Questões de Concurso Público Prefeitura de Catolé do Rocha - PB 2023 para Agente Comunitário de Saúde

Foram encontradas 15 questões

Q2125012 Português
Texto 2:

Entrevista


Virgílio Almeida: Pensador do mundo digital
Cientista da computação alerta para o risco de a internet e suas ferramentas digitais
 aumentarem a discriminação e a desigualdade social.


Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP
Edição 319
set. 2022

       Ao longo deste ano e até abril do próximo, o engenheiro e cientista da computação Virgílio Augusto Fernandes Almeida vai examinar, como pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), as vantagens e as desvantagens da interação entre as pessoas e os algoritmos, que captam e filtram informações da internet, selecionam notícias, recomendam filmes, decidem sobre a qualidade do tratamento médico para cada paciente, enfim, influenciam e, por vezes, moldam a ação humana e a organização social (ver Pesquisa FAPESPno 266).
       Professor emérito do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor associado do Centro Berkman Klein para Internet e Sociedade, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ele tem olhado há anos com desconfiança para os algoritmos – mais recentemente, com colegas da ciência política. Como secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), cargo que ocupou entre 2011 e 2016, e coordenador do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), esse mineiro de Belo Horizonte participou da elaboração das regras que organizaram o mundo digital no país e acompanhou a gestação do Marco Civil da Internet, aprovado em 2014.
              [...]
             Já há princípios nessa nova ordem digital?
        Alguns países estão formulando regras. A União Europeia criou uma legislação, a Digital Service Act, que ainda não entrou em vigor. A Alemanha definiu o que é conteúdo ilegal on-line; o país já tinha uma regulação voltada ao off-line, por causa do nazismo. Um fundamento na Europa é: os direitos e as responsabilidades off-line têm de permanecer no on-line. No Brasil, o PL 2.630 [Projeto de Lei nº 2.630/20, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet] estabelece esses limites, mas parou no Congresso. O que tenho visto é que as crises que fazem as coisas andarem. O Marco Civil da Internet saiu depois que o Edward Snowden vazou informações de segurança dos Estados Unidos em 2013 e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais depois do caso da Cambridge Analítica [empresa britânica que em 2014 recolheu informações de até 87 milhões de usuários do Facebook e as utilizou para influenciar a opinião de eleitores em vários países]. As regras também têm de ter uma dosagem porque, se você define certos conteúdos como ilegais, pode ser que as empresas de tecnologia, com receio de multas ou de penalidades, se antecipem, comecem a barrá-los e passem a exercer censura política ou econômica.

       Para governar o espaço digital, temos de reunir todos os participantes, governo, empresas e sociedade civil

           [...]
           O que é a neutralidade de rede?
      As comunicações na internet utilizam protocolos chamados TCP/IP [protocolo de controle de transmissão/protocolo da internet]. Os conteúdos são quebrados em pequenos pacotes e transitam pela rede. Têm origem e destino. A neutralidade de rede implica que as empresas por onde passam os pacotes não podem tratar diferentemente os pacotes em razão da origem ou do destino. Elas têm que ser neutras, não podem interferir. Na época isso era importante porque estabelecia que uma empresa de telecomunicação não poderia bloquear o Skype, por exemplo, mesmo se concorresse com o serviço dela de voz. Outra preocupação é que essas empresas não poderiam dar um tratamento especial a um determinado serviço ou outro.

        Quero identificar formas de colaboração que preservem a individualidade e não deixem o algoritmo fazer tudo

           As empresas aceitaram a neutralidade?
      Foi uma negociação difícil, mas o Marco Civil da Internet dava uma garantia às empresas, porque gerou um ambiente estável e seguro. Estava na lei que qualquer conteúdo só poderia ser removido com uma ordem judicial. Se não fosse o marco civil, a confusão na eleição de 2018 poderia ser ainda maior, porque um político poderia querer tirar da internet um conteúdo que o desagradasse. O Brasil foi um dos pioneiros na neutralidade de rede e na organização multissetorial da internet. Tínhamos um prestígio imenso. À NETmundial, compareceram 1.100 pessoas, de mais de 100 países, ministros de Estado e 100 jornalistas internacionais. Os debates eram ao vivo e havia 30 hubs internacionais. Os grupos discutiam os temas sempre em salas separadas e a tela onde se faziam as alterações de textos era projetada para todo mundo ver o que estava sendo operado. Nas reuniões formais, tinha um palco grande com quatro microfones: um para representantes dos governos, um para o setor privado, um para a sociedade civil e outro para a comunidade técnica e acadêmica. Se alguém de um governo falava, o próximo não poderia ser de outro governo, teria de esperar os representantes dos outros três setores. 
 
Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br.
A entrevista em foco consegue reunir duas pessoas, com o objetivo de alertar sobre o uso de ferramentas digitais. Acerca do diálogo estabelecido, assinale a sequência CORRETA de (V) verdadeiro e (F) falso. 

I- O entrevistador do texto procura estabelecer um diálogo com seu entrevistado e marca essa interação, por exemplo, com o uso de perguntas.
II- A autoridade social do entrevistado é apresentada, sobretudo, nos parágrafos iniciais da entrevista.
III- O diálogo recupera a informação de que Virgílio Augusto Fernandes Almeida participou da elaboração do Marco Civil da Internet.

É CORRETO o que se afirma em: 
Alternativas
Q2125013 Português
Texto 2:

Entrevista


Virgílio Almeida: Pensador do mundo digital
Cientista da computação alerta para o risco de a internet e suas ferramentas digitais
 aumentarem a discriminação e a desigualdade social.


Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP
Edição 319
set. 2022

       Ao longo deste ano e até abril do próximo, o engenheiro e cientista da computação Virgílio Augusto Fernandes Almeida vai examinar, como pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), as vantagens e as desvantagens da interação entre as pessoas e os algoritmos, que captam e filtram informações da internet, selecionam notícias, recomendam filmes, decidem sobre a qualidade do tratamento médico para cada paciente, enfim, influenciam e, por vezes, moldam a ação humana e a organização social (ver Pesquisa FAPESPno 266).
       Professor emérito do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor associado do Centro Berkman Klein para Internet e Sociedade, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ele tem olhado há anos com desconfiança para os algoritmos – mais recentemente, com colegas da ciência política. Como secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), cargo que ocupou entre 2011 e 2016, e coordenador do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), esse mineiro de Belo Horizonte participou da elaboração das regras que organizaram o mundo digital no país e acompanhou a gestação do Marco Civil da Internet, aprovado em 2014.
              [...]
             Já há princípios nessa nova ordem digital?
        Alguns países estão formulando regras. A União Europeia criou uma legislação, a Digital Service Act, que ainda não entrou em vigor. A Alemanha definiu o que é conteúdo ilegal on-line; o país já tinha uma regulação voltada ao off-line, por causa do nazismo. Um fundamento na Europa é: os direitos e as responsabilidades off-line têm de permanecer no on-line. No Brasil, o PL 2.630 [Projeto de Lei nº 2.630/20, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet] estabelece esses limites, mas parou no Congresso. O que tenho visto é que as crises que fazem as coisas andarem. O Marco Civil da Internet saiu depois que o Edward Snowden vazou informações de segurança dos Estados Unidos em 2013 e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais depois do caso da Cambridge Analítica [empresa britânica que em 2014 recolheu informações de até 87 milhões de usuários do Facebook e as utilizou para influenciar a opinião de eleitores em vários países]. As regras também têm de ter uma dosagem porque, se você define certos conteúdos como ilegais, pode ser que as empresas de tecnologia, com receio de multas ou de penalidades, se antecipem, comecem a barrá-los e passem a exercer censura política ou econômica.

       Para governar o espaço digital, temos de reunir todos os participantes, governo, empresas e sociedade civil

           [...]
           O que é a neutralidade de rede?
      As comunicações na internet utilizam protocolos chamados TCP/IP [protocolo de controle de transmissão/protocolo da internet]. Os conteúdos são quebrados em pequenos pacotes e transitam pela rede. Têm origem e destino. A neutralidade de rede implica que as empresas por onde passam os pacotes não podem tratar diferentemente os pacotes em razão da origem ou do destino. Elas têm que ser neutras, não podem interferir. Na época isso era importante porque estabelecia que uma empresa de telecomunicação não poderia bloquear o Skype, por exemplo, mesmo se concorresse com o serviço dela de voz. Outra preocupação é que essas empresas não poderiam dar um tratamento especial a um determinado serviço ou outro.

