A Escrava, de Maria Firmina dos Reis, é um exemplar de conto...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2022 Banca: UEMA Órgão: UEMA Prova: UEMA - 2022 - UEMA - Vestibular |
Q2076441 Português

A Escrava, de Maria Firmina dos Reis, é um exemplar de conto do movimento abolicionista brasileiro, que projeta, no contexto de 1887, uma autora negra, pobre, maranhense, em texto publicado na Revista Maranhense nº. 3. Você vai ler a primeira cena dessa narrativa curta.

     Em um salão onde se achavam reunidas muitas pessoas distintas, e bem colocadas na sociedade, e depois de versar a conversação sobre diversos assuntos mais ou menos interessantes, recaiu sobre o elemento servil.

    O assunto era por sem dúvida de alta importância. A conversação era geral; as opiniões, porém, divergiam. Começou a discussão.

     — Admira-me, — disse uma senhora, de sentimentos sinceramente abolicionistas; faz-me até pasmar como se possa sentir, e expressar sentimentos escravocratas, no presente século, no século dezenove! A moral religiosa e a moral cívica aí se erguem, e falam bem alto esmagando a hidra que envenena a família no mais sagrado santuário seu, e desmoraliza, e avilta a nação inteira!

     Levantai os olhos ao Gólgota, ou percorrei-os em torno da sociedade, e dizei-me:

     — Para que se deu em sacrifício o Homem Deus, que ali exalou seu derradeiro atento? Ah!

     Então não era verdade que seu sangue era o resgate do homem! É então uma mentira abominável ter esse sangue comprado a liberdade!? E depois, olhai a sociedade... Não verdes o abutre que a corrói constantemente!... Não sentis a desmoralização que a enerva, o cancro que a destrói?

Reis, Maria Firmina dos, 1825-1917. Úrsula e outras obras [recurso eletrônico] / Maria Firmina dos Reis. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2018. – (Série prazer de ler; n. 11 e-book)


A fala da senhora, ao se contrapor aos escravocratas, apresenta argumentação, ancorada na perspectiva da (do)

Alternativas