Questões de Concurso Público PC-SP 2022 para Escrivão de Polícia
Foram encontradas 80 questões
Q1945435
Português
Texto associado
Leia o texto, para responder à questão.
Ainda alcancei a geração que cedia o lugar às senhoras
grávidas. Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco
jovens se arremessavam. E a boa e ofegante senhora tinha
seu canto, tinha seu espaço. E, quando ia pagar a passagem,
dizia o luso condutor por trás dos bigodões: “Já está paga, já
está paga!”.
E assim, num simples gesto, temos o perfil, o retrato, a
alma do antigo jovem. Hoje, não. Outro dia, fui testemunha
auditiva e ocular de um episódio patético. Vinha eu, em pé,
num ônibus apinhado. Passageiros amassados uns contra os
outros. Essa promiscuidade abjeta desumanizava todo mundo. O sujeito perdia a noção da própria identidade e tinha
uma sensação de bicho engradado. Pois bem. E, de repente,
o ônibus para, e entra, exatamente, uma senhora grávida.
Oitavo ou nono mês.
O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes. Imaginei que esses latagões(*) iam dar uns dez lugares
à mater recém-chegada. Pois bem. Ninguém se mexeu e,
repito, ninguém piou. E foi aí que percebi subitamente tudo.
Ali estava uma nova geração, sem nenhuma semelhança
com as anteriores. Durante meia hora a pobre mulher ficou
em pé, no meio da passagem. Faço uma ideia das cambalhotas que não virou o filho. Eis o que importa destacar: – ela
viajou e desceu, e não teve a caridade de ninguém.
(Nelson Rodrigues, Jovens imbecilizados pelos velhos.
O óbvio ululante: primeiras confissões. Adaptado)
(*)latagões: homens jovens, robustos e de grande estatura.
No contexto em que se encontra, a frase do segundo parágrafo – Essa promiscuidade abjeta – sinaliza atitude de
Q1945436
Português
Texto associado
Leia o texto, para responder à questão.
Ainda alcancei a geração que cedia o lugar às senhoras
grávidas. Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco
jovens se arremessavam. E a boa e ofegante senhora tinha
seu canto, tinha seu espaço. E, quando ia pagar a passagem,
dizia o luso condutor por trás dos bigodões: “Já está paga, já
está paga!”.
E assim, num simples gesto, temos o perfil, o retrato, a
alma do antigo jovem. Hoje, não. Outro dia, fui testemunha
auditiva e ocular de um episódio patético. Vinha eu, em pé,
num ônibus apinhado. Passageiros amassados uns contra os
outros. Essa promiscuidade abjeta desumanizava todo mundo. O sujeito perdia a noção da própria identidade e tinha
uma sensação de bicho engradado. Pois bem. E, de repente,
o ônibus para, e entra, exatamente, uma senhora grávida.
Oitavo ou nono mês.
O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes. Imaginei que esses latagões(*) iam dar uns dez lugares
à mater recém-chegada. Pois bem. Ninguém se mexeu e,
repito, ninguém piou. E foi aí que percebi subitamente tudo.
Ali estava uma nova geração, sem nenhuma semelhança
com as anteriores. Durante meia hora a pobre mulher ficou
em pé, no meio da passagem. Faço uma ideia das cambalhotas que não virou o filho. Eis o que importa destacar: – ela
viajou e desceu, e não teve a caridade de ninguém.
(Nelson Rodrigues, Jovens imbecilizados pelos velhos.
O óbvio ululante: primeiras confissões. Adaptado)
(*)latagões: homens jovens, robustos e de grande estatura.
Considere a passagem do primeiro parágrafo: Se uma
delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco jovens se
arremessavam. E a boa e ofegante senhora tinha seu
canto, tinha seu espaço.
Do ponto de vista semântico, a oração iniciada pela conjunção “E” introduz informação cuja noção é, em relação à oração precedente, de
Do ponto de vista semântico, a oração iniciada pela conjunção “E” introduz informação cuja noção é, em relação à oração precedente, de
Q1945437
Português
Texto associado
Leia o texto, para responder à questão.
Ainda alcancei a geração que cedia o lugar às senhoras
grávidas. Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco
jovens se arremessavam. E a boa e ofegante senhora tinha
seu canto, tinha seu espaço. E, quando ia pagar a passagem,
dizia o luso condutor por trás dos bigodões: “Já está paga, já
está paga!”.
E assim, num simples gesto, temos o perfil, o retrato, a
alma do antigo jovem. Hoje, não. Outro dia, fui testemunha
auditiva e ocular de um episódio patético. Vinha eu, em pé,
num ônibus apinhado. Passageiros amassados uns contra os
outros. Essa promiscuidade abjeta desumanizava todo mundo. O sujeito perdia a noção da própria identidade e tinha
uma sensação de bicho engradado. Pois bem. E, de repente,
o ônibus para, e entra, exatamente, uma senhora grávida.
Oitavo ou nono mês.
O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes. Imaginei que esses latagões(*) iam dar uns dez lugares
à mater recém-chegada. Pois bem. Ninguém se mexeu e,
repito, ninguém piou. E foi aí que percebi subitamente tudo.
Ali estava uma nova geração, sem nenhuma semelhança
com as anteriores. Durante meia hora a pobre mulher ficou
em pé, no meio da passagem. Faço uma ideia das cambalhotas que não virou o filho. Eis o que importa destacar: – ela
viajou e desceu, e não teve a caridade de ninguém.
(Nelson Rodrigues, Jovens imbecilizados pelos velhos.
O óbvio ululante: primeiras confissões. Adaptado)
(*)latagões: homens jovens, robustos e de grande estatura.
Assinale a alternativa que explica corretamente o emprego da vírgula na passagem do primeiro parágrafo – E, de
repente, o ônibus para, e entra, exatamente, uma senhora grávida.
Q1945438
Português
Texto associado
Leia o poema, para responder à questão.
O homem vigia.
Dentro dele, estumados (*),
uivam os cães da memória.
Aquela noite, o luar
e o vento no cipó-prata e ele,
o medo a cavalo nele
ele a cavalo em fuga
das folhas do cipó-prata.
A mãe no fogão cantando,
os zangões, a poeira, o ar anímico.
Ladra seu sonho insone,
em saudade, vinagre e doçura.
(Adélia Prado, Insônia. Reunião de poesia.)
(*) Estumados: atiçados, provocados
É correto afirmar que o poema sugere que o eu lírico está
Q1945439
Português
Texto associado
Leia o poema, para responder à questão.
O homem vigia.
Dentro dele, estumados (*),
uivam os cães da memória.
Aquela noite, o luar
e o vento no cipó-prata e ele,
o medo a cavalo nele
ele a cavalo em fuga
das folhas do cipó-prata.
A mãe no fogão cantando,
os zangões, a poeira, o ar anímico.
Ladra seu sonho insone,
em saudade, vinagre e doçura.
(Adélia Prado, Insônia. Reunião de poesia.)
(*) Estumados: atiçados, provocados
É correto afirmar que, no poema, a expressão é marcada
pela presença de