Questões Militares de Português - Preposições
Foram encontradas 179 questões
Q2289327
Português
Texto associado
Texto I
O incendiador de caminhos
Uma das intervenções a que sou chamado a
participar em Moçambique destina-se a combater as
chamadas “queimadas descontroladas”. Este combate
parece ter todo o fundamento: trata-se de proteger
ecossistemas e de conservar espaços úteis e
produtivos.
Contudo, eu receio que seja mais uma das ingratas
batalhas sem hipótese de sucesso imediato. Na
realidade, nós não entendemos a complexa ecologia do
fogo na savana africana. Não entendemos as razões
que são anteriores ao fogo. De qualquer modo, não
param de me pedir para que fale com os camponeses
sobre os malefícios dos incêndios rurais. Devo
confessar que nunca fui capaz de cumprir essa
incumbência.
Na realidade, o que tenho feito é tentar descortinar
algumas das razões que levam os camponeses a
converter os capinzais em chamas. Sabe-se que a
agricultura de corte e queimada é uma das principais
razões para estas práticas incendiárias. Mas fala-se
pouco de um outro culpado que é uma personagem a
que chamarei de “homem visitador”. É sobre este
“homem visitador” que irei falar neste breve
depoimento.
Na família rural de Moçambique, a divisão de tarefas
sugere uma sociedade que faz pesar sobre a mulher a
maior parte do trabalho. Os que adoram quantificar as
relações sociais publicaram já gráficos e tabelas que
demonstram profusamente que, enquanto o homem
repousa, a mulher se ocupa o dia inteiro. Mas esse
mesmo camponês faz outras coisas que escapam aos
contabilistas sociais. Entre as ocupações invisíveis do
homem rural sobressai a visitação. Essa atividade é
central nas sociedades rurais de Moçambique.
O homem passa meses do ano prestando visitas aos
vizinhos e familiares distantes. As visitas parecem não
ter um propósito prático e definido. Quando se pergunta
a um desses visitantes qual a finalidade da sua viagem
ele responde: “Só venho visitar”. Na realidade, prestar
visitas é uma forma de prevenir conflitos e construir
bons laços de harmonia que são vitais numa sociedade
dispersa e sem mecanismos estatais que garantam
estabilidade.
Os visitadores gastam a maior parte do tempo em
rituais de boas-vindas e de despedida. Abrir as portas
de um sítio requer entendimentos com os
antepassados que são os únicos verdadeiros “donos”
de cada um dos lugares. Pois os homens visitadores
percorrem a pé distâncias inacreditáveis. À medida que
progridem, vão ateando fogo ao capim. A não ser que
seja em pleno Inverno, esse capim arde pouco. O fogo
espalha-se e desfalece pelas imediações do atalho que
os viajantes vão percorrendo. Esse incêndio tem
serviços e vantagens diversas que se manifestam
claramente no regresso: define um mapa de
referências, afasta as cobras e os perigos de
emboscadas, facilita o piso e torna o retorno mais fácil
e seguro. [...]
(COUTO, Mia. E se Obama fosse africano?. São Paulo: Companhia
das Letras. 2011)
Em “Pois os homens visitadores percorrem a pé
distâncias inacreditáveis” (6º§), a preposição
destacada não recebe o acento grave, indicativo
de crase. Assinale a alternativa em que esse
acento deveria ser empregado.
Ano: 2023
Banca:
VUNESP
Órgão:
EsFCEx
Prova:
VUNESP - 2023 - EsFCEx - Oficial - Magistério em Português |
Q2260589
Português
Texto associado
Em um piano distante alguém estuda uma lição lenta, em
notas graves. De muito longe, de outra esquina, vem também
o som de um realejo. Conheço o velho que o toca, ele anda
sempre pelo meu bairro; já fez o periquito tirar para mim um
papelucho em que me são garantidos 93 anos de vida, muita
riqueza, poder e felicidade.
Ora, não preciso de tanto. Nem de tanta vida nem de tanta
coisa mais. Dinheiro apenas para não ter as aflições da pobreza; poder somente para mandar um pouco, pelo menos, em
meu nariz; e da felicidade um salário mínimo: tristezas que
possa aguentar, remorsos que não doam mais, renúncias que
não façam de mim um velho amargo.
Joguei uma prata da janela, e o periquito do realejo me
fez um ancião poderoso, feliz e rico. De rebarba me concedeu
14 filhos, tarefa e honra que me assustam um pouco. Mas os
periquitos são muito exagerados, e o costume de ouvir o dia
inteiro trechos de ópera não deve lhes fazer bem à cabeça. Os
papagaios são mais objetivos e prudentes, e só se animam a
afirmar uma coisa depois que a ouvem repetidas vezes.
Agora não se ouve mais o realejo; o piano recomeça a
tocar. Esses sons soltos, e indecisos, teimosos e tristes, de
uma lição elementar qualquer, têm uma grave monotonia.
