E na vida real...
Independentemente de audiência e de repercussão, um
programa de tevê como o Big Brother Brasil vai além do
entretenimento. A desistência de uma participante, nos
primeiros dias, trouxe um importante alerta sobre o
comportamento social da atualidade.
Patrick Selvatti | 05/02/2024
Embora seja um dos produtos televisivos mais
assistidos e comentados, um reality show — seja qual for a
sua temática — não é uma unanimidade. Há quem ame, há
quem odeie e há quem ignore. Fato é que,
independentemente dessa questão sobre audiência e
REPERCUÇÃO/REPERCUSSÃO, um programa de tevê como
o Big Brother Brasil vai além do entretenimento. Logo nos
primeiros dias[,] por exemplo[,] a desistência de uma
participante trouxe um importante alerta sobre o
comportamento social da atualidade.
Há uma simbologia importante no ato de se
apertar um botão de desistência em um reality show. O
que levaria[,] por exemplo[,] uma jovem influenciadora de
22 anos, com um total de 40 milhões de seguidores,
acostumada a exposição pública, a1 abrir mão de uma
experiência como essa? Repercutiu-se muito sobre as
razões da participante Vanessa Lopes, que nitidamente
vivenciou uma espécie de surto dentro do confinamento
com outras 25 pessoas, longe da família e dos amigos e,
principalmente, do acesso às2
redes sociais.
A internet permeia as nossas vidas, e a juventude
contemporânea é a primeira a ser criada em um ambiente
________ a conexão virtual supera a interação cara a
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cara. A tecnologia proporciona inúmeras oportunidades,
mas há que se analisarem os potenciais danos que uma
geração excessivamente conectada pode enfrentar,
especialmente quando esse lugar se distancia da vida real.
A perda do desenvolvimento de habilidades
sociais INTER-PESSOAIS/INTERPESSOAIS é real. Jovens que
passam grande parte do tempo on-line enfrentam
dificuldades ao se comunicarem pessoalmente, ao
expressarem emoções e ao interpretarem sutilezas na
linguagem corporal. Essa falta de interação presencial
pode inviabilizar a construção de relacionamentos sólidos.
A exposição constante a padrões irreais nas redes
sociais pode contribuir para a formação de uma
AUTOIMAGEM/AUTO-IMAGEM distorcida. No caso de
Vanessa Lopes, o principal drama foi se enxergar em um
jogo em que todos os atores envolvidos estavam
posicionados em volta da sua história. Essa busca
incessante por validação on-line, muitas vezes baseada em
likes e em comentários, pode levar os jovens à
4 uma caça
constante por aceitação que prejudica a
AUTOESTIMA/AUTO-ESTIMA quando não são alcançados
os padrões inatingíveis estabelecidos pelos ambientes
virtuais que domina.
Aos pais, cabe a orientação das crianças e dos
adolescentes sobre como utilizar o smartphone de maneira
responsável. Estabelecer limites de tempo on-line,
incentivar a participação em atividades sociais e promover
a comunicação aberta são estratégias essenciais para
ajudar a juventude a5 encontrar um equilíbrio saudável
entre as interações virtuais e reais.
Enquanto a internet e a tecnologia continuam a
moldar o mundo, é vital que as futuras gerações sejam
estimuladas a navegar neste ambiente digital sem que se
perca uma conexão significativa com a vida real. O desafio
é esse.
Fonte: SELVATTI, Patrick. E na vida real... Correio
Braziliense, 05 de fevereiro de 2024. Disponível em:
https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2024/02/6
797902-e-na-vida-real.html. Acesso em: 06 fev. 2024.
Adaptado.