Consequências do trabalho infantil
As consequências do trabalho infantil na vida de
crianças e adolescentes são inúmeras. Além de muitas vezes
reproduzir o ciclo de pobreza da família, o trabalho infantil
prejudica a aprendizagem da criança, quando não a tira da
escola e a torna vulnerável em diversos aspectos, incluindo a
saúde, a exposição à violência, o assédio sexual, os esforços
físicos intensos, os acidentes com máquinas e animais no
meio rural, entre outros.
A vivência plena da infância é essencial para o
desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social das
crianças, impactando diretamente na construção de uma
vida adulta saudável. O que acontece nesta etapa do
desenvolvimento pode gerar traumas irreversíveis.
Além de serem privadas de uma infância plena, com
sonhos, brincadeiras e educação, as crianças que trabalham
carregam graves consequências para a vida adulta, como
impactos físicos, psicológicos e econômicos, além da
perpetuação do ciclo da pobreza, repetido de geração a
geração.
A criança e o adolescente que trabalham estão
altamente expostos a situações de risco, acidentes e
problemas de saúde relacionados ao trabalho. O cansaço, os
distúrbios de sono, a irritabilidade, a alergia e os problemas
respiratórios também estão na lista das consequências
físicas do trabalho infantil, pois alguns deles exigem esforço
físico extremo, como carregar objetos pesados ou adotar
posições que prejudicam o crescimento, ocasionando lesões
na coluna e produzindo deformidades.
Quando a criança é responsável por uma parte
significativa da renda familiar, há uma inversão de papéis, o
que pode dificultar a inserção dela em outros grupos sociais
da mesma faixa etária, porque os assuntos e
responsabilidades vão além da idade adequada. Outras
consequências do trabalho infantil são os abusos físico,
sexual e emocional sofridos por crianças e adolescentes que
interferem não apenas na saúde, mas também no âmbito
emocional, ocasionando o desenvolvimento de doenças
psicológicas.
Os trabalhos que se enquadram na categoria de
piores formas podem causar consequências ainda mais
graves, no caso de trabalhos relacionados ao tráfico e
exploração sexual, trazendo consequências negativas de
ordem psicológica e de autoestima.
O Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do
Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador
aponta que quanto mais precoce é a entrada no mercado de
trabalho, menor é a renda obtida ao longo da vida adulta.
Esse sistema mantém os altos graus de desigualdade social.
O trabalho afeta a capacidade da criança para
frequentar a escola e aprender, tirando dela a oportunidade
de realizar plenamente seus direitos à educação, ao lazer e
ao desenvolvimento. Uma vida saudável ajuda na transição
para uma vida adulta bem-sucedida, com trabalho digno,
após a conclusão da escolaridade.
Com poucas oportunidades de estudar, a criança que
trabalha geralmente reproduz o perfil de outras gerações da
família, que também trabalharam na infância. Sem a conscientização e o direito a novas oportunidades, que
deveria ser garantido por meio de políticas públicas,
dificilmente as crianças com esse perfil conseguem romper o
ciclo da pobreza e miséria de suas famílias.
(Fonte: Criança Livre de Trabalho Infantil — adaptado.)