Questões de Concurso Público IF-PE 2017 para Revisor de Texto

Foram encontradas 40 questões

Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773025 Português

Leia os TEXTO  para responder às questão. 

REVISÃO VAI ALÉM DA ORTOGRAFIA E FOCA OS PROPÓSITOS DO TEXTO

O objetivo do aluno ao fazer a revisão de texto é conseguir que ele comunique bem suas ideias e se ajuste ao gênero. Isso tem de ser feito tanto durante a produção como ao fim dela.

   Produzir textos é um processo que envolve diferentes etapas: planejar, escrever, revisar e reescrever. Esses comportamentos escritores são os conteúdos fundamentais da produção escrita. A revisão não consiste em corrigir apenas erros ortográficos e gramaticais, como se fazia antes, mas cuidar para que o texto cumpra sua finalidade comunicativa. “Deve-se olhar para a produção dos estudantes e identificar o que provoca estranhamento no leitor dentro dos usos sociais que ela terá”, explica Fernanda Liberali, Doutora em linguística pela PUC/SP.  

   Com a ajuda do professor, as turmas aprendem a analisar se ideias e recursos utilizados foram eficazes e de que forma o material pode ser melhorado. A sala de 3º ano de Ana Clara Bin, na Escola da Vila, em São Paulo, avançou muito com um trabalho sistemático de revisão. Por um semestre, todos se dedicaram a um projeto sobre a história das famílias, que culminou na publicação de um livro, distribuído também para os pais. Dentro desse contexto, Ana Clara propôs a leitura de contos em que escritores narram histórias da própria infância.

   Os estudantes se envolveram na reescrita de um dos contos, narrado em primeira pessoa. Eles tiveram de reescrevê-lo na perspectiva de um observador – ou seja, em terceira pessoa. A segunda missão foi ainda mais desafiadora: contar uma história da infância dos pais. Para isso, cada um entrevistou familiares, anotou as informações colhidas em forma de tópicos e colocou tudo no papel.

   Ana Clara leu os trabalhos e elegeu alguns pontos para discutir. “O mais comum era encontrar só o relato de um fato”, diz. “Recorremos, então, aos contos lidos para saber que informações e detalhes tornavam a história interessante e como organizá-los para dar emoção.” Cada um releu seu conto, realizou outra entrevista com o parente-personagem e produziu uma segunda versão.

   Tiveram início aí diferentes formas de revisão – análise coletiva de uma produção no quadro-negro, revisão individual com base em discussões com o grupo e revisões em duplas – realizadas dias depois para que houvesse distanciamento em relação ao trabalho. A primeira proposta foi a “revisão de ouvido”. Para realizá-la, Ana Clara leu em voz alta um dos contos para a turma, que identificou a omissão de palavras e informações. A professora selecionou alguns aspectos a enfocar na revisão: ortografia, gramática e pontuação. “Não é possível abordar de uma só vez todos os problemas que surgem”.

   Quando a classe de Ana Clara se dividiu em duplas, um de seus propósitos era que uns dessem sugestões aos outros. A pesquisadora argentina em didática Mirta Castedo é defensora desse tipo de proposta. Para ela, as situações de revisão em grupo desenvolvem a reflexão sobre o que foi produzido por meio justamente da troca de opiniões e críticas. “Revisar o que os colegas fazem é interessante, pois o aluno se coloca no lugar de leitor”. “Quando volta para a própria produção e faz a revisão, a criança tem mais condições de criar distanciamento dela e enxergar fragilidades.”

   Um escritor proficiente, no entanto, não faz a revisão só no fim do trabalho. Durante a escrita, é comum reler o trecho já produzido e verificar se ele está adequado aos objetivos e às ideias que tinha intenção de comunicar – só então planeja-se a continuação. E isso é feito por todo escritor profissional.

   A revisão em processo e a final são passos fundamentais para conseguir de fato uma boa escrita. Nesse sentido, a maneira como você escreve e revisa no quadro-negro, por exemplo, pode colaborar para que a criança o tome como modelo e se familiarize com o procedimento. Sobre o assunto, Mirta Castedo escreve em sua tese de doutorado: “Os bons escritores adultos (...) são pessoas que pensam sobre o que vão escrever, colocam em palavras e voltam sobre o já produzido para julgar sua adequação. Mas, acima de tudo, não realizam as três ações (planejar, escrever e revisar) de maneira sucessiva: vão e voltam de umas a outras, desenvolvendo um complexo processo de transformação de seus conhecimentos em um texto”.


