Questões de Concurso Público IFB 2023 para Professor - Cinematografia

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Q2066835 Português

Pomar do cerrado


          Quando visitou Brasília na década de 1970, Clarice Lispector escreveu que as árvores da nova capital eram mirradinhas e pareciam de plástico. Mas se ela voltasse à cidade nos dias de hoje ficaria surpresa. As árvores floresceram, se tornaram frondosas, abrigam sombras, produzem flores e frutos. É possível fazer até um calendário floral.

       A Novacap plantou muitas espécies, estrangeiras, que se aclimataram à região e, por assim dizer, ganharam cidadania cerratense. Além disso, os brasilienses de outros estados também pontilharam Brasília de mangueiras, amoreiras, jaqueiras, pitangueiras, abacateiros, entre outros. Cada um introduziu a fruta preferida de sua região.

       Então, é uma criação coletiva que contribuiu para consolidar a cidade-parque. Apanhei muitas frutas para os meus filhos quando eram pequenos. Era uma festa topar com as amoreiras do Eixão aos domingos. Esse é um dos aspectos mais singulares e agradáveis da cidade. O biólogo e pesquisador Marcelo Kuhlman é apaixonado por qualquer espécie de planta e nada tem contra o plantio de árvores exóticas em áreas urbanas e reverencia a cidade-parque, mas levanta uma questão importante: a maior ameaça ao cerrado é o desconhecimento e a desvalorização. Por isso, ele propõe que sejam plantadas árvores frutíferas nativas no Plano Piloto e nas cidades-satélites.

        Espécies nativas de frutos do cerrado possuem a vantagem de já estarem adaptadas ao clima e ao solo local, são riquíssimas em nutrientes e ainda servem de alimento para a fauna nativa, como diversas espécies de aves, argumenta Kuhlman. E continua: o plantio de espécies como pequi, mangaba, araticum, jatobá, cagaita, murici e bacupari em áreas urbanas também valorizaria a flora local, que é um patrimônio genético e cultural da nossa região. Se a população desconhece as plantas que estão no seu quintal, a tendência é de que essas espécies caiam no esquecimento.

     Realmente, nos tempos de criança e adolescente, bastava dar um passo que eu estava em pleno cerrado. Catei muito pequi, cajuzinho, araticum e cagaita. Mas, agora, compro pequi à beira da estrada e, quando pergunto de onde vem, quase sempre a resposta é: de Minas Gerais. Com o crescimento urbano desordenado, essas espécies desapareceram das cercanias de Brasília.

        Atualmente, só é possível uma imersão no cerrado em áreas restritas como o Jardim Botânico ou o Parque Nacional. Seria preciso estender o acesso a todos os brasilienses. É necessário haver envolvimento da população em geral para que se possa despertar o interesse das pessoas e reconhecermos que a conservação do cerrado e das suas espécies depende de todos nós, diz Kuhlman sobre a utopia de transformar Brasília em cidade-pomar.

Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2019/12/22/interna_cidadesdf,815959/cronica-da-cidade.shtml. Adaptado.

Sobre o emprego do hífen, analise as afirmações a seguir e a relação proposta entre elas.
I – Empregou-se o hífen em “cidade-parque” por se tratar de uma locução substantiva, diferentemente, do hífen em “cidades-satélites”
PORQUE,
II – nesta última palavra, o emprego se refere a um composto adjetivo.

Sobre as asserções, é correto afirmar que
Alternativas
Respostas
1: A