Questões de Concurso Público IFB 2017 para Professor - Português
Foram encontradas 9 questões
Q771375
Literatura
Texto associado
A seguir, há dois poemas de épocas diferentes: o primeiro, do final do século XIX e o
segundo, em meados do século XX. Leia-os, para responder à questão:
Texto 1
A UM POETA
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma de disfarce o emprego
D
o esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
(BILAC, Olavo. A um poeta. In: CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: do
Romantismo ao Realismo. v. II. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,1972. p. 254.)
Texto 2
OFICINA IRRITADA
Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.
Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.
Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.
Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.
(ANDRADE, Carlos Drummond. Antologia poética. Organizada pelo autor. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1983. p. 178.)
Com base em conhecimentos sobre a poesia brasileira, assinale “V” (VERDADEIRO) ou “F”
(FALSO) em cada afirmação referente aos poemas acima. Em seguida, escolha a sequência correta:
( ) Os dois poemas fazem uso do recurso da metalinguagem, abordando o fazer poético, a linguagem se debruça sobre si mesma. ( ) O poema “A um poeta” foi publicado no início do século XX, e se refere à poesia escrita no final do século XIX, já “Oficina irritada” foi publicado em 1951, no livro Claro enigma. ( ) Em ambos, o poema é o resultado do trabalho exaustivo do poeta e do sossego, condição ideal para o fazer poético, mas depois de acabado não pode deixar transparecer o esforço empregado em sua elaboração. ( ) O texto 2 contrapõe-se às ideias de equilíbrio e perfeição da forma e se afasta do ideal defendido pelo texto 1, apresentando outra proposta de criação poética. ( ) O texto 2 expressa a angústia do eu poético, mediante ao esforço da criação poética em consonância com os princípios artísticos do texto 1.
Marque a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo:
( ) Os dois poemas fazem uso do recurso da metalinguagem, abordando o fazer poético, a linguagem se debruça sobre si mesma. ( ) O poema “A um poeta” foi publicado no início do século XX, e se refere à poesia escrita no final do século XIX, já “Oficina irritada” foi publicado em 1951, no livro Claro enigma. ( ) Em ambos, o poema é o resultado do trabalho exaustivo do poeta e do sossego, condição ideal para o fazer poético, mas depois de acabado não pode deixar transparecer o esforço empregado em sua elaboração. ( ) O texto 2 contrapõe-se às ideias de equilíbrio e perfeição da forma e se afasta do ideal defendido pelo texto 1, apresentando outra proposta de criação poética. ( ) O texto 2 expressa a angústia do eu poético, mediante ao esforço da criação poética em consonância com os princípios artísticos do texto 1.
Marque a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo:
Q771376
Literatura
Texto associado
A seguir, há dois poemas de épocas diferentes: o primeiro, do final do século XIX e o
segundo, em meados do século XX. Leia-os, para responder à questão:
Texto 1
A UM POETA
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma de disfarce o emprego
D
o esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
(BILAC, Olavo. A um poeta. In: CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: do
Romantismo ao Realismo. v. II. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,1972. p. 254.)
Texto 2
OFICINA IRRITADA
Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.
Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.
Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.
Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.
(ANDRADE, Carlos Drummond. Antologia poética. Organizada pelo autor. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1983. p. 178.)
Na última estrofe do texto 2, o poeta utiliza-se de duas imagens para expressar o soneto
pretendido: “tiro no muro” e “cão mijando no caos”. Indique a alternativa CORRETA quanto
ao emprego desse recurso.
Q771383
Literatura
Texto associado
Para responder à questão , considere os dois poemas de Oswald de Andrade e o
excerto do livro Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre.
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil.
São Paulo: Globo, 1991.)
BRASIL
Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
— Sois cristão?
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da
Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
— Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval!
(ANDRADE, Oswald de. Primeiro caderno do aluno de
poesia Oswald de Andrade. São Paulo: Globo, 1994.)