Deus sabe por que acordei hoje com tendência a filosofia
de bairro; mas agora me ocorre que a vida de muita gente
parece um pouco essa lição de piano. Nunca chega a formar
a linha de uma certa melodia. Começa a esboçar, com os
pontos soltos de alguns sons, a curva de uma frase musical;
mas logo se detém, e volta, e se perde numa incoerência
monótona. Não tem ritmo nem cadência sensíveis. Para
quem a vive, essa vida deve ser penosa e triste como o esforço dessa jovem pianista de bairro, que talvez preferisse ir
à praia, mas tem de ficar no piano.
(Rubem Braga, O vassoureiro, em O homem rouco. Adaptado)
Observe os trechos destacados nas passagens:
• ... vem também o som de um realejo • ... dinheiro apenas para não ter as aflições da pobreza • ... com tendência a filosofia de bairro
Na atividade de leitura, a observação de estruturas morfossintáticas dos enunciados pode ser produtiva para ressaltar aspectos semânticos relacionados a termos gramaticais, caso, por exemplo, das preposições. À vista disso, será correto concluir que, nos contextos selecionados, a preposição “de” relaciona as palavras introduzindo as noções, respectivamente, de:
• ... vem também o som de um realejo • ... dinheiro apenas para não ter as aflições da pobreza • ... com tendência a filosofia de bairro
Na atividade de leitura, a observação de estruturas morfossintáticas dos enunciados pode ser produtiva para ressaltar aspectos semânticos relacionados a termos gramaticais, caso, por exemplo, das preposições. À vista disso, será correto concluir que, nos contextos selecionados, a preposição “de” relaciona as palavras introduzindo as noções, respectivamente, de:
Q2197121
Português
Em “Fiz-lhe sinal que se calasse”, A palavra que é:
Ano: 2023
Banca:
Aeronáutica
Órgão:
CIAAR
Provas:
Aeronáutica - 2023 - CIAAR - Dentista da Aeronáutica - Ortodontia
|
Aeronáutica - 2023 - CIAAR - Dentista da Aeronáutica - Periodontia |
Aeronáutica - 2023 - CIAAR - Dentista da Aeronáutica - Dentística |
Aeronáutica - 2023 - CIAAR - Dentista da Aeronáutica - Endodontia |
Q2195626
Português
Texto associado
Texto I
Sonho de Ícaro
Alcançar o espaço e as estrelas é um sonho antigo da humanidade. Praticamente todas as culturas destacam o céu como um lugar especial. Esse local era normalmente designado como a morada dos deuses. Muitos povos consideravam que as constelações eram representações dos seus mitos e lendas. Dessa forma, o céu era um lugar divino e os homens somente o alcançavam quando eram convidados ou homenageados pelos deuses.
Entretanto, o espírito humano de vencer limites e barreiras nos impulsionou a superar as nossas limitações e buscou meios para atingirmos o céu. Um exemplo desse desejo é a interessante história sobre Dédalo, relatada na mitologia grega.
Ícaro era filho de Dédalo, o construtor do labirinto em que o rei Minos aprisionava o Minotauro, um ser com corpo de homem e cabeça de touro. A lenda grega conta que Dédalo ensinou Teseu, que seria devorado juntamente com outros jovens pelo monstro, como sair do labirinto. Dédalo sugeriu que ele deveria utilizar um novelo que deveria ser desenrolado na medida em que fosse penetrando no labirinto. Dessa forma, após ter matado o monstro, ele conseguiu fugir do labirinto. O rei Minos ficou furioso e prendeu Dédalo e o seu filho Ícaro no labirinto. Como o rei tinha deixado guardas vigiando as saídas, Dédalo construiu asas com penas dos pássaros colando-as com cera. Antes de levantar voo, o pai recomendou a Ícaro que, quando ambos estivessem voando, não deveriam voar nem muito alto (perto do Sol, cujo calor derreteria a cera) e nem muito baixo (perto do mar, pois a umidade tornaria as asas pesadas). Entretanto, a sensação de voar foi tão estonteante para Ícaro que ele esqueceu a recomendação e elevou-se tanto nos ares a ponto de a previsão de Dédalo ocorrer. A cera derreteu e Ícaro perdeu as asas, precipitando-se no mar e morrendo afogado.
Nos dias de hoje sabemos que é impossível voarmos com asas como imaginou Dédalo. Na realidade, o fato de Ícaro ter voado mais alto não derreteria a cera das asas, mas ocorreriam outros problemas. As aves que voam em grande altitude não sofrem com o calor, mas sim com o frio, o ar rarefeito e a falta de oxigênio. O ser humano não consegue voar batendo asas porque ele não tem força física suficiente para levantar o seu peso. Há outras maneiras muito mais eficientes para voarmos.
