Leia o texto a seguir:
Mulheres pretas ou pardas gastam mais tempo em tarefas
domésticas, participam menos do mercado de trabalho e
são mais afetadas pela pobreza
No Brasil, as mulheres pretas ou pardas são mais afetadas
pelas desigualdades na educação, no mercado de trabalho, na
renda e na representatividade política do que as brancas. Elas
dedicam mais tempo aos afazeres domésticos e cuidados de
pessoas, têm menor taxa de participação no mercado de trabalho
e menor percentual entre as ocupantes de cargos políticos. Além
disso, as pretas ou pardas representam a maior parte das vítimas
de homicídios contra mulheres praticados fora do domicílio e têm
maior percentual de pessoas em situação de pobreza. Os dados
fazem parte do estudo Estatísticas do gênero, divulgado pelo
IBGE hoje (8), no Dia Internacional da Mulher.
A publicação traz informações que permitem uma análise
interseccional das desigualdades relacionadas aos temas
empoderamento econômico, educação, saúde e serviços
relacionados, vida pública e tomada de decisão e direitos
humanos das mulheres e das meninas. “Sempre que possível,
além do sexo, trazemos desagregação por cor ou raça e unidades
da federação, buscando destacar outras características que,
combinadas, podem gerar condições de vida específicas para
mulheres, gerando desigualdades escalonadas”, diz Barbara
Cobo, coordenadora-geral do estudo.
Em 2022, as mulheres dedicaram quase o dobro de tempo que
os homens aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos.
Essas tarefas consumiram 21,3 horas semanais delas contra 11,7
horas deles. O recorte por cor ou raça também possibilita verificar
essa diferença entre mulheres. As mulheres pretas ou pardas
gastavam 1,6 hora a mais por semana nessas tarefas do que as
brancas. Já entre os homens não houve distinção significativa
nesse recorte. Além disso, a diferença entre mulheres brancas e
pretas ou pardas aumentou desde 2016, início da série histórica
desse indicador.
A distância é maior entre as mulheres quando se observam
os dados por classe de rendimento. Eram 7,3 horas a mais de
dedicação aos trabalhos domésticos entre as 20% com menores
rendimentos do que as que estavam nos 20% com maiores
rendimentos. Também nesse indicador não houve diferença
significativa entre os homens.
Esse dado é particularmente importante porque está
relacionado à inserção das mulheres no mercado de trabalho.
Ainda que sejam mais da metade das pessoas em idade de
trabalhar, a taxa de participação delas na força de trabalho foi de
53,3%, enquanto a dos homens era de 73,2%, o que representa
uma diferença de 19,9 pontos percentuais (p.p.). “Há uma relação
dessa diferença com o fato de as mulheres se dedicarem mais às
tarefas de cuidados e afazeres domésticos. Isso impede que elas
participem mais do mercado de trabalho”, explica André Simões,
analista do estudo.
Fonte: https://www.jb.com.br/brasil/mulher/2024/03/1049042-mulheres-pretas-oupardas-gastam-mais-tempo-em-tarefas-domesticas-participam-menos-do-mercadode-trabalho-e-sao-mais-afetadas-pela-pobreza.html. Acesso em 09/03/2024. Excerto.