GURGEL, Thaís. Revista Nova Escola. Escrever de verdade - produção de textoAdaptado. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/producao-de-texto/revisao-alem-ortografia.shtml - Acesso em 25 de outubro de 2016 

Releia “Por um semestre, todos se dedicaram a um projeto sobre a história das famílias, que culminou na publicação de um livro, distribuído também para os pais. Dentro desse contexto, Ana Clara propôs a leitura de contos em que escritores narram histórias da própria infância.” (3º parágrafo). No trecho em destaque, o termo em negrito retoma o projeto do semestre. Assinale o item que aponta, CORRETAMENTE, o elemento retomado pela expressão em negrito nos trechos que seguem.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773026 Português
Leia os TEXTO 11 para responder à questão.

TEXTO 11
CATAR FEIJÃO 
1.
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco. 

MELO NETO, João Cabral. A educação pela pedra: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996 
Como ideia principal do TEXTO 11, podemos considerar que
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773027 Português
Leia os TEXTO 11 para responder à questão.

TEXTO 11
CATAR FEIJÃO 
1.
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco. 

MELO NETO, João Cabral. A educação pela pedra: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996 
O TEXTO 11 é um poema e, como tal, guarda diferenças em relação a textos em prosa. No processo de revisão, diante do texto poético, há que se atentar para tais especificidades. Com relação a isso, assinale o item que apresenta uma das principais diferenças entre o texto em verso e o texto em prosa.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773028 Português
Leia os TEXTO 11 para responder à questão.

TEXTO 11
CATAR FEIJÃO 
1.
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco. 

MELO NETO, João Cabral. A educação pela pedra: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996 
Os pronomes estabelecem papel importante de retomada e substituição de termos nos textos. Assinale o item em que temos o termo sublinhado exercendo função de pronome.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773029 Português
Leia o TEXTO 12 para responder à questão.

TEXTO 12
QUESTÃO SEMÂNTICA?

  Quando polemistas dizem que uma questão é “semântica”, querem dizer que ela é secundária. Pensam que há uma ‘coisa’ no mundo e que é ela que interessa. Os nomes que a designam seriam ou irrelevantes ou estariam errados. Políticos e economistas são os militantes que mais caem nessa armadilha.
  Qualquer interessado por questões como a relação entre língua, cultura, linguagem e ideologia, e – o que pode surpreender – pela linguagem científica, logo percebe que a questão semântica é fundamental.
  Não há como ter acesso às coisas a não ser por meio das palavras. É por essa razão que cientistas são grandes usuários de metáforas para designar ou explicar ‘fatos’ (é uma forma de ‘aproximá-los’ do conhecimento anterior ou mesmo do senso comum).
  Os fatos precisam de uma linguagem para ser expressos. E a linguagem pode enganar. Para fugir a esse problema, muitos cientistas ‘matematizam’ seus textos, por considerar que assim evitam o problema, ou que o superam. 
  Daí por que, de vez em quando, estudiosos, ensaístas, articulistas etc. tentam definir de novo velhas palavras, que, eles acham, perderam o rumo. Vejamos um exemplo.
  No dia 06/06/2014 (Folha de S. Paulo, caderno ‘Mundo’), Marcos Troyjo apresentou sua avaliação das palavras ‘conservador’ e ‘progressista’. Elencou algumas variações e exemplos.
Essas palavras já opuseram monarquistas a constitucionalistas, escravocratas a burgueses liberais, disse ele, acrescentando que os conceitos se embaralharam ao longo do tempo. Desfez-se a oposição entre manter privilégios econômicos e rearrumar as “camadas tectônicas” do status quo – são outras de suas palavras.
  Atualmente, acrescenta, a dualidade reaparece na retórica “progressista”; sua “arenga” combate injustiças sociais (fruto do conservadorismo, explico ao leitor) e forças da globalização (nada progressistas; idem). É uma avaliação que ele defenderia como objetiva.  
  Mas o emprego do termo negativo ‘arenga’ para referir-se à retórica progressista (isto é, que os outros consideram progressista) denuncia a posição ideológica de Troyjo. Ele não qualificaria como ‘arenga’ um discurso contrário ao regime político chinês ou cubano ou venezuelano.
 Vejamos um pouco mais de perto a palavra ‘conservador’, consultando um dicionário. Bons dicionários não só registram mais palavras, como também mais sentidos para cada palavra – o que, em geral, derruba as teses dos que defendem UM sentido para elas.
  É comum que dicionários apresentem como primeiras definições os sentidos mais antigos ou mais literais. Um exemplo é a primeira definição de ‘conservador’ fornecida pelo dicionário Houaiss: o que conserva (ver abaixo).
  Como o leitor pode não ser um frequentador de dicionários (além de, eventualmente, pensar que cada palavra tem ou deveria ter só um sentido), transcrevo a totalidade do verbete em questão do Houaiss e comento alguns aspectos que me parecem os mais relevantes.
  Para Troyjo, de certa forma, a melhor definição de ‘conservador’ é a literal, ou alguma bem próxima (que conserva). Por isso, diz que conservadores adotam posições diferentes conforme seja diferente a situação que defendem.
  Vamos ao verbete ‘conservador’. A definição geral é literal, como se pode ver (sempre que ocorrer c., leia-se ‘conservador’): o que conserva.
1 o que preserva de alteração, deterioração ou extinção.
1.1 Rubrica: química. substância química adicionada a produtos alimentícios para prevenir oxidação, fermentação ou outra deterioração usual, inibindo a proliferação de bactérias; conservante.
2 aquele que defende ideias, valores e costumes ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração da situação que se atravessa, do que é tradicional ou da ordem estabelecida. Ex.: é um c. em moda.
2.1 (1890) Aquele que defende a manutenção do status quo político-social Ex.: um c. fascista
2.2 Uso: pejorativo. Aquele que propugna pelo autoritarismo e é favorável à tradição, seja monárquica, eclesiástica ou liberalista nas suas formas burguesa e oligárquica, demonstrando hostilidade a inovações na moral e nas instituições Ex.: um c. empedernido 
2.3 Uso: pejorativo. Membro de partido político conservador ou que apoia a filosofia política de tais partidos.
2.3.1membro ou apoiante do Partido Conservador inglês.
3 Derivação: por extensão de sentido. Uso: pejorativo. O que é moderado, discreto, cauteloso.
4 Uso: pejorativo. Quem é tradicional em questões de gosto, elegância, estilo ou maneiras Ex.: ele é um c. no ramo da alta-costura
5 funcionário superior encarregado da guarda, administração e conservação de bens, monumentos e objetos pertencentes a instituições, públicas ou privadas, ou ao Estado, como museus, bibliotecas etc. (Obs.: ver uso a seguir) Ex.: contrataram um novo c. para o museu.
6 funcionário público encarregado do registro de compras, vendas e hipotecas de imóveis Ex.: os c. do registro civil. 
7 Rubrica: termo jurídico. Diacronismo: antigo. juiz que administrava a justiça de uma corporação e fazia a guarda dos seus privilégios adjetivo 
8 que conserva a Ex.:<as virtudes c. do formol> <instinto c.> <princípio c.>
9 caracterizado pela moderação ou prudência a Ex.:<um traje c.> <uma estimativa c.>
10 cujas ideias, valores e costumes são ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração do que é tradicional ou da ordem estabelecida a Ex.:<espírito c.> <um político c.> 
11 Rubrica: linguística. Diz-se de língua ou dialeto que sofreu menos mudanças, relativamente a outros provindos da mesma língua-mãe. 


Perspectiva ideológica
  Como se vê, há acepções para quase todos os gostos. Destaco algumas, até porque podem parecer contraditórias. O sentido 2.1 não é necessariamente uma espécie do ‘gênero’ sentido 2, como a enumeração dá a entender, porque os sentidos de 2 e de 2.1 são bastante diferentes: uma coisa é defender ideias ultrapassadas (quem as definiria assim?), outra é defender o status quo (definição próxima da de Troyjo). 
  Comparem-se essas acepções com 2.2: nenhuma daquelas têm a ver com defesa do autoritarismo. Alguém pode defender o status quo de forma democrática e tolerante.
  A acepção 10 dá conta de muitos empregos da palavra. É talvez a definição mais abrangente (não importando tanto se é adjetivo ou substantivo). Ela pode valer para questões políticas e também, por exemplo, para a moda (um conservador pode ser contra saias curtas), para direitos iguais para grupos ou pessoas diferentes (cotas na universidade, união civil de homossexuais, acessibilidade especial para portadores de necessidades especiais, por exemplo) ou mesmo para greves ou manifestações de rua. 
  Veja-se, por curiosa, talvez, a acepção 3: conservador não dá bandeira, é discreto, moderado, cauteloso (não usa óculos coloridos e bermudas floridas).
  Voltando à coluna de Troyjo: ele defendeu (legitimamente) um dicionário próprio, ou melhor, de interesse de uma perspectiva ideológica.
  Todas as ideologias fazem o mesmo, é claro. O que é fácil de ver, mas difícil de reconhecer. Cada locutor acredita que sua ideologia não é ideologia e que, portanto, suas palavras vão diretamente para as coisas.
  O caso comentado é só um entre milhares. Quem é ‘terrorista’? Quem é ‘bandido’ e quem é ‘jovem desajustado’? É uma ‘invasão’ ou uma ‘ocupação’? Foram ‘passeatas’ ou ‘manifestações’? Cogita-se ‘regulação da mídia’ ou ‘censura’? Cada grupo tem que pensar que é ele que se refere verdadeiramente às coisas.

POSSENTI, Sírio. Questão semântica? Observatório da Imprensa. Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/_ed833 Acesso em 23 out 2016.
Acerca do TEXTO 12, podemos afirmar que
Alternativas
Respostas
16: A
17: B
18: A
19: X
20: D