Questões de Concurso Público DETRAN-PA 2006 para Psicólogo

Em razão da ausência de posição social na sociedade, o adolescente começa a denunciar uma ausência de fundamentos das regras da vida social, passando, nesse momento, a uma confrontação com a lei que vem acompanhada de uma crise a um passo da loucura ou, então, cai em uma dialética messiânica de renovação, pela formação de bandos.

A instauração de setores, como o ensino, efetua-se em função de um corte entre crianças e adultos. As consultas de adolescentes ocorrem, em geral, no contexto da pedopsiquiatria. E, se, por outro lado, alguns psiquiatras comparam o adolescente ao adulto, a questão não está resolvida. Nos dois casos, é evitado o alcance do apelo de um adolescente a quem aceite ouvi-lo, pois o que está em jogo é o irredutível da relação entre ser e vir a ser.

Para cada excentricidade do adolescente, para cada uma de suas inquietudes, a compreensão de que é a puberdade que está mexendo com ele, de que isso passará, é uma atitude que oferece um lugar ao sujeito e é menos nociva do que uma atitude de indiferença ou de rejeição. Aprofundar as questões, implícitas ou explícitas, colocadas pelo adolescente pode acarretar mais conflitos.

O duplo aspecto da adolescência, de ser ao mesmo tempo limite e período, determina a organização do que se pode chamar de episódio psicótico da adolescência: um limite entre dois estatutos, um regendo a criança que brinca e aprende, e o outro, o adulto que trabalha e participa da reprodução da espécie, período de crise subjetiva e de incerteza social.

Em alguns tratamentos institucionais da toxicomania, como, por exemplo, as tentativas de seitas religiosas, a ação é direcionada para promover a inserção do adolescente usuário de drogas em um grupo ideologicamente coeso, fazendo a inclusão do adolescente em uma hierarquia, o que é efetivo para retirar definitivamente o toxicômano de sua marginalização em relação à sociedade.

A toxicomania pode estar ligada ao fato de que o sujeito vai buscar, no grupo de sua geração, o grupo dos “irmãos”, ou seja, o estatuto social que a sociedade não lhe outorga. Dessa forma ele abre mão definitivamente de sua individualidade, de sua originalidade, optando por ausentar-se do grupo familiar hierarquizado.

As primeiras experiências com droga, em particular com maconha, são, na maior parte do tempo, vividas como a possibilidade de inserção em um grupo: estão em jogo efeitos de moda, de segurança coletiva mútua, de integração de tipo iniciático. Por outro lado, nos casos de toxicomania crônica, especialmente com heroína, a experiência é, cada vez mais, essencialmente solitária, uma regressão em direção a um investimento narcísico e a um desinvestimento nas relações pessoais.

A adolescência é a idade das experiências, no sentido forte: tentar, experimentalmente, reconstruir um mundo cuja lógica está posta em causa. Nesse sentido, essas experiências precisam ser realizadas, mesmo que impliquem alguns perigos, sob pena de impossibilitarem seu acesso à identidade adulta.

O fator biológico pode representar um risco no desenvolvimento do sujeito humano, no qual se leva em conta, por exemplo, a prematuridade, a presença de doenças físicas severas e o temperamento do bebê.

A capacidade de formação de vínculo cuidador (pais), bebê ou adolescente, assim como a presença de psicopatologia dos pais, são os fatores de risco mais relevantes da função parental

Em relação às características sociais e familiares, encontram-se como fatores de risco, influenciando o desenvolvimento, a qualidade da interação do casal, a maternidade na adolescência e a violência familiar.

A formação de sintomas na infância ou na adolescência ao longo do desenvolvimento é sempre considerada fator de risco, pois indica sofrimento e estagnação no desenvolvimento.