antônia Maria: Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 184-185.
Publicada, originalmente, em O Jornal, de 22/11/1963.)
Sabe-se que a perífrase é uma figura de linguagem que se caracteriza pelo uso de uma expressão ou frase que substitui um
nome ou palavra que poderia ser dito de forma mais sucinta. Um exemplo retirado do texto é “dia dos anos” (8º§) – expressão utilizada pelo autor para se referir