“Jamais parece ter havido, nem até uma época bastante próxima de nós, nem nas sociedades
muito erradamente confundidas sob o nome de primitivas ou inferiores, algo que se assemelhasse
ao que chamam a Economia natural. (...) Nas economias e nos direitos que precederam os nossos,
nunca se constatam, por assim dizer, simples trocas de bens, de riquezas e de produtos num
mercado estabelecido entre os indivíduos. Em primeiro lugar, não são indivíduos, são
coletividades que se obrigam mutuamente, trocam e contratam; as pessoas presentes ao contrato
são pessoas morais: clãs, tribos, famílias, que se enfrentam e se opõem seja em grupos frente a
frente num terreno, seja por intermédio de seus chefes, seja ainda dessas duas maneiras ao
mesmo tempo”.
(MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a Dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas” In: M. Mauss.
Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2003, p. 189-190.)
Este trecho de abertura do famoso ensaio do antropólogo francês Marcel Mauss encaminha a
reflexão sobre o sentido das trocas materiais entre os povos da Polinésia, da Melanésia e do
Noroeste Norte-Americano, como sendo