Questões de Concurso Público Prefeitura de Araraquara - SP 2023 para Professor II - Português
Foram encontradas 13 questões
Ano: 2023
Banca:
CONSULPAM
Órgão:
Prefeitura de Araraquara - SP
Provas:
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Português
|
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Educação Integral |
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Ciências |
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Artes Visuais e Plásticas |
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor I - Ensino Fundamental |
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - História |
Q2297740
Português
Texto associado
Que temas você aborda em seu livro A arma escarlate?
Em quem você se inspirou para criar Hugo?
Leitora voraz desde a infância, Renata Pacheco
Ventura sempre soube que seria escritora. Nascida no
Rio de Janeiro, em 1985, morou por quatro anos nos
Estados Unidos, onde começou a cursar comunicação
social na Universidade de Houston. Formando-se em
jornalismo pela PUC-Rio, escreveu a dissertação
100% Off – O Manual do colonizado, onde analisou
a colonização cultural do brasileiro, tema que volta a
abordar em A arma escarlate.
Trabalhou por três anos fazendo pesquisa e
roteiro para cinema-documentário antes de decidir se
dedicar exclusivamente ao seu primeiro livro. Nesse
meio tempo, implementou uma forma de interação
com seus leitores, em que eles podem conversar
virtualmente com alguns dos personagens do livro
através de redes sociais; fazendo-lhes perguntas,
batendo um papo descompromissado ou até mesmo
tentando descobrir segredos da trama. Seu objetivo
como escritora é contar histórias que divirtam e, ao
mesmo tempo, façam o leitor refletir sobre si mesmo
e sobre o mundo a sua volta. “Eu não poderia criar
uma escola de bruxaria britânica no Rio de Janeiro.
A não ser que ela houvesse sido construída e fosse
dirigida, até os dias de hoje, por britânicos”.
Boa Leitura!
Olá, Renata Ventura, é um prazer tê-la conosco no
projeto Divulga Escritor. Você é um verdadeiro
fenômeno: são poucos os escritores que fazem
sucesso tendo apenas um livro publicado. Antes de
tudo, parabéns. Conte-nos: quando e como surgiu
o seu gosto pela escrita?
Renata Ventura: Eu sempre quis escrever. Na
verdade, sempre gostei de criar histórias; eu pensava
em muitas cenas e personagens, que ficavam todos na
minha cabeça, mas que eu queria colocar no papel!
Nunca gostei de escrever redação para a escola. A
ideia de escrever um texto com um tema pré-escolhido pela professora, com um número
determinado de páginas, em poucos minutos, nunca
me agradou. Eu queria escrever livros gigantes! Com
histórias superelaboradas! Haha. Sempre adorei ler e
sempre adorei ver filmes. Para mim, os dois são muito parecidos, porque o que mais importa, para mim, é a
história a ser contada. O veículo em que ela chega, às
vezes, não é importante. Como, no entanto, fazer
cinema é mil vezes mais complicado, ainda mais no
Brasil, eu preferi a literatura, onde a gente sempre
pode colocar mais detalhes e mais reflexões do que
em três horas de filme.
Que temas você aborda em seu livro A arma escarlate?
Renata Ventura: Nossa! São muitos. Desigualdade
social, abandono, analfabetismo, violência, bullying,
impulsividade, arrogância, corrupção policial e
política, mitologia e história brasileira, drogas,
amizade, proteção dos animais, cidadania... é muita
coisa.
Em quem você se inspirou para criar Hugo?
Renata Ventura: Ele é muito um produto do meio.
Eu fui descobrindo Hugo à medida que ele ia reagindo
às ameaçadas que o cercavam, com sua
impulsividade, seu egoísmo, sua arrogância, sua
raiva. Eu fui vendo que, sem essas características,
Hugo provavelmente não teria sobrevivido até os 13
anos de idade.
Por que você quis criar a Korkovado tão diferente
de Hogwarts? Acha mesmo que uma escola de
bruxaria no Brasil seria tão diferente assim de
uma na Grã-Bretanha?
Renata Ventura: Sim, sim. Tão diferente quanto as
nossas escolas são das escolas britânicas. Com
certeza. Nossos bruxos até tentam copiar o modo
britânico de ser, porque a gente gosta de tudo que vem
de fora, mas o brasileiro (inclusive o bruxo brasileiro)
faz tudo meio nas coxas, não se importa muito com a
qualidade, acha que vai dar certo apenas com um
jeitinho, uma gambiarra, e aí fica uma coisa meio...
desorganizada, sem muito planejamento. Eu não
poderia criar uma escola de bruxaria britânica no Rio
de Janeiro. A não ser que ela houvesse sido construída
e fosse dirigida, até os dias de hoje, por britânicos.
