Acerca dos biomas brasileiros e de interferências antrópicas...

A questão acima tem como tema o Cerrado e sua exploração econômica junto com seus problemas ambientais. Nela, o candidato precisa julgar uma afirmação que aponta que a expansão de fronteiras agrícolas vem causando uma devastação intensa no Cerrado, que segundo a assertiva, é a savana mais rica do mundo em diversidade biológica.

É importante destacar que até 1970, o Cerrado, uma savana rica em biodiversidade, era um bioma praticamente preservado e sem muita influência antrópica. Essa condição se deve a dois fatores: primeiro que o solo do bioma era bastante ácido, o que inviabilizava qualquer prática agrícola ali; segundo que a região do Cerrado não era tão ocupada, já que o processo de Marcha para o Oeste ainda estava em fase inicial, graças à construção da nova capital Brasília (1960). 

Essa condição ambiental que se encontrava o Cerrado passa a mudar com a implantação da Revolução Verde no país. Esse processo visava trazer tecnologias do campo (tratores, máquinas agrícolas, agrotóxicos, fertilizantes, corretivos de solos, sementes transgênicas e herbicidas) para a estrutura agrária brasileira, com o objetivo de aumentar a produtividade agrícola do país.

Com a chegada dessas inovações, alguns problemas do bioma foram sanados: a acidez do solo foi corrigida pelo método de calagem e a sazonalidade do clima Tropical foi resolvida graças aos grandes e robustos pivôs centrais, que realizavam a irrigação do solo através da água existente nos níveis freáticos do bioma.

Com o oferecimento de terras à agricultores e pecuaristas oriundos, sobretudo da Região Sul, além do crédito oferecido pelo Estado através de programas como o POLOCENTRO (Programa de Desenvolvimento do Cerrado), o Brasil nomeou o Cerrado como o novo celeiro agrícola do país, situação que perdura até os dias atuais, com o predomínio de grandes monoculturas de soja e cana-de-açúcar e a criação intensa de gado no bioma.

Com essa especialização produtiva imposta pelo Estado, o Cerrado teve um grande aumento em seus índices de desmatamento e devastação. Estima-se que mais da metade da vegetação nativa presente no bioma já tenha sido destruído. Além disso, dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que menos de 1% das reservas ambientais do bioma são áreas de preservação permanente (APP's) - que por lei não podem ser explorados-.

Isso gera impactos graves e irreversíveis para o bioma e para o território brasileiro em si. Primeiro que a vegetação nativa do Cerrado é conhecida por ser "a caixa d'água do Brasil" - uma vez que grande parte das nascentes de grandes rios brasileiros estão no bioma cerradeiro. Segundo que a vegetação do bioma tem raízes profundas, que levam facilmente a água das chuvas para os níveis freáticos que recarregam os rios no período de secas. Com o desmatamento e a substituição da vegetação nativa por monoculturas de soja e cana-de-açúcar, o solo perde capacidade de infiltração o que diminui a quantidade de água nos níveis freáticos, que por ventura, reduz a capacidade de recarregamento dos rios, levando à diminuição em seus níveis de água, levando à crises hídricas que afetam a produção de energia elétrica, ao desabastecimento de residências e a dificuldade na agricultura, afetando a produção e aumentando a inflação dos preços de alimentos.

Portanto, a assertiva está CERTA.