Desde o voo histórico de Santos Dumont, em Paris, em 1906, até o pouso dos astronautas da Apollo 11, na Lua, em 1969, o homem tem tentado alcançar as estrelas. Dezenas de missões não tripuladas já foram enviadas para praticamente todos os planetas do sistema solar (com exceção de Plutão). No momento, cogita-se a volta do homem à Lua e uma viagem tripulada para o planeta Marte ainda no século XXI. Entretanto, alcançar outras estrelas e seus sistemas planetários ainda é um sonho muito distante de se realizar. Talvez essa meta seja impossível como o voo de Dédalo e Ícaro.
A atual tecnologia utilizada nos foguetes e nas espaçonaves é baseada no princípio da ação e reação, que foi proposto por Isaac Newton há quase 300 anos. A ideia é simples. Para toda ação de uma força há uma força de reação de igual intensidade e de sentido contrário. Os atuais motores de foguetes utilizam enormes quantidades de combustíveis (oxigênio e hidrogênio líquidos). Quando os componentes do combustível reagem na câmara de combustão, o gás resultante é expelido para trás em alta pressão. De acordo com o princípio da ação e reação, o foguete é impelido para frente. Na medida em que ele vai esgotando o combustível, os módulos vazios são ejetados, o que ajuda também a propulsão do foguete. Independentemente do tipo de combustível utilizado, o princípio é sempre o mesmo.
Para viajar pelo sistema solar, as sondas não tripuladas já lançadas utilizam a atração gravitacional dos planetas para dar um impulso adicional. O planeta, ao “puxar” a espaçonave, acelera o seu movimento. Entretanto, com as trajetórias devidamente calculadas a partir das Leis da Mecânica e da Teoria da Gravitação, desenvolvida por Newton, o seu movimento consegue ser controlado para que ela não se choque com os planetas.
Dessa forma, essas espaçonaves podem atingir as impressionantes marcas de 100.000km/h. Contudo, mesmo com essa velocidade, seriam necessários aproximadamente 40.000 anos para que uma espaçonave alcançasse a estrela mais próxima do sistema solar, Alfa Centauri, que está a quatro anos-luz (aproximadamente 30 trilhões de quilômetros). Estamos ainda muito distantes para conseguir realizar tal viagem.
Na conquista do espaço não podemos nos esquecer da prudência que Dédalo pediu para Ícaro, mas também não podemos nunca perder a esperança de alcançar as estrelas.
RECANTO DAS LETRAS. Textos. Contos. Fantasia. Sonho de Ícaro. Recanto das Letras, 21 maio 2008. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/contosdefantasia/998894. Acesso em: 10 jan. 2023. (Adaptado).
Marque a opção em que o termo sublinhado foi classificado incorretamente.
Ano: 2023
Banca:
IBFC
Órgão:
PM-RN
Prova:
IBFC - 2023 - PM-RN - Soldado - Policiais Militares e Policiais Militares Músicos |
Q2181378
Português
Texto associado
A importância da música para a família Ramirez
(Este texto foi desenvolvido especialmente para esse concurso)
Rafael Ramirez não sonhava em ser médico,
engenheiro ou astronauta. Diferente das demais
crianças, Rafael tinha adoração por música, sentia que
seu caminho era o de ser musicista.
A dedicação de seus pais era intensa e imensa.
Tornou-se maestro aos 30 anos e esse triunfo ______
(01 - obtido – obitido) também teve como alicerce a
esposa, Bia, e os dois filhos, Yasmin e Petrônio.
Há uns meses, eles se mudaram de São Paulo para
Natal, dentre os embrulhos e arrumação de caixas,
Rafael encontrou uma coleção antiga de discos (LPs).
Decidiu voltar a estudar, agora em um nível superior, o
de doutorado. Então, o que era uma curiosidade que
marcava uma época de músicas antigas, passou a ser
uma base de pesquisa.
Durante a primeira semana na capital potiguar, logo
se inscreveu no programa de pós-graduação e, para
sua completa alegria, percebeu que seus filhos também
queriam aprender música, a menina para compreender
a vida pelas cordas de um violino, para ela esse
instrumento ______ (02 - conecta – conécta) pessoas
do mundo todo com um som que alcança e acalma a
alma. Já o rapazote pensou na música para cantar e
encantar a ______ (03 - plateia – platéia) de sua banda
de rock.
A esposa, Bia, era mais prática, via que a música unia
as expressões e queria saber se comunicar mais e
melhor, uniu o som da percussão com as danças
árabes, que resgatavam sua cultura ancestral.
Com esses exemplos, evidencia-se que, desde
sempre, a música é vista como um diferencial por causa
das motivações de quem a conhece e hoje ela se tornou
uma forma de expressão que se justifica por abarcar
diversas áreas da sociedade, variadas idades e famílias
inteiras.
Leia o fragmento, “Rafael Ramirez foi à Casa de
Repouso Cantinho do Paraíso para tocar
gratuitamente para os idosos”. Complete a
afirmação com uma das alternativas
apresentadas: Usa-se a crase na junção da
preposição ‘a’ + o artigo definido ‘a’ utilizado
___________.