Renata, onde podemos comprar o seu livro?
Renata Ventura: Ele está à venda nas melhores
livrarias, mas pode ser comprado também pelo site da
Saraiva, da Submarino... (na Submarino, eles se
esqueceram de mudar a foto da capa do livro, mas é a
capa nova que estão vendendo!) Também é possível comprar comigo autografado! Eu envio o livro pelo
correio sem problemas! É só me enviar um e-mail:
[email protected], que eu passo as
instruções.
De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?
Renata Ventura: Sempre pelas redes sociais (nossa
salvação, hehe): Skoob, Facebook etc. E vou muito
em eventos.
Eventos literários, eventos de RPG, de anime.... São
sempre muito divertidos! Adoro conhecer todo
mundo.
Quais seus próximos projetos literários? Ficamos
sabendo que vem nova publicação, dá para nos
adiantar sobre seu novo livro?
Renata Ventura: Sim, sim, é a continuação de A
arma escarlate. Irá se chamar A comissão chapeleira
e vai ser mais político do que o primeiro. O vilão
principal da série aparece nesse e eu sou apaixonada
por ele.
A série do Hugo Escarlate será composta de
quantos livros?
Renata Ventura: Serão 5 livros, com um sexto a
respeito do vilão principal.
Quais os principais objetivos do projeto Potter em
Orfanatos? Como fazer para conhecer melhor o
projeto e participar?
Renata Ventura: O principal objetivo é incentivar o
gosto pela leitura nas crianças carentes em orfanatos
e casas de acolhimento. Mostrar como a leitura pode
ser algo muito divertido e pode levá-las a mundos
extraordinários. Para participar, é só procurar pelo
projeto Potter em Orfanatos no Facebook e encontrar
o grupo de seu estado!
Quais as melhorias que você citaria para o
mercado literário no Brasil?
Renata Ventura: Os leitores brasileiros estão
aceitando melhor autores nacionais. Ainda há
preconceito, especialmente porque as livrarias e as
próprias editoras preferem comprar livros
estrangeiros traduzidos do que apostar em novos
talentos brasileiros, mas o cenário está mudando!
Cada vez surgem mais jovens autores nacionais que
lançam livros de fantasia, terror, romance, policial,
tudo! E aquela velha noção de que “livro brasileiro”
é sinônimo de “Machado de Assis” está, aos poucos,
caducando. Não que Machado de Assis seja ruim, muito pelo contrário! É ótimo! Mas precisamos ver
que a literatura brasileira não parou no dia em que
esses autores clássicos morreram! Mesmo que a
maioria das escolas insistam em dizer que sim.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista,
agradecemos sua participação no projeto Divulga
Escritor, muito bom conhecer melhor a escritora
Renata Ventura, que mensagem você deixa para
nossos leitores?
Renata Ventura: Leiam cada vez mais! E leiam de
tudo!!!!
(Adaptado de:
https://www.divulgaescritor.com/products/renataventura-entrevista/. Acesso em: 14/07/2023).
Como, no entanto, fazer cinema é mil vezes mais
complicado, ainda mais no Brasil, eu preferi a
literatura, onde a gente sempre pode colocar mais
detalhes e mais reflexões do que em três horas de
filme.
O sintagma sublinhado no trecho acima configura uma oração subordinada do tipo:
O sintagma sublinhado no trecho acima configura uma oração subordinada do tipo:
Ano: 2023
Banca:
CONSULPAM
Órgão:
Prefeitura de Araraquara - SP
Provas:
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Português
|
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Educação Integral |
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Ciências |
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Artes Visuais e Plásticas |
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor I - Ensino Fundamental |
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - História |
Q2297741
Português
Texto associado
Que temas você aborda em seu livro A arma escarlate?
Em quem você se inspirou para criar Hugo?
Leitora voraz desde a infância, Renata Pacheco
Ventura sempre soube que seria escritora. Nascida no
Rio de Janeiro, em 1985, morou por quatro anos nos
Estados Unidos, onde começou a cursar comunicação
social na Universidade de Houston. Formando-se em
jornalismo pela PUC-Rio, escreveu a dissertação
100% Off – O Manual do colonizado, onde analisou
a colonização cultural do brasileiro, tema que volta a
abordar em A arma escarlate.