        Quero identificar formas de colaboração que preservem a individualidade e não deixem o algoritmo fazer tudo

           As empresas aceitaram a neutralidade?
      Foi uma negociação difícil, mas o Marco Civil da Internet dava uma garantia às empresas, porque gerou um ambiente estável e seguro. Estava na lei que qualquer conteúdo só poderia ser removido com uma ordem judicial. Se não fosse o marco civil, a confusão na eleição de 2018 poderia ser ainda maior, porque um político poderia querer tirar da internet um conteúdo que o desagradasse. O Brasil foi um dos pioneiros na neutralidade de rede e na organização multissetorial da internet. Tínhamos um prestígio imenso. À NETmundial, compareceram 1.100 pessoas, de mais de 100 países, ministros de Estado e 100 jornalistas internacionais. Os debates eram ao vivo e havia 30 hubs internacionais. Os grupos discutiam os temas sempre em salas separadas e a tela onde se faziam as alterações de textos era projetada para todo mundo ver o que estava sendo operado. Nas reuniões formais, tinha um palco grande com quatro microfones: um para representantes dos governos, um para o setor privado, um para a sociedade civil e outro para a comunidade técnica e acadêmica. Se alguém de um governo falava, o próximo não poderia ser de outro governo, teria de esperar os representantes dos outros três setores. 
 
Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br.
Na entrevista, o diálogo introduzido/desenvolvido pode ser acompanhado pelos leitores da Revista de Pesquisa da Fapesp, especialmente porque o referido gênero é estruturado por meio de mecanismos de conexão. No encadeamento argumentativo amarrado no texto, argumentos são expostos e são ativados os conhecimentos sobre estes. Com base nisso, assinale a alternativa CORRETA. 
Alternativas
Q2125014 Português
Texto 2:

Entrevista


Virgílio Almeida: Pensador do mundo digital
Cientista da computação alerta para o risco de a internet e suas ferramentas digitais
 aumentarem a discriminação e a desigualdade social.


Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP
Edição 319
set. 2022

       Ao longo deste ano e até abril do próximo, o engenheiro e cientista da computação Virgílio Augusto Fernandes Almeida vai examinar, como pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), as vantagens e as desvantagens da interação entre as pessoas e os algoritmos, que captam e filtram informações da internet, selecionam notícias, recomendam filmes, decidem sobre a qualidade do tratamento médico para cada paciente, enfim, influenciam e, por vezes, moldam a ação humana e a organização social (ver Pesquisa FAPESPno 266).
       Professor emérito do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor associado do Centro Berkman Klein para Internet e Sociedade, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ele tem olhado há anos com desconfiança para os algoritmos – mais recentemente, com colegas da ciência política. Como secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), cargo que ocupou entre 2011 e 2016, e coordenador do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), esse mineiro de Belo Horizonte participou da elaboração das regras que organizaram o mundo digital no país e acompanhou a gestação do Marco Civil da Internet, aprovado em 2014.
              [...]
             Já há princípios nessa nova ordem digital?
        Alguns países estão formulando regras. A União Europeia criou uma legislação, a Digital Service Act, que ainda não entrou em vigor. A Alemanha definiu o que é conteúdo ilegal on-line; o país já tinha uma regulação voltada ao off-line, por causa do nazismo. Um fundamento na Europa é: os direitos e as responsabilidades off-line têm de permanecer no on-line. No Brasil, o PL 2.630 [Projeto de Lei nº 2.630/20, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet] estabelece esses limites, mas parou no Congresso. O que tenho visto é que as crises que fazem as coisas andarem. O Marco Civil da Internet saiu depois que o Edward Snowden vazou informações de segurança dos Estados Unidos em 2013 e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais depois do caso da Cambridge Analítica [empresa britânica que em 2014 recolheu informações de até 87 milhões de usuários do Facebook e as utilizou para influenciar a opinião de eleitores em vários países]. As regras também têm de ter uma dosagem porque, se você define certos conteúdos como ilegais, pode ser que as empresas de tecnologia, com receio de multas ou de penalidades, se antecipem, comecem a barrá-los e passem a exercer censura política ou econômica.