ABRASILEIRAMENTO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
DOS PRIMEIROS TEMPOS
“A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que a comida: machucou-as, tirou-lhes
as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles.
Daí esse português de menino que no Norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais
doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finais moles; palavras que só faltam desmanchar-se
na boca da gente. A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase
africano: cacá, pipi, bumbum, nenen, tatá, lili […]
Esse amolecimento se deu em grande parte pela ação da ama negra junto à criança; do escravo
preto junto ao filho do senhor branco. E não só a língua infantil se abrandou desse jeito, mas
a linguagem em geral, a fala séria, solene, da gente, toda ela sofreu no Brasil, ao contacto do
senhor com o escravo, um amolecimento de resultados às vezes deliciosos para o ouvido. Efeitos
semelhantes aos que sofreram o inglês e o francês noutras partes da América, sob a mesma
influência do africano e do clima quente.”
(Freyre, Gilberto. "Casa-Grande & Senzala". 9. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)
Os poemas “Pronominais” e “Brasil”, de Oswald de Andrade, pertencem à 1ª fase do
Modernismo brasileiro. Considerando as características do autor e ideais da época, escolha as
assertivas adequadas, marcando a sequência correspondente:
I) Autores como Oswald de Andrade e Mário de Andrade, comumente, refletiam sobre os erros gramaticais. Embora modernos, esses autores não admitiam a informalidade da linguagem. II) Em “Pronominais”, há, claramente, um elogio à cultura acadêmica em detrimento à cultura popular. III) O poema “Brasil” parodia um clássico poema indianista de Castro Alves. IV) O dois poemas referem-se à cultura portuguesa como formadora da cultura brasileira.
I) Autores como Oswald de Andrade e Mário de Andrade, comumente, refletiam sobre os erros gramaticais. Embora modernos, esses autores não admitiam a informalidade da linguagem. II) Em “Pronominais”, há, claramente, um elogio à cultura acadêmica em detrimento à cultura popular. III) O poema “Brasil” parodia um clássico poema indianista de Castro Alves. IV) O dois poemas referem-se à cultura portuguesa como formadora da cultura brasileira.
Q771384
Literatura
Texto associado
Para responder à questão , considere os dois poemas de Oswald de Andrade e o
excerto do livro Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre.
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil.
São Paulo: Globo, 1991.)
BRASIL
Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
— Sois cristão?
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da
Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
— Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval!
(ANDRADE, Oswald de. Primeiro caderno do aluno de
poesia Oswald de Andrade. São Paulo: Globo, 1994.)
ABRASILEIRAMENTO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
DOS PRIMEIROS TEMPOS
“A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que a comida: machucou-as, tirou-lhes
as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles.
Daí esse português de menino que no Norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais
doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finais moles; palavras que só faltam desmanchar-se
na boca da gente. A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase
africano: cacá, pipi, bumbum, nenen, tatá, lili […]
Esse amolecimento se deu em grande parte pela ação da ama negra junto à criança; do escravo
preto junto ao filho do senhor branco. E não só a língua infantil se abrandou desse jeito, mas
a linguagem em geral, a fala séria, solene, da gente, toda ela sofreu no Brasil, ao contacto do
senhor com o escravo, um amolecimento de resultados às vezes deliciosos para o ouvido. Efeitos
semelhantes aos que sofreram o inglês e o francês noutras partes da América, sob a mesma
influência do africano e do clima quente.”
(Freyre, Gilberto. "Casa-Grande & Senzala". 9. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)
Comparando o poema “Pronominais”, de Oswald de Andrade, com as reflexões de Gilberto
Freyre, sobre as influências sofridas pela Língua Portuguesa no Brasil, é possível considerar:
Q771385
Literatura
Texto associado
CATAR FEIJÃO
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.
(MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra e depois. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.)
Analise o poema “Catar feijão”, de João Cabral de Melo Neto, para, em seguida, marcar a
opção CORRETA: