A preocupação com o desenvolvimento das indústrias
criativas ocorre de forma não intuitiva e direcionada há
muitos anos. Em 1918, o presidente dos Estados Unidos da
América, Woodrow Wilson, promoveu a nascente indústria
cinematográfica, considerando que “o comércio vai atrás dos
filmes”, uma afirmação clássica sobre o fato de que as indústrias
criativas têm um significado que vai muito além do seu impacto
econômico imediato. O governo australiano publicou, em 1994,
um documento chamado Creative Nation, no qual já apresentava
alguns posicionamentos oficiais sobre a pauta. Nele, afirmava
que “uma política cultural também é uma política econômica” e
que “o nível de nossa criatividade determina substancialmente
nossa capacidade de adaptação aos novos imperativos
econômicos”.
Após as eleições para primeiro-ministro do Reino Unido,
em 1997, foi realizado o primeiro mapeamento concreto e
aprofundado sobre a economia criativa em uma nação. Esse
mapeamento causou polêmica quanto à conceituação de indústria
criativa. De acordo com a definição do governo inglês, as
indústrias criativas são aquelas atividades que têm origem na
criatividade, na habilidade e no talento individual e que
potencializam a geração de riqueza e empregos por meio da
geração e da exploração da propriedade intelectual. Os críticos
que analisaram o projeto de Tony Blair/DCMS consideraram que
as colocações deixaram o contexto muito aberto, pois poderia
englobar áreas como engenharia e indústria farmacêutica, que
não têm conexão com a economia criativa.
Como em qualquer área de pesquisa, alguns cientistas
apresentam visões bem controversas. O pesquisador
estadunidense Richard Florida, por exemplo, trouxe o conceito de
classe criativa. Segundo Florida, regiões metropolitanas com alta
concentração de trabalhadores ligados a tecnologia, artistas,
músicos, lésbicas e gays e o grupo definido por high bohemians
são áreas com alto potencial de crescimento neste milênio. Na
visão de Florida, as cidades devem posicionar-se de forma
diferente no novo milênio e virar todos os holofotes para a
economia criativa.
Vinnie de Oliveira. Economia criativa 4.0: o mundo não gira ao contrário.
Edição do Kindle (com adaptações)