Trabalhou por três anos fazendo pesquisa e
roteiro para cinema-documentário antes de decidir se
dedicar exclusivamente ao seu primeiro livro. Nesse
meio tempo, implementou uma forma de interação
com seus leitores, em que eles podem conversar
virtualmente com alguns dos personagens do livro
através de redes sociais; fazendo-lhes perguntas,
batendo um papo descompromissado ou até mesmo
tentando descobrir segredos da trama. Seu objetivo
como escritora é contar histórias que divirtam e, ao
mesmo tempo, façam o leitor refletir sobre si mesmo
e sobre o mundo a sua volta. “Eu não poderia criar
uma escola de bruxaria britânica no Rio de Janeiro.
A não ser que ela houvesse sido construída e fosse
dirigida, até os dias de hoje, por britânicos”.
Boa Leitura!
Olá, Renata Ventura, é um prazer tê-la conosco no
projeto Divulga Escritor. Você é um verdadeiro
fenômeno: são poucos os escritores que fazem
sucesso tendo apenas um livro publicado. Antes de
tudo, parabéns. Conte-nos: quando e como surgiu
o seu gosto pela escrita?
Renata Ventura: Eu sempre quis escrever. Na
verdade, sempre gostei de criar histórias; eu pensava
em muitas cenas e personagens, que ficavam todos na
minha cabeça, mas que eu queria colocar no papel!
Nunca gostei de escrever redação para a escola. A
ideia de escrever um texto com um tema pré-escolhido pela professora, com um número
determinado de páginas, em poucos minutos, nunca
me agradou. Eu queria escrever livros gigantes! Com
histórias superelaboradas! Haha. Sempre adorei ler e
sempre adorei ver filmes. Para mim, os dois são muito parecidos, porque o que mais importa, para mim, é a
história a ser contada. O veículo em que ela chega, às
vezes, não é importante. Como, no entanto, fazer
cinema é mil vezes mais complicado, ainda mais no
Brasil, eu preferi a literatura, onde a gente sempre
pode colocar mais detalhes e mais reflexões do que
em três horas de filme.
Que temas você aborda em seu livro A arma escarlate?
Renata Ventura: Nossa! São muitos. Desigualdade
social, abandono, analfabetismo, violência, bullying,
impulsividade, arrogância, corrupção policial e
política, mitologia e história brasileira, drogas,
amizade, proteção dos animais, cidadania... é muita
coisa.
Em quem você se inspirou para criar Hugo?
Renata Ventura: Ele é muito um produto do meio.
Eu fui descobrindo Hugo à medida que ele ia reagindo
às ameaçadas que o cercavam, com sua
impulsividade, seu egoísmo, sua arrogância, sua
raiva. Eu fui vendo que, sem essas características,
Hugo provavelmente não teria sobrevivido até os 13
anos de idade.
Por que você quis criar a Korkovado tão diferente
de Hogwarts? Acha mesmo que uma escola de
bruxaria no Brasil seria tão diferente assim de
uma na Grã-Bretanha?
Renata Ventura: Sim, sim. Tão diferente quanto as
nossas escolas são das escolas britânicas. Com
certeza. Nossos bruxos até tentam copiar o modo
britânico de ser, porque a gente gosta de tudo que vem
de fora, mas o brasileiro (inclusive o bruxo brasileiro)
faz tudo meio nas coxas, não se importa muito com a
qualidade, acha que vai dar certo apenas com um
jeitinho, uma gambiarra, e aí fica uma coisa meio...
desorganizada, sem muito planejamento. Eu não
poderia criar uma escola de bruxaria britânica no Rio
de Janeiro. A não ser que ela houvesse sido construída
e fosse dirigida, até os dias de hoje, por britânicos.
Renata, onde podemos comprar o seu livro?
Renata Ventura: Ele está à venda nas melhores
livrarias, mas pode ser comprado também pelo site da
Saraiva, da Submarino... (na Submarino, eles se
esqueceram de mudar a foto da capa do livro, mas é a
capa nova que estão vendendo!) Também é possível comprar comigo autografado! Eu envio o livro pelo
correio sem problemas! É só me enviar um e-mail:
[email protected], que eu passo as
instruções.
De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?
Renata Ventura: Sempre pelas redes sociais (nossa
salvação, hehe): Skoob, Facebook etc. E vou muito
em eventos.
Eventos literários, eventos de RPG, de anime.... São
sempre muito divertidos! Adoro conhecer todo
mundo.
Quais seus próximos projetos literários? Ficamos
sabendo que vem nova publicação, dá para nos
adiantar sobre seu novo livro?
Renata Ventura: Sim, sim, é a continuação de A
arma escarlate. Irá se chamar A comissão chapeleira
e vai ser mais político do que o primeiro. O vilão
principal da série aparece nesse e eu sou apaixonada
por ele.
A série do Hugo Escarlate será composta de
quantos livros?
Renata Ventura: Serão 5 livros, com um sexto a
respeito do vilão principal.
Quais os principais objetivos do projeto Potter em
Orfanatos? Como fazer para conhecer melhor o
projeto e participar?
Renata Ventura: O principal objetivo é incentivar o
gosto pela leitura nas crianças carentes em orfanatos
e casas de acolhimento. Mostrar como a leitura pode
ser algo muito divertido e pode levá-las a mundos
extraordinários. Para participar, é só procurar pelo
projeto Potter em Orfanatos no Facebook e encontrar
o grupo de seu estado!
Quais as melhorias que você citaria para o
mercado literário no Brasil?
Renata Ventura: Os leitores brasileiros estão
aceitando melhor autores nacionais. Ainda há
preconceito, especialmente porque as livrarias e as
próprias editoras preferem comprar livros
estrangeiros traduzidos do que apostar em novos
talentos brasileiros, mas o cenário está mudando!
Cada vez surgem mais jovens autores nacionais que
lançam livros de fantasia, terror, romance, policial,
tudo! E aquela velha noção de que “livro brasileiro”
é sinônimo de “Machado de Assis” está, aos poucos,
caducando. Não que Machado de Assis seja ruim, muito pelo contrário! É ótimo! Mas precisamos ver
que a literatura brasileira não parou no dia em que
esses autores clássicos morreram! Mesmo que a
maioria das escolas insistam em dizer que sim.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista,
agradecemos sua participação no projeto Divulga
Escritor, muito bom conhecer melhor a escritora
Renata Ventura, que mensagem você deixa para
nossos leitores?
Renata Ventura: Leiam cada vez mais! E leiam de
tudo!!!!
(Adaptado de:
https://www.divulgaescritor.com/products/renataventura-entrevista/. Acesso em: 14/07/2023).
Seu objetivo como escritora é contar histórias que
divirtam e, ao mesmo tempo, façam o leitor refletir
sobre si mesmo e sobre o mundo a sua volta.
A função sintática do termo sublinhado no trecho acima é:
A função sintática do termo sublinhado no trecho acima é:
Ano: 2023
Banca:
CONSULPAM
Órgão:
Prefeitura de Araraquara - SP
Prova:
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Português |
Q2297762
Português
Texto associado
Ao estudar uma nova linguagem de sinais desenvolvida por crianças surdas da Nicarágua, linguistas afirmam ter confirmado a existência de mecanismos universais que facilitam a aquisição de uma língua, seja ela falada ou não. Os resultados somam-se a várias outras evidências de que crianças possuem habilidades inatas capazes de dar à linguagem sua estrutura fundamental. O artigo foi publicado na revista Science em 17 de setembro de 2004.
Como falariam crianças naufragadas em uma ilha deserta que cresceram sem pais que lhes pudessem ensinar uma língua? Considerando-se a linguagem como uma invenção cultural passada de geração em geração, a resposta seria que essas crianças infortunadas não falariam língua alguma. As tábulas rasas de suas mentes não poderiam ser preenchidas com uma língua. Talvez, conseguissem comunicar-se com berros e grunhidos, mas nunca chegariam a utilizar algo tão sofisticado como uma língua natural, correto? Resposta: não. E vejamos por quê.
Primeiramente, vale perguntar: como saberíamos que nossas crianças não se degradariam ao nível de babuínos? Mesmo não podendo, por óbvias razões éticas, fazer um experimento desse gênero em alguma ilha do Pacífico, temos bastante certeza de que elas estariam aptas a inventar uma língua tão expressiva como qualquer outra existente hoje. Uma forte evidência nesse sentido vem de uma comunidade que, em circunstâncias semelhantes, sem ouvir palavras, elaborou uma língua natural própria, começando do nada.
Surgiu na Nicarágua uma língua completa, o Idioma Nicaraguense de Sinais – ou ISN, do espanhol, Idioma de Signos Nicaraguense –, inventado por crianças surdas daquele país. Essa invenção foi descrita por Ann Senghas, da Universidade Colúmbia (Estados Unidos), Sotaro Kita, da Universidade de Bristol (Reino Unido), e Asli Özyürek, da Universidade de Nijmegen (Holanda). Esse grupo de linguistas estudou essa comunidade nicaraguense e observou como os surdos exprimiam informações sobre objetos em movimento
Crianças surdas da Nicarágua mostraram uma habilidade inata quando inventaram uma língua de sinais rica e complexa.
O ISN é uma língua que apareceu no início da década de 1980, quando surdos nicaraguenses – após longos anos de tentativas fracassadas de ensinar a eles o espanhol utilizando para isso instrutores sem deficiência auditiva – foram finalmente juntados com outros surdos. Uma vez reunidos em grupos, eles começaram a utilizar algo que, no início, se parecia com um sistema pantomímico imperfeito que usamos quando queremos nos comunicar sem palavras. Mas esse sistema cru logo se transformou em uma verdadeira língua: as crianças surdas que chegavam àquelas comunidades aprendiam o sistema e acabavam aperfeiçoando-o com regras linguísticas.
É preciso enfatizar aqui que é falsa – apesar de disseminada – a noção de que línguas de sinais sejam sistemas primitivos, inferiores às línguas faladas. Os sinais não são meros gestos mímicos que podem ser decifrados por observadores não familiarizados com essas línguas. Embora a versão inicial do ISN utilizasse gestos gráficos que simplesmente imitavam a forma de objetos ou movimentos, as crianças expostas a esse sistema mudaram-no, decompondo os gestos em elementos menores que já não tinham esse valor imitativo. Esses sinais, bem como as regras que os combinam em longas frases, são exatamente tão obscuros para não iniciados como seria, por exemplo, o finlandês para quem nunca o tenha aprendido.
No estudo de Senghas e colegas, os participantes viam um filme animado cujo enredo eles tinham depois que contar com o uso de sinais. O filme mostrava um gato que engole uma bola de boliche e cai tombando por uma ruela íngreme. Os surdos que utilizavam a primeira versão do sistema mostravam a queda do gato com a mão literalmente traçando um percurso espiral para baixo. Já as crianças que usavam a versão aperfeiçoada do ISN exprimiam a mensagem com dois sinais separados, um com o sentido ‘para baixo’ e outro que significava ‘rolando’.
Os autores do estudo sugerem que essa divisão da mensagem em modo e direção pode ser uma das características universais da linguagem humana. A maioria das línguas aproveita essa divisão e exprime esses dois fragmentos de mensagem com duas palavras separadas (‘O gato desce rolando’). O interessante é que as crianças, ao aprenderem o ISN, não foram ‘ensinadas’ sobre esse fato. Foram elas mesmas que desenvolveram essa e outras características para o ISN, enriquecendo, assim, o sistema que receberam e que ainda não era uma língua completa.
Linguistas acreditam que a divisão-direção modo é um dos elementos que compõem o conhecimento inato que facilita a aquisição de uma língua, seja ela falada, seja de sinais. Há quem sugira que, sem esse conhecimento, nem mesmo seria possível adquirir qualquer língua. Segundo o linguista norte-americano Noam Chomsky, essa capacidade inata para a aprendizagem de uma língua reside no chamado dispositivo de aquisição de linguagem, parte do cérebro que se atrofia com a idade. Não podendo contar com o apoio desse dispositivo, pessoas adultas que aprendem línguas estrangeiras têm dificuldades em assimilar os detalhes da gramática. Assim, aprendizes estrangeiros com pouca competência na gramática portuguesa podem não ver muita diferença entre as frases ‘O bispo voltou a se divertir’ e ‘O bispo voltou sem se divertir’.
Analogamente, os pais que aprendem ISN para poder conversar com seus filhos surdos nunca chegam ao nível de falante materno e, aos olhos dos surdos, cometem erros semelhantes àqueles que estrangeiros costumam cometer ao tentar falar, por exemplo, o português.
O excelente trabalho de Senghas e colegas não só mostra algo que pode ser um ingrediente básico de nossa linguagem, mas também capta um momento no qual ele é acrescentado à sopa primordial no nascimento espontâneo de uma língua humana.
SZCZESNIAK, K. Nascimento de uma língua. In: Revista Ciência Hoje [CH 210]. Último acesso: 09 de junho de 2023. Disponível em: <https://cienciahoje.org.br/artigo/nascimento-deuma-lingua//> (Adaptado).
Considerando a relação semântica expressa no período abaixo pela conjunção subordinativa, analise as assertivas e assinale a alternativa CORRETA.
“Embora a versão inicial do ISN utilizasse gestos gráficos [...], as crianças expostas a esse sistema mudaram-no”
I - A conjunção subordinativa “embora” indica, em relação à oração principal, uma oposição.
II - Na oração subordinada introduzida pela conjunção subordinativa, contém um verbo no modo subjuntivo.
III - A conjunção “embora” pode ser substituída, sem prejuízo semântico, pela locução “posto que”.
“Embora a versão inicial do ISN utilizasse gestos gráficos [...], as crianças expostas a esse sistema mudaram-no”
I - A conjunção subordinativa “embora” indica, em relação à oração principal, uma oposição.
II - Na oração subordinada introduzida pela conjunção subordinativa, contém um verbo no modo subjuntivo.
III - A conjunção “embora” pode ser substituída, sem prejuízo semântico, pela locução “posto que”.
Ano: 2023
Banca:
CONSULPAM
Órgão:
Prefeitura de Araraquara - SP
Prova:
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Português |
Q2297763
Português
Texto associado
Ao estudar uma nova linguagem de sinais desenvolvida por crianças surdas da Nicarágua, linguistas afirmam ter confirmado a existência de mecanismos universais que facilitam a aquisição de uma língua, seja ela falada ou não. Os resultados somam-se a várias outras evidências de que crianças possuem habilidades inatas capazes de dar à linguagem sua estrutura fundamental. O artigo foi publicado na revista Science em 17 de setembro de 2004.
Como falariam crianças naufragadas em uma ilha deserta que cresceram sem pais que lhes pudessem ensinar uma língua? Considerando-se a linguagem como uma invenção cultural passada de geração em geração, a resposta seria que essas crianças infortunadas não falariam língua alguma. As tábulas rasas de suas mentes não poderiam ser preenchidas com uma língua. Talvez, conseguissem comunicar-se com berros e grunhidos, mas nunca chegariam a utilizar algo tão sofisticado como uma língua natural, correto? Resposta: não. E vejamos por quê.
Primeiramente, vale perguntar: como saberíamos que nossas crianças não se degradariam ao nível de babuínos? Mesmo não podendo, por óbvias razões éticas, fazer um experimento desse gênero em alguma ilha do Pacífico, temos bastante certeza de que elas estariam aptas a inventar uma língua tão expressiva como qualquer outra existente hoje. Uma forte evidência nesse sentido vem de uma comunidade que, em circunstâncias semelhantes, sem ouvir palavras, elaborou uma língua natural própria, começando do nada.
Surgiu na Nicarágua uma língua completa, o Idioma Nicaraguense de Sinais – ou ISN, do espanhol, Idioma de Signos Nicaraguense –, inventado por crianças surdas daquele país. Essa invenção foi descrita por Ann Senghas, da Universidade Colúmbia (Estados Unidos), Sotaro Kita, da Universidade de Bristol (Reino Unido), e Asli Özyürek, da Universidade de Nijmegen (Holanda). Esse grupo de linguistas estudou essa comunidade nicaraguense e observou como os surdos exprimiam informações sobre objetos em movimento
Crianças surdas da Nicarágua mostraram uma habilidade inata quando inventaram uma língua de sinais rica e complexa.
O ISN é uma língua que apareceu no início da década de 1980, quando surdos nicaraguenses – após longos anos de tentativas fracassadas de ensinar a eles o espanhol utilizando para isso instrutores sem deficiência auditiva – foram finalmente juntados com outros surdos. Uma vez reunidos em grupos, eles começaram a utilizar algo que, no início, se parecia com um sistema pantomímico imperfeito que usamos quando queremos nos comunicar sem palavras. Mas esse sistema cru logo se transformou em uma verdadeira língua: as crianças surdas que chegavam àquelas comunidades aprendiam o sistema e acabavam aperfeiçoando-o com regras linguísticas.
É preciso enfatizar aqui que é falsa – apesar de disseminada – a noção de que línguas de sinais sejam sistemas primitivos, inferiores às línguas faladas. Os sinais não são meros gestos mímicos que podem ser decifrados por observadores não familiarizados com essas línguas. Embora a versão inicial do ISN utilizasse gestos gráficos que simplesmente imitavam a forma de objetos ou movimentos, as crianças expostas a esse sistema mudaram-no, decompondo os gestos em elementos menores que já não tinham esse valor imitativo. Esses sinais, bem como as regras que os combinam em longas frases, são exatamente tão obscuros para não iniciados como seria, por exemplo, o finlandês para quem nunca o tenha aprendido.
No estudo de Senghas e colegas, os participantes viam um filme animado cujo enredo eles tinham depois que contar com o uso de sinais. O filme mostrava um gato que engole uma bola de boliche e cai tombando por uma ruela íngreme. Os surdos que utilizavam a primeira versão do sistema mostravam a queda do gato com a mão literalmente traçando um percurso espiral para baixo. Já as crianças que usavam a versão aperfeiçoada do ISN exprimiam a mensagem com dois sinais separados, um com o sentido ‘para baixo’ e outro que significava ‘rolando’.
Os autores do estudo sugerem que essa divisão da mensagem em modo e direção pode ser uma das características universais da linguagem humana. A maioria das línguas aproveita essa divisão e exprime esses dois fragmentos de mensagem com duas palavras separadas (‘O gato desce rolando’). O interessante é que as crianças, ao aprenderem o ISN, não foram ‘ensinadas’ sobre esse fato. Foram elas mesmas que desenvolveram essa e outras características para o ISN, enriquecendo, assim, o sistema que receberam e que ainda não era uma língua completa.
Linguistas acreditam que a divisão-direção modo é um dos elementos que compõem o conhecimento inato que facilita a aquisição de uma língua, seja ela falada, seja de sinais. Há quem sugira que, sem esse conhecimento, nem mesmo seria possível adquirir qualquer língua. Segundo o linguista norte-americano Noam Chomsky, essa capacidade inata para a aprendizagem de uma língua reside no chamado dispositivo de aquisição de linguagem, parte do cérebro que se atrofia com a idade. Não podendo contar com o apoio desse dispositivo, pessoas adultas que aprendem línguas estrangeiras têm dificuldades em assimilar os detalhes da gramática. Assim, aprendizes estrangeiros com pouca competência na gramática portuguesa podem não ver muita diferença entre as frases ‘O bispo voltou a se divertir’ e ‘O bispo voltou sem se divertir’.
Analogamente, os pais que aprendem ISN para poder conversar com seus filhos surdos nunca chegam ao nível de falante materno e, aos olhos dos surdos, cometem erros semelhantes àqueles que estrangeiros costumam cometer ao tentar falar, por exemplo, o português.
O excelente trabalho de Senghas e colegas não só mostra algo que pode ser um ingrediente básico de nossa linguagem, mas também capta um momento no qual ele é acrescentado à sopa primordial no nascimento espontâneo de uma língua humana.
SZCZESNIAK, K. Nascimento de uma língua. In: Revista Ciência Hoje [CH 210]. Último acesso: 09 de junho de 2023. Disponível em: <https://cienciahoje.org.br/artigo/nascimento-deuma-lingua//> (Adaptado).
Considerando o período “Surgiu na Nicarágua uma
língua completa, o Idioma Nicaraguense de Sinais”,
assinale a alternativa CORRETA.
Ano: 2023
Banca:
CONSULPAM
Órgão:
Prefeitura de Araraquara - SP
Prova:
CONSULPAM - 2023 - Prefeitura de Araraquara - SP - Professor II - Português |
Q2297771
Português
Texto associado
Ao estudar uma nova linguagem de sinais desenvolvida por crianças surdas da Nicarágua, linguistas afirmam ter confirmado a existência de mecanismos universais que facilitam a aquisição de uma língua, seja ela falada ou não. Os resultados somam-se a várias outras evidências de que crianças possuem habilidades inatas capazes de dar à linguagem sua estrutura fundamental. O artigo foi publicado na revista Science em 17 de setembro de 2004.
Como falariam crianças naufragadas em uma ilha deserta que cresceram sem pais que lhes pudessem ensinar uma língua? Considerando-se a linguagem como uma invenção cultural passada de geração em geração, a resposta seria que essas crianças infortunadas não falariam língua alguma. As tábulas rasas de suas mentes não poderiam ser preenchidas com uma língua. Talvez, conseguissem comunicar-se com berros e grunhidos, mas nunca chegariam a utilizar algo tão sofisticado como uma língua natural, correto? Resposta: não. E vejamos por quê.
Primeiramente, vale perguntar: como saberíamos que nossas crianças não se degradariam ao nível de babuínos? Mesmo não podendo, por óbvias razões éticas, fazer um experimento desse gênero em alguma ilha do Pacífico, temos bastante certeza de que elas estariam aptas a inventar uma língua tão expressiva como qualquer outra existente hoje. Uma forte evidência nesse sentido vem de uma comunidade que, em circunstâncias semelhantes, sem ouvir palavras, elaborou uma língua natural própria, começando do nada.