       Para governar o espaço digital, temos de reunir todos os participantes, governo, empresas e sociedade civil

           [...]
           O que é a neutralidade de rede?
      As comunicações na internet utilizam protocolos chamados TCP/IP [protocolo de controle de transmissão/protocolo da internet]. Os conteúdos são quebrados em pequenos pacotes e transitam pela rede. Têm origem e destino. A neutralidade de rede implica que as empresas por onde passam os pacotes não podem tratar diferentemente os pacotes em razão da origem ou do destino. Elas têm que ser neutras, não podem interferir. Na época isso era importante porque estabelecia que uma empresa de telecomunicação não poderia bloquear o Skype, por exemplo, mesmo se concorresse com o serviço dela de voz. Outra preocupação é que essas empresas não poderiam dar um tratamento especial a um determinado serviço ou outro.

        Quero identificar formas de colaboração que preservem a individualidade e não deixem o algoritmo fazer tudo

           As empresas aceitaram a neutralidade?
      Foi uma negociação difícil, mas o Marco Civil da Internet dava uma garantia às empresas, porque gerou um ambiente estável e seguro. Estava na lei que qualquer conteúdo só poderia ser removido com uma ordem judicial. Se não fosse o marco civil, a confusão na eleição de 2018 poderia ser ainda maior, porque um político poderia querer tirar da internet um conteúdo que o desagradasse. O Brasil foi um dos pioneiros na neutralidade de rede e na organização multissetorial da internet. Tínhamos um prestígio imenso. À NETmundial, compareceram 1.100 pessoas, de mais de 100 países, ministros de Estado e 100 jornalistas internacionais. Os debates eram ao vivo e havia 30 hubs internacionais. Os grupos discutiam os temas sempre em salas separadas e a tela onde se faziam as alterações de textos era projetada para todo mundo ver o que estava sendo operado. Nas reuniões formais, tinha um palco grande com quatro microfones: um para representantes dos governos, um para o setor privado, um para a sociedade civil e outro para a comunidade técnica e acadêmica. Se alguém de um governo falava, o próximo não poderia ser de outro governo, teria de esperar os representantes dos outros três setores. 
 
Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br.
Uma gramática tradicional define/distingue os modos (indicativo, subjuntivo e imperativo) de um verbo/ de uma locução verbal. A definição requer um conhecimento de critérios sintáticos, semânticos e pragmáticos. Com base nisso, marque a alternativa com a explicação CORRETA para o modo destes (identifique-os) verbos/ destas locuções, os quais são empregados na referida entrevista e expostos a seguir.

“o engenheiro e cientista da computação Virgílio Augusto Fernandes Almeida vai examinar” 
“As comunicações na internet utilizam protocolos”
“Os conteúdos são quebrados em pequenos pacotes”
“o Marco Civil da Internet dava uma garantia às empresas” 
Alternativas
Q2125015 Português
Texto 2:

Entrevista


Virgílio Almeida: Pensador do mundo digital
Cientista da computação alerta para o risco de a internet e suas ferramentas digitais
 aumentarem a discriminação e a desigualdade social.


Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP
Edição 319
set. 2022

       Ao longo deste ano e até abril do próximo, o engenheiro e cientista da computação Virgílio Augusto Fernandes Almeida vai examinar, como pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), as vantagens e as desvantagens da interação entre as pessoas e os algoritmos, que captam e filtram informações da internet, selecionam notícias, recomendam filmes, decidem sobre a qualidade do tratamento médico para cada paciente, enfim, influenciam e, por vezes, moldam a ação humana e a organização social (ver Pesquisa FAPESPno 266).
       Professor emérito do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor associado do Centro Berkman Klein para Internet e Sociedade, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ele tem olhado há anos com desconfiança para os algoritmos – mais recentemente, com colegas da ciência política. Como secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), cargo que ocupou entre 2011 e 2016, e coordenador do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), esse mineiro de Belo Horizonte participou da elaboração das regras que organizaram o mundo digital no país e acompanhou a gestação do Marco Civil da Internet, aprovado em 2014.
              [...]
             Já há princípios nessa nova ordem digital?
        Alguns países estão formulando regras. A União Europeia criou uma legislação, a Digital Service Act, que ainda não entrou em vigor. A Alemanha definiu o que é conteúdo ilegal on-line; o país já tinha uma regulação voltada ao off-line, por causa do nazismo. Um fundamento na Europa é: os direitos e as responsabilidades off-line têm de permanecer no on-line. No Brasil, o PL 2.630 [Projeto de Lei nº 2.630/20, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet] estabelece esses limites, mas parou no Congresso. O que tenho visto é que as crises que fazem as coisas andarem. O Marco Civil da Internet saiu depois que o Edward Snowden vazou informações de segurança dos Estados Unidos em 2013 e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais depois do caso da Cambridge Analítica [empresa britânica que em 2014 recolheu informações de até 87 milhões de usuários do Facebook e as utilizou para influenciar a opinião de eleitores em vários países]. As regras também têm de ter uma dosagem porque, se você define certos conteúdos como ilegais, pode ser que as empresas de tecnologia, com receio de multas ou de penalidades, se antecipem, comecem a barrá-los e passem a exercer censura política ou econômica.

