Questões de Concurso Público MAPA 2023 para Farmacêutico

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Q2349809 Português

Para compreender a “Améfrica” e o “pretuguês”

Em texto de 1980, mas surpreendentemente atual, historiadora expõe contradição central na vida brasileira: mulheres negras são reduzidas a “mulatas, domésticas ou mães pretas”; mas sua presença deu forma e sentido ao país


         Foi então que uns brancos muito legais convidaram a gente prá uma festa deles, dizendo que era prá gente também. Negócio de livro sobre a gente, a gente foi muito bem recebido e tratado com toda consideração. Chamaram até prá sentar na mesa onde eles tavam sentados, fazendo discurso bonito, dizendo que a gente era oprimido, discriminado, explorado. Eram todos gente fina, educada, viajada por esse mundo de Deus. Sabiam das coisas. E a gente foi sentar lá na mesa. Só que tava cheia de gente que não deu prá gente sentar junto com eles. Mas a gente se arrumou muito bem, procurando umas cadeiras e sentando bem atrás deles. Eles tavam tão ocupados, ensinando um monte de coisa pro crioléu da plateia, que nem repararam que se apertasse um pouco até que dava prá abrir um espaçozinho e todo mundo sentar junto na mesa. Mas a festa foi eles que fizeram, e a gente não podia bagunçar com essa de chega prá cá, chega prá lá. A gente tinha que ser educado. E era discurso e mais discurso, tudo com muito aplauso. Foi aí que a neguinha que tava sentada com a gente, deu uma de atrevida. Tinham chamado ela prá responder uma pergunta. Ela se levantou, foi lá na mesa prá falar no microfone e começou a reclamar por causa de certas coisas que tavam acontecendo na festa. Tava armada a quizumba. A negrada parecia que tava esperando por isso prá bagunçar tudo. E era um tal de falar alto, gritar, vaiar, que nem dava prá ouvir discurso nenhum. Tá na cara que os brancos ficaram brancos de raiva e com razão. Tinham chamado a gente prá festa de um livro que falava da gente e a gente se comportava daquele jeito, catimbando a discurseira deles. Onde já se viu? Se eles sabiam da gente mais do que a gente mesmo? Se tavam ali, na maior boa vontade, ensinando uma porção de coisa prá gente da gente? Teve uma hora que não deu prá aguentar aquela zoada toda da negrada ignorante e mal educada. Era demais. Foi aí que um branco enfezado partiu prá cima de um crioulo que tinha pegado no microfone prá falar contra os brancos. E a festa acabou em briga… Agora, aqui prá nós, quem teve a culpa? Aquela neguinha atrevida, ora. Se não tivesse dado com a língua nos dentes… Agora tá queimada entre os brancos. Malham ela até hoje. Também quem mandou não saber se comportar? Não é a toa que eles vivem dizendo que “preto quando não caga na entrada, caga na saída”. 


GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Disponível em: <https://outraspalavras.net/eurocentrismoemxeque/para-compreender-a-

amefrica-e-o-pretugues/>. Acesso em: 10 nov. 2023. [Adaptado].

Ainda no texto, ‘quizumba’ e ‘catimbando’ são exemplos de palavras de origem africana que foram incorporadas ao vocabulário da língua portuguesa. Qual é o processo linguístico que estuda e explica historicamente essa incorporação ao nosso vocabulário?
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Q2349815 Português
Gal, Gracinha, Tropical, Fatal  
O canto de Gal esteve por toda parte desde os anos 60,
escutá-la nos faz acreditar no que é lindo

Pedro Duarte

      Imensa, Gal nos deixa muito. Nelson Motta chamou a atenção para como, já no começo de sua trajetória, havia a voz de veludo e a voz de cristal, com afinação impressionante, mas também a voz de labaredas. No disco de estreia, Domingo, de 1967, junto com Caetano, a voz de veludo vinha da Bossa Nova. “João bateu em mim como um destino”, ela dizia. Na participação no Tropicalismo, como em “Mamãe coragem”, era a voz cristalina, lírica. E depois aparece a voz de labaredas em “Divino maravilhoso”. Era novembro de 1968, em um festival da canção televisionado. Gal subiu ao palco, e a garota tímida que era não subiu junto. Os arranjos de Gil, a extravagância na roupa e um cabelo black power ressaltavam os agudos e berros. Ruído na música. Expansiva, desafiadora e dionisíaca, Gal se impôs ao público dividido entre aplausos e vaias. Ela conta que aprendeu a defender o que fazia, olhando direto e firme para quem a atacava. “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”, canta o refrão que pede atenção: tudo é divino e maravilhoso, tudo é perigoso. Gracinha, Maria das Graças, como foi conhecida no início, mudava. Seu nome agora seria Gal. Ela devorou antropofagicamente o rock e Janis Joplin. Depois que Caetano e Gil foram presos e exilados, Gal ficou no Brasil e se tornou uma representante dessa geração.


Disponível em:<https://www.quatrocincoum.com.br/br/artigos/musica/gal-
gracinha-tropical-fatal>. Acesso em: 14 nov. 2023. 
A resenha crítica, um gênero textual que tem por função não só levar informação ao leitor, mas conduzi-lo a uma reflexão sobre a obra que se quer analisar, explora determinadas classes de palavras que funcionam como modalizadores do gênero. O texto destacado explora
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Respostas
1: D
2: B