Surgiu na Nicarágua uma língua completa, o Idioma Nicaraguense de Sinais – ou ISN, do espanhol, Idioma de Signos Nicaraguense –, inventado por crianças surdas daquele país. Essa invenção foi descrita por Ann Senghas, da Universidade Colúmbia (Estados Unidos), Sotaro Kita, da Universidade de Bristol (Reino Unido), e Asli Özyürek, da Universidade de Nijmegen (Holanda). Esse grupo de linguistas estudou essa comunidade nicaraguense e observou como os surdos exprimiam informações sobre objetos em movimento
Crianças surdas da Nicarágua mostraram uma habilidade inata quando inventaram uma língua de sinais rica e complexa.
O ISN é uma língua que apareceu no início da década de 1980, quando surdos nicaraguenses – após longos anos de tentativas fracassadas de ensinar a eles o espanhol utilizando para isso instrutores sem deficiência auditiva – foram finalmente juntados com outros surdos. Uma vez reunidos em grupos, eles começaram a utilizar algo que, no início, se parecia com um sistema pantomímico imperfeito que usamos quando queremos nos comunicar sem palavras. Mas esse sistema cru logo se transformou em uma verdadeira língua: as crianças surdas que chegavam àquelas comunidades aprendiam o sistema e acabavam aperfeiçoando-o com regras linguísticas.
É preciso enfatizar aqui que é falsa – apesar de disseminada – a noção de que línguas de sinais sejam sistemas primitivos, inferiores às línguas faladas. Os sinais não são meros gestos mímicos que podem ser decifrados por observadores não familiarizados com essas línguas. Embora a versão inicial do ISN utilizasse gestos gráficos que simplesmente imitavam a forma de objetos ou movimentos, as crianças expostas a esse sistema mudaram-no, decompondo os gestos em elementos menores que já não tinham esse valor imitativo. Esses sinais, bem como as regras que os combinam em longas frases, são exatamente tão obscuros para não iniciados como seria, por exemplo, o finlandês para quem nunca o tenha aprendido.
No estudo de Senghas e colegas, os participantes viam um filme animado cujo enredo eles tinham depois que contar com o uso de sinais. O filme mostrava um gato que engole uma bola de boliche e cai tombando por uma ruela íngreme. Os surdos que utilizavam a primeira versão do sistema mostravam a queda do gato com a mão literalmente traçando um percurso espiral para baixo. Já as crianças que usavam a versão aperfeiçoada do ISN exprimiam a mensagem com dois sinais separados, um com o sentido ‘para baixo’ e outro que significava ‘rolando’.
Os autores do estudo sugerem que essa divisão da mensagem em modo e direção pode ser uma das características universais da linguagem humana. A maioria das línguas aproveita essa divisão e exprime esses dois fragmentos de mensagem com duas palavras separadas (‘O gato desce rolando’). O interessante é que as crianças, ao aprenderem o ISN, não foram ‘ensinadas’ sobre esse fato. Foram elas mesmas que desenvolveram essa e outras características para o ISN, enriquecendo, assim, o sistema que receberam e que ainda não era uma língua completa.
Linguistas acreditam que a divisão-direção modo é um dos elementos que compõem o conhecimento inato que facilita a aquisição de uma língua, seja ela falada, seja de sinais. Há quem sugira que, sem esse conhecimento, nem mesmo seria possível adquirir qualquer língua. Segundo o linguista norte-americano Noam Chomsky, essa capacidade inata para a aprendizagem de uma língua reside no chamado dispositivo de aquisição de linguagem, parte do cérebro que se atrofia com a idade. Não podendo contar com o apoio desse dispositivo, pessoas adultas que aprendem línguas estrangeiras têm dificuldades em assimilar os detalhes da gramática. Assim, aprendizes estrangeiros com pouca competência na gramática portuguesa podem não ver muita diferença entre as frases ‘O bispo voltou a se divertir’ e ‘O bispo voltou sem se divertir’.
Analogamente, os pais que aprendem ISN para poder conversar com seus filhos surdos nunca chegam ao nível de falante materno e, aos olhos dos surdos, cometem erros semelhantes àqueles que estrangeiros costumam cometer ao tentar falar, por exemplo, o português.
O excelente trabalho de Senghas e colegas não só mostra algo que pode ser um ingrediente básico de nossa linguagem, mas também capta um momento no qual ele é acrescentado à sopa primordial no nascimento espontâneo de uma língua humana.
SZCZESNIAK, K. Nascimento de uma língua. In: Revista Ciência Hoje [CH 210]. Último acesso: 09 de junho de 2023. Disponível em: <https://cienciahoje.org.br/artigo/nascimento-deuma-lingua//> (Adaptado).
Assinale a alternativa que apresenta
CORRETAMENTE um fragmento em que se
verificam conjunções correlatas aditivas em
construções paralelas.