       Para governar o espaço digital, temos de reunir todos os participantes, governo, empresas e sociedade civil

           [...]
           O que é a neutralidade de rede?
      As comunicações na internet utilizam protocolos chamados TCP/IP [protocolo de controle de transmissão/protocolo da internet]. Os conteúdos são quebrados em pequenos pacotes e transitam pela rede. Têm origem e destino. A neutralidade de rede implica que as empresas por onde passam os pacotes não podem tratar diferentemente os pacotes em razão da origem ou do destino. Elas têm que ser neutras, não podem interferir. Na época isso era importante porque estabelecia que uma empresa de telecomunicação não poderia bloquear o Skype, por exemplo, mesmo se concorresse com o serviço dela de voz. Outra preocupação é que essas empresas não poderiam dar um tratamento especial a um determinado serviço ou outro.

        Quero identificar formas de colaboração que preservem a individualidade e não deixem o algoritmo fazer tudo

           As empresas aceitaram a neutralidade?
      Foi uma negociação difícil, mas o Marco Civil da Internet dava uma garantia às empresas, porque gerou um ambiente estável e seguro. Estava na lei que qualquer conteúdo só poderia ser removido com uma ordem judicial. Se não fosse o marco civil, a confusão na eleição de 2018 poderia ser ainda maior, porque um político poderia querer tirar da internet um conteúdo que o desagradasse. O Brasil foi um dos pioneiros na neutralidade de rede e na organização multissetorial da internet. Tínhamos um prestígio imenso. À NETmundial, compareceram 1.100 pessoas, de mais de 100 países, ministros de Estado e 100 jornalistas internacionais. Os debates eram ao vivo e havia 30 hubs internacionais. Os grupos discutiam os temas sempre em salas separadas e a tela onde se faziam as alterações de textos era projetada para todo mundo ver o que estava sendo operado. Nas reuniões formais, tinha um palco grande com quatro microfones: um para representantes dos governos, um para o setor privado, um para a sociedade civil e outro para a comunidade técnica e acadêmica. Se alguém de um governo falava, o próximo não poderia ser de outro governo, teria de esperar os representantes dos outros três setores. 
 
Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br.
Os termos regentes e os regidos estabelecem entre si relações de dependência sintático-semânticas, no interior das e entre as unidades morfossintáticas. Ao saber dessa relação necessária, estabeleça, no seguinte quadro, a correspondência entre os termos em destaque e a descrição da regência empregada.

( ) participou da elaboração das regras ( ) transitam pela rede ( ) dava uma garantia às empresas ( ) estava na lei

1. Regência de um constituinte locativo abstrato, encabeçado pela preposição em2. Regência de um objeto direto e de um indireto. 3. Regência de um constituinte nominal preposicionado, no qual há regência de outro constituinte nominal preposicionado.
4. Regência de um objeto indireto.
Alternativas
Q2125016 Português
Texto 2:

Entrevista


Virgílio Almeida: Pensador do mundo digital
Cientista da computação alerta para o risco de a internet e suas ferramentas digitais
 aumentarem a discriminação e a desigualdade social.


Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP
Edição 319
set. 2022

       Ao longo deste ano e até abril do próximo, o engenheiro e cientista da computação Virgílio Augusto Fernandes Almeida vai examinar, como pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), as vantagens e as desvantagens da interação entre as pessoas e os algoritmos, que captam e filtram informações da internet, selecionam notícias, recomendam filmes, decidem sobre a qualidade do tratamento médico para cada paciente, enfim, influenciam e, por vezes, moldam a ação humana e a organização social (ver Pesquisa FAPESPno 266).
       Professor emérito do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor associado do Centro Berkman Klein para Internet e Sociedade, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ele tem olhado há anos com desconfiança para os algoritmos – mais recentemente, com colegas da ciência política. Como secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), cargo que ocupou entre 2011 e 2016, e coordenador do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), esse mineiro de Belo Horizonte participou da elaboração das regras que organizaram o mundo digital no país e acompanhou a gestação do Marco Civil da Internet, aprovado em 2014.
              [...]
             Já há princípios nessa nova ordem digital?
        Alguns países estão formulando regras. A União Europeia criou uma legislação, a Digital Service Act, que ainda não entrou em vigor. A Alemanha definiu o que é conteúdo ilegal on-line; o país já tinha uma regulação voltada ao off-line, por causa do nazismo. Um fundamento na Europa é: os direitos e as responsabilidades off-line têm de permanecer no on-line. No Brasil, o PL 2.630 [Projeto de Lei nº 2.630/20, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet] estabelece esses limites, mas parou no Congresso. O que tenho visto é que as crises que fazem as coisas andarem. O Marco Civil da Internet saiu depois que o Edward Snowden vazou informações de segurança dos Estados Unidos em 2013 e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais depois do caso da Cambridge Analítica [empresa britânica que em 2014 recolheu informações de até 87 milhões de usuários do Facebook e as utilizou para influenciar a opinião de eleitores em vários países]. As regras também têm de ter uma dosagem porque, se você define certos conteúdos como ilegais, pode ser que as empresas de tecnologia, com receio de multas ou de penalidades, se antecipem, comecem a barrá-los e passem a exercer censura política ou econômica.

       Para governar o espaço digital, temos de reunir todos os participantes, governo, empresas e sociedade civil

           [...]
           O que é a neutralidade de rede?
      As comunicações na internet utilizam protocolos chamados TCP/IP [protocolo de controle de transmissão/protocolo da internet]. Os conteúdos são quebrados em pequenos pacotes e transitam pela rede. Têm origem e destino. A neutralidade de rede implica que as empresas por onde passam os pacotes não podem tratar diferentemente os pacotes em razão da origem ou do destino. Elas têm que ser neutras, não podem interferir. Na época isso era importante porque estabelecia que uma empresa de telecomunicação não poderia bloquear o Skype, por exemplo, mesmo se concorresse com o serviço dela de voz. Outra preocupação é que essas empresas não poderiam dar um tratamento especial a um determinado serviço ou outro.

        Quero identificar formas de colaboração que preservem a individualidade e não deixem o algoritmo fazer tudo

           As empresas aceitaram a neutralidade?
      Foi uma negociação difícil, mas o Marco Civil da Internet dava uma garantia às empresas, porque gerou um ambiente estável e seguro. Estava na lei que qualquer conteúdo só poderia ser removido com uma ordem judicial. Se não fosse o marco civil, a confusão na eleição de 2018 poderia ser ainda maior, porque um político poderia querer tirar da internet um conteúdo que o desagradasse. O Brasil foi um dos pioneiros na neutralidade de rede e na organização multissetorial da internet. Tínhamos um prestígio imenso. À NETmundial, compareceram 1.100 pessoas, de mais de 100 países, ministros de Estado e 100 jornalistas internacionais. Os debates eram ao vivo e havia 30 hubs internacionais. Os grupos discutiam os temas sempre em salas separadas e a tela onde se faziam as alterações de textos era projetada para todo mundo ver o que estava sendo operado. Nas reuniões formais, tinha um palco grande com quatro microfones: um para representantes dos governos, um para o setor privado, um para a sociedade civil e outro para a comunidade técnica e acadêmica. Se alguém de um governo falava, o próximo não poderia ser de outro governo, teria de esperar os representantes dos outros três setores. 
 
Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br.
A funcionalidade textual dessa entrevista é também formada mediante as relações lógico-semânticas construídas em suas orações. Dentre estas, assinale a CORRETA alternativa com uma análise sintática de: “No Brasil, o PL 2.630 [Projeto de Lei nº 2.630/20, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet] estabelece esses limites” 
Alternativas
Respostas
6: D
7: E
8: A
9: B
10: E