Tudo escapa aqui dentro
Não sei se há remédio para esses dias em que tudo escapa.
Dias assim, o peito é como um buraco negro que tudo atrai, com
força descomunal. Um peito que dói, quente e pulsante.
A garganta obstruída de expectativa frustrada. Não sei se há
remendo, conserto, ajuste – se há o que dê jeito. Se. Não são dias
de choro ou desespero, antes fossem. São de tensionamento e
ansiedade. Experiência fendida – eu a vejo em sua conformação
de fiapos de osso de fratura exposta.
ZENI, Bruno. Boa companhia: poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 75