Questões de Vestibular de Português - Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre
Foram encontradas 89 questões
Ano: 2021
Banca:
VUNESP
Órgão:
UNESP
Prova:
VUNESP - 2021 - UNESP - Vestibular- Conhecimentos Gerais - Área de Biológicas |
Q1675405
Português
Texto associado
Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,
Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada
que haviam empreendido juntos1
e colocaram numa clareira
tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três
tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num
tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
— Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha
do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você,
que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre
rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça
em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato,
até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande
amigo burro em paz para deliberar.
Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2
e
ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha
feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça
em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois
voltando, o burro perguntou ao leão:
— Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada
na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
— Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão
de que concorda em que não podíamos suportar a presença
de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu
não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo
do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe
calma para uma deliberação sensata.
Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida.
Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça,
inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio,
quando o rato o chamou:
— Compadre leão, está pronta a partilha!
O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não
pôde deixar de cumprimentar o rato:
— Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como
você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
E o rato respondeu:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer
muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a
minha — é claro que você precisa de muito maior volume de
alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha
só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo
espírito!
— Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que
argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha,
juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como
você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta
sabedoria?
— Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender
tudo agora mesmo, com o burro morto.
Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.
1
A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.
2
Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava
sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.
(100 fábulas fabulosas, 2012.)
“E o rato respondeu:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais.” (12° e 13° parágrafos)
Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, o termo sublinhado assume a seguinte forma:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais.” (12° e 13° parágrafos)
Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, o termo sublinhado assume a seguinte forma:
Ano: 2019
Banca:
UEL
Órgão:
UEL
Prova:
UEL - 2019 - UEL - Vestibular - Língua Portuguesa, Literatura e Língua Espanhola |
Q1642833
Português
Texto associado
Leia o texto a seguir e responda à questão.
Projeto ajuda a interromper ciclo de violência contra mulheres
Em Sergipe, um projeto tem ajudado a interromper o ciclo de violência contra mulheres. Foram 16 anos
sofridos em silêncio até que ela resolveu dar um basta. “Quando eu saí de casa, fui para a casa de minha
mãe. Ele me ligou, esculhambou de tudo, falou que estava indo para a casa da minha mãe para me bater,
para quebrar meus dentes, para fazer o que ele queria. Foi nessa hora que resolvi ir para a delegacia e prestei
queixa”, disse a mulher.
A queixa virou um acordo entre o casal. Ao invés de responder a um inquérito, uma vez por semana, o
ex-marido frequenta um grupo só para homens. Antes do primeiro empurrão, do tapa, geralmente existe a
agressão verbal seguida de ameaça. Os homens que foram denunciados por esse tipo de agressão estão no
grupo para aprender a enxergar a mulher com outros olhos, com respeito. Uma mudança de comportamento
que fez romper o ciclo da violência doméstica.
“A ideia do grupo é uma mudança de atitude, de comportamento, mesmo que você não concorde. Está na
lei”, diz a psicóloga aos homens. Sandra Aiaish Menta, doutora em psicologia da Universidade Federal de
Sergipe, tem um papel fundamental. “Quando eles chegam ao grupo, a gente tem que sensibilizá-los de que
aquilo que eles fizeram é algo que é uma agressão ao outro”, disse.
A cada encontro, novas descobertas. Um homem que sequer admitia que era agressor está na sexta reunião
e já mudou de atitude. “Reconheço sim, reconheço que errei com ela. O grupo ajudou muito, graças a Deus”,
disse. Mas se ele voltar a ser violento, não tem acordo.
“A gente vai trabalhando numa escalada: para os crimes mais simples, oferecendo a mediação. Houve
descumprimento, a gente vai para investigação com medida protetiva. Se ele descumprir, a gente pede a
prisão”, disse a delegada Ana Carolina Machado Jorge.
O projeto é uma parceria da Universidade Federal de Sergipe com a prefeitura e delegacia da cidade de
Lagarto. Começou há seis anos e, nesse tempo, foi registrado apenas um caso de feminicídio na cidade.
Pelo grupo já passaram mais de 300 homens e muitas foram as lições. “Estou aprendendo várias coisas. Se
eu pudesse não errar, voltava para trás”, disse o homem.
Adaptado de: g1.globo.com
Sobre os recursos de pontuação empregados no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. As aspas, ao marcarem o discurso direto, revelam o grau de formalidade do discurso, próprio de textos opinativos. II. No trecho “A gente vai trabalhando numa escalada:”, após os dois pontos há uma sequência com efeito de gradação. III. Em “Sandra Aiaish Menta, doutora em psicologia da Universidade Federal de Sergipe, tem um papel fundamental”, as vírgulas separam um trecho explicativo. IV. As vírgulas utilizadas no discurso direto do primeiro parágrafo desempenham papel fundamental de enumerar ações.
Assinale a alternativa correta.
I. As aspas, ao marcarem o discurso direto, revelam o grau de formalidade do discurso, próprio de textos opinativos. II. No trecho “A gente vai trabalhando numa escalada:”, após os dois pontos há uma sequência com efeito de gradação. III. Em “Sandra Aiaish Menta, doutora em psicologia da Universidade Federal de Sergipe, tem um papel fundamental”, as vírgulas separam um trecho explicativo. IV. As vírgulas utilizadas no discurso direto do primeiro parágrafo desempenham papel fundamental de enumerar ações.
Assinale a alternativa correta.
Q1401270
Português
Texto associado
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.”
Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança
educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico; diferente do que se
encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental,
com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento,
têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto,
com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto,
não nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos
ultrajam.
Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a
saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas
as datas.
Raul Pompeia, O Ateneu.
Na frase “disse-me meu pai”, ocorre ordem indireta, uma vez que seu sujeito está posposto ao
verbo. No texto, há outros exemplos desse tipo de inversão.
Considere os seguintes trechos:
I “que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho”; II “que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental”; III “e não viesse de longe a enfiada das decepções”.
Configura também frase com sujeito posposto a que está citada em
I “que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho”; II “que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental”; III “e não viesse de longe a enfiada das decepções”.
Configura também frase com sujeito posposto a que está citada em
Ano: 2018
Banca:
COPESE - UFT
Órgão:
UFT
Prova:
COPESE - UFT - 2018 - UFT - Vestibular - Primeiro Semestre - Língua Portuguesa, Inglês e Matemática |
Q1399805
Português
Texto associado
Opinião não é argumento
Aqui está uma história que pode ser verdadeira no contexto
atual do Brasil. Um jovem professor de Filosofia, instruindo
seus alunos à Filosofia da Religião, introduz, à maneira que a
Filosofia opera há séculos, argumentos favoráveis e contrários
à existência de Deus. Um dos alunos se queixa, para o diretor
e também nas onipresentes redes sociais, de que suas
crenças religiosas estão sendo atacadas. “Eu tenho direito às
minhas crenças”. O diretor concorda com o aluno e força o
professor a desistir de ensinar Filosofia da Religião.
Mas o que é exatamente um “direito às minhas crenças”? [...]
O direito à crença, nesse caso, poderia ser visto como o
“direito evidencial”. Alguém tem um direito evidencial à sua
crença se estiver disposto a fornecer evidências apropriadas
em apoio a ela. Mas o que o estudante e o diretor estão
reivindicando e promovendo não parece ser esse direito, pois
isso implicaria precisamente a necessidade de pôr as
evidencias à prova.
Parece que o estudante está reivindicando outra coisa, um
certo “direito moral” à sua crença, como avaliado pelo filósofo
americano Joel Feinberg, que trabalhou temas da Ética,
Teoria da Ação e Filosofia Política. O estudante está
afirmando que tem o direito moral de acreditar no que quiser,
mesmo em crenças falsas.
Muitas pessoas acham que, se têm um direito moral a uma
crença, todo mundo tem o dever de não as privar dessa
crença, o que envolve não criticá-la, não mostrar que é ilógica
ou que lhe falta apoio evidencial. O problema é que essa é
uma maneira cada vez mais comum de pensar sobre o direito
de acreditar. E as grandes perdedoras são a liberdade de
expressão e a democracia.
[...] A defesa de uma crença está restrita ao uso de métodos
que pertence ao espaço das razões – argumentação e
persuasão, em vez de força. Você tem o direito de avançar
sua crença na arena pública usando os mesmos métodos de
que seus oponentes dispõem para dissuadi-lo.
O pior acontece quando crenças se materializam em opinião,
e são usadas como substitutas de argumentos, quando o “Eu
tenho direito às minhas crenças” se transforma em “Eu tenho
direito à minha opinião”. Crenças e opiniões não são
argumentos. Mais precisamente, crenças diferem de opinião,
que diferem de fatos, que diferem de argumentos. Um fato é
algo que pode ser comprovado verdadeiro. Por exemplo, é um
fato que Júpiter é o maior planeta do sistema solar tanto em
diâmetro quanto em massa. Esse fato pode ser provado pela
observação ou pela consulta a uma fonte fidedigna.
Uma crença é uma ideia ou convicção que alguém aceita
como verdade, como “passar debaixo de uma escada dá
azar”. Isso certamente não pode ser provado (ou pelo menos
nunca foi). Mas a pessoa ainda pode manter sua crença,
como vimos, se não pelo “direito evidencial”, apelando para o
“direito moral”. Ou ainda, pelo mesmo “direito moral”, deixar de
acreditar no que ela própria pensa ser evidência, como no
caso do famoso dito (atribuído a Sancho Pança): “Não creio
em bruxas, ainda que existam”. [...]
Fonte: CARNIELLI, Walter. Página Aberta. In: Revista Veja. Edição 2578, ano 51,
nº 16. São Paulo: Editora Abril, 2018, p. 64 (fragmento adaptado).
Ao longo do texto, o autor faz uso de diversas citações,
destacadas pelos sinais gráficos de aspas. Sobre essa
utilização, analise as afirmativas a seguir.
I. Em: “Eu tenho direito às minhas crenças” (1º parágrafo), as aspas marcam o discurso direto do aluno.
II. Em: “Não creio em bruxas, ainda que existam” (7º parágrafo), as aspas marcam a fala de Sancho Pança, estabelecendo intertextualidade, ou seja, o diálogo entre textos.
III. Em: “[...] passar debaixo de uma escada dá azar” (7º parágrafo), as aspas foram usadas para transcrever um dito popular, com o intuito de exemplificar uma crença que, de acordo com o autor, não pode ser provada.
Assinale a alternativa CORRETA.
I. Em: “Eu tenho direito às minhas crenças” (1º parágrafo), as aspas marcam o discurso direto do aluno.
II. Em: “Não creio em bruxas, ainda que existam” (7º parágrafo), as aspas marcam a fala de Sancho Pança, estabelecendo intertextualidade, ou seja, o diálogo entre textos.
III. Em: “[...] passar debaixo de uma escada dá azar” (7º parágrafo), as aspas foram usadas para transcrever um dito popular, com o intuito de exemplificar uma crença que, de acordo com o autor, não pode ser provada.
Assinale a alternativa CORRETA.
Q1399562
Português
Texto associado
Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para
responder à questão.
Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido, pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista
holandês. Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis
girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes
deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas
mais próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria
como outros destruidores de telas que entram num museu
armados de facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las;
tais insanos não apenas não conseguem seu intento, como
acabam na cadeia. Não, usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente insuspeitados: os cupins.
Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era
necessário treinar os cupins para que atacassem as telas
de Van Gogh. Para isso, recorreu a uma técnica pavloviana.
Reproduções das telas do artista, em tamanho natural, eram
recobertas com uma solução açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais obras de outras.
Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de
cupim que só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo,
mas para os insetos era agradável, e isso era o que importava.
Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme.
Em vez de atacar as obras de arte, os cupins preferiram as
vigas de sustentação do prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram detectados.
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar,
foi a sua desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas
isso não lhe serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos
cupins estivessem querendo apenas debochar dele. Cupins
e Van Gogh, era tudo a mesma coisa.
(O imaginário cotidiano, 2002.)
“Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis,
aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados,
dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.”
(1° parágrafo)
Ao se transpor o trecho para o discurso indireto, os termos sublinhados assumem a seguinte redação:
Ao se transpor o trecho para o discurso indireto, os termos sublinhados assumem a seguinte redação: