Leia o texto para responder à questão.
Como era a vida antes da internet?
Pamela Paul, uma norte-americana de 50 anos e editora-
-chefa da seção de livros do The New York Times, acaba de
publicar um livro para tentar entender o que nós perdemos
com a internet. O livro fala sobre sensações perdidas como
a atenção que damos às coisas, sentimentos como o tédio,
virtudes como a paciência, ou ainda objetos que saíram do
nosso cotidiano, como a enciclopédia, o telefone na cozinha,
o porta-cartões de visitas ou os cartões de aniversário.
O livro não foi escrito para lamentar um mundo que
desapareceu. “Sou nostálgica, sentimental e pessimista,
mas também tenho consciência de que alguns desses desdobramentos são bons”, explica. A intenção da autora é nos
levar a fazer uma pausa para que nos perguntemos como
chegamos aqui.
Sobre as férias, por exemplo, Paul diz: “Quando você
saía de férias há 20 anos, ao voltar tinha algumas cartas
na caixa do correio, alguns recados na secretária eletrônica, no trabalho havia alguma coisa sobre a mesa, e isso era
tudo. Agora é como ter uma multidão esperando na porta,
perguntando: “você viu aquela mensagem?”, “você curte ou
não essa foto?”. Você tem 36 notificações e muitas pessoas
querendo se conectar com você”, explica.
Em vez de ler o jornal no sábado de manhã, agora passamos a consultar uma rede social na qual milhares de desconhecidos ou meio conhecidos gritam seus pensamentos. Paul
acredita que nossos corpos não se adaptaram às reações
que o mundo de hoje nos pede. Por exemplo, quando você
descobre que alguém não muito próximo morreu, mas aí logo
esquece: “Muitas vezes eu percebo que esqueci completamente que o tio de tal pessoa tinha morrido porque aconteceu
há seis horas e depois disso 30 outras coisas ocorreram. É
uma chicotada constante de atenção emocional. É esgotante.
Temos tantas reações emocionais porque há tanto a que reagir que é difícil a gente se recuperar no final do dia”, afirma.
(Jordi Pérez Colomé. El País, 27 de novembro de 2021. Adaptado)