Questões de Concurso Público CEFET-MG 2022 para Técnico de Laboratório - Área de Computação

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Q1960270 Português
A questão refere-se ao texto a seguir.

A gente é a língua que a gente fala

Às vezes a gente não se dá conta, mas o mal-estar fica ali, triangulando entre cérebro, estômago e boca: quer dizer que falamos errado? O idioma que aprendemos no berço não passa de uma versão bastarda de certa língua para sempre estrangeira?

Me refiro ao estrago que a brigada de guardiães da “norma curta” faz à nossa autoestima cultural e à qualidade do ensino de português em nossas escolas.

Para as patrulhas da norma-padrão, armadas de canetas vermelhas, o português brasileiro é um coitado sem modos e cheio de vícios que não consegue largar, por mais cascudos que a gente aplique em sua cabeça dura.

Usar “a gente” no lugar de “nós”, como fiz na primeira linha da coluna e voltei a fazer na frase anterior, é um dos sinais da suposta deterioração da língua que esses puristas extemporâneos (século 21, oi!) gostam de apontar.

Na vida real, a gente adora falar “a gente”. Sim, a gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer, mas “a gente” é uma coisa que a gente quase sempre quer dizer. Porque a gente não tem cara de babaca — ou tem?

Verdade que, quando está escrevendo, a gente costuma se policiar. Ninguém quer perder ponto na prova, caramba. Às vezes escapa um “a gente” escrito, mas não era pra escapar. A gente sabe que no fundo está errado, que isso de “a gente” é um troço informal, tipo uma gíria, que não cabe na norma culta, certo?

Errado. Ou melhor, a carga de informalidade de “a gente” é obviamente maior que a de “nós”. O que não faz sentido é tentar expulsar da norma culta tudo o que é informal, como se só coubesse nela o livresco, o empertigado, o que fica distante da fala e se mete arranhando por ouvidos e almas.

Isso revela imensa ignorância sobre o que é uma língua e em especial sobre o português brasileiro, dono de uma história que merece respeito.

(Sérgio Rodrigues. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/)
A partir da leitura do texto, infere-se, a respeito das variedades linguísticas, que:
I- A língua modifica-se naturalmente com o tempo.
II- É preciso considerar as diferenças entre o português europeu e o português brasileiro.
III- A relação entre norma culta e informalidade da língua deve ser considerada em termos de graus e não como dicotomias distintas.
IV- A norma culta é um modelo do bem falar e escrever que tem como referência a forma como falam e escrevem as pessoas cultas na época atual.
Estão corretas apenas as afirmativas
Alternativas
Q1960277 Português
A questão refere-se ao texto a seguir.

Redação do Enem anuncia que vem aí um país muito mal escrito

Ademais, eu sempre quis escrever um texto que começasse com “ademais” e faço isso agora não por um capricho, não para imitar João Ubaldo que começou outro com “Aliás”, mas porque acabou de sair o resultado das provas de redação do Enem 2021. De novo deu o mesmo pão com ovo – uma das palavras favoritas dos estudantes que tiraram a nota mil do concurso foi justo o “ademais”.

“Ademais” transpira afetação ultrapassada e todo ano, masoquista que sou, procuro por ele no vestibular que define os futuros líderes do país. O tadinho está sempre lá em seu brilhareco constrangedor, um tantinho espantado com a súbita lembrança por gente tão jovem.

O resultado é aborrecidíssimo, mas quem segue a ordem unida da introdução, do desenvolvimento e da conclusão, a marcha militar ensinada nas apostilas, é consagrado com o mil da nota mil. As redações parecem iguais, “ademais” ribombando orgulho para tudo que é lado, polissílabos gigantescos – tudo indicando para o futuro de um país muito mal escrito.

(Joaquim Ferreira dos Santos. Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em 19 abr. 2022)
Nessa crônica, os recursos linguísticos usados na apresentação da tese foram:
Alternativas
Respostas
1: A
2: C