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Ano: 2024
Banca:
IDHTEC
Órgão:
Câmara de Itapissuma - PE
Provas:
IDHTEC - 2024 - Câmara de Itapissuma - PE - Procurador
|
IDHTEC - 2024 - Câmara de Itapissuma - PE - Controlador Interno |
IDHTEC - 2024 - Câmara de Itapissuma - PE - Ouvidor |
IDHTEC - 2024 - Câmara de Itapissuma - PE - Assessor Contábil |
Q2380211
Português
Texto associado
Médicos alertam para riscos de cirurgia de mudança da cor dos
olhos
Danos causados por tatuagem da córnea podem ser irreversíveis
A mudança da cor dos olhos por meio de pigmentação feita
em intervenção cirúrgica é procedimento de alto risco, com resultados irreversíveis, e deve ser realizado apenas sob estrita recomendação médica. O alerta é do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), que chama a atenção para publicações em redes sociais de pessoas que alegam terem se submetido à chamada ceratopigmentação com fins meramente estéticos, mais conhecido
como tatuagem da córnea.
Na maioria das vezes, tal procedimento é indicado somente
para pacientes com cegueira permanente (ou com baixa visão extrema) com o objetivo de tentar recuperar a aparência de um olho
normal. Dentre os problemas que podem ser causados pelo uso
indevido dessa técnica estão o surgimento de lesões na córnea, que
podem ser persistentes e levar à perfuração do olho, infecções graves (até no interior do olho), e aumento da pressão dentro do olho.
Pacientes que já usaram a técnica informam dificuldade de
enxergar, dor no olho, ardência, sensação de areia, aversão à luz
e lacrimejamento persistente. Todas essas situações podem levar
à redução da visão do paciente, seja na periferia ou no centro da
visão, evoluindo, em alguns casos, para a cegueira permanente.
Na chamada “tatuagem da córnea”, ou ceratopigmentação, é
empregada uma técnica cirúrgica na qual micropigmentos de diferentes cores são implantados nas camadas mais internas da córnea para alterar sua coloração. O procedimento é destinado, principalmente, ao tratamento de manchas brancas que acometem os
olhos de pacientes cegos.
“Muitos pacientes que apresentam cegueira permanente em
um olho sofrem com o estigma social que sua aparência pode provocar. A ceratopigmentação é uma técnica indicada para casos em
que o paciente cego não se adapta à lente de contato cosmética
(lente de contato colorida), ou quando não há indicação de evisceração ou enucleação (retirada do globo ocular) para adaptação de
prótese ocular”, esclarece a cirurgiã oftalmologista Juliana Feijó
Santos.
“É importante enfatizar que a ceratopigmentação refere-se
apenas à coloração corneana, sendo a modificação da coloração
escleral (a parte branca do olho) totalmente proscrita (não deve ser
realizada)”, destaca.
A ceratopigmentação ganhou visibilidade no país nos primeiros dias de 2024 após a publicação de vídeo em rede social no
qual uma brasileira com visão saudável afirma que realizou a cirurgia para mudar a cor dos olhos na Suíça. As imagens foram
compartilhadas na página da clínica responsável pelo procedimento e já ganharam mais de 14 milhões de visualizações.
No Brasil, o uso da ceratopigmentação para fins estéticos é
desaconselhado pelo CBO em pacientes saudáveis. Segundo o
conselho, o procedimento é recomendado exclusivamente para
pessoas que perderam a visão e pode ser realizado apenas quando
a córnea já está comprometida. O Conselho Federal de Medicina
(CFM) também não autoriza o uso da técnica com essa finalidade.
“Como em todos os procedimentos cirúrgicos, os principais
riscos são de infecção e inflamação do olho operado”, alerta Juliana Feijó, especialista em córnea. Ela ressalta ainda que são poucas as evidências científicas dos efeitos de longo prazo do uso de
pigmento no estroma corneano, corroborando a necessidade de
cautela na busca pela ceratopigmentação. Outro ponto do alerta do
CBO vem do fato da ceratopigmentação dificultar futuros exames
e procedimentos oculares, como o mapeamento de retina e a cirurgia de catarata.
Segundo a médica, mesmo como prática reparadora usada
no atendimento de pacientes cegos, a cirurgia só deve ser realizada
em um cenário em que sejam observados cuidados de biossegurança e com uma boa orientação pós-operatória, pois trata-se de
um ato médico invasivo e de alto risco.
“É muito importante estar atento ao estado prévio do olho a
ser operado, uma vez que a patologia de base pode influenciar nas
intercorrências, como perfurações em córneas finas, neoplasias
[tumores] não diagnosticadas previamente, ou até o desenvolvimento de herpes ocular, ou rejeição de um transplante de córnea
preexistente”, acrescenta Juliana.
Quanto à infraestrutura do local do atendimento, o CBO diz
que deve ser realizado em centro cirúrgico e com o paciente anestesiado. No pós-operatório, é imprescindível um seguimento clínico e uso correto dos colírios, para redução de riscos. Para pessoas que pretendem mudar sua imagem com a mudança na cor dos
olhos, a indicação é de uso de outras estratégias, bem mais seguras.
De acordo com a presidente do CBO, Wilma Lelis, pessoas
com boa saúde ocular que, por motivos estéticos, desejem mudar
a cor dos olhos têm como melhor alternativa o uso de lentes de
contato cosméticas. Wilma alerta que mesmo elas devem ser usadas sempre com acompanhamento de um oftalmologista e os cuidados de higiene adequados, visto que a lente também interfere na
biologia lacrimal e da superfície ocular com potenciais riscos.
“O CBO recomenda que, em qualquer situação, medidas que
possam trazer impacto na saúde ocular sejam amplamente discutidas com um médico oftalmologista. Ao fazermos essa orientação, com base em conhecimento técnico e científico reconhecido,
queremos proteger a saúde da população e chamar a atenção para
eventuais riscos aos quais pode ser exposta desnecessariamente”,
concluiu Wilma.
(https://jc.ne10.uol.com.br/colunas/saude-e-bem-estar/2024/01/15658069-medicos-alertam-para-riscos-de-cirurgiade-mudanca-da-cor-dos-olhos.html . Acesso em 12/01/2024)
Em: “Ao fazermos essa orientação, com base em conhecimento
técnico e científico reconhecido, queremos proteger a saúde da população ...”, a oração destacada classifica-se como: