Texto CG2A1
Há pelo menos 80 anos, existe um movimento que busca
simplificar o linguajar jurídico, tentativa que se estende ao
serviço público para diminuir a burocracia estatal. As iniciativas
pelo país são inúmeras. Na capital paulista, por exemplo, há uma
lei municipal que determina que todos os órgãos públicos da
cidade busquem esse objetivo.
“Quando a gente está há muito tempo na área pública, tem
a mania de falar por siglas, falar por termos técnicos. Muitas
vezes, explica-se algo, e as pessoas simplesmente não entendem.
Daí vem a importância de haver, na área pública, uma lei que
deixe muito clara a forma de se comunicar com a população”,
explica o autor da lei.
Já ficou clara a importância de reduzir a distância entre os
órgãos públicos e a população por meio da linguagem.
Entretanto, é preciso que os servidores assimilem esse conceito.
Por isso, há ainda necessidade de que todos sejam
conscientizados e capacitados para fazer isso na prática.
A educadora Heloisa Fischer enfatiza que sempre houve
desconexão entre a linguagem técnica, administrativa e
burocrática e a linguagem compreendida pelo cidadão, mas a
transformação digital tornou a questão ainda mais urgente, já que
a “plataformização” dos governos está baseada em autosserviços,
sem que o cidadão tenha de passar antes por uma pessoa, ir a um
balcão ou telefonar para buscar informações.
Por isso, Fischer afirma que os textos que informam as
pessoas nos ambientes digitais devem reduzir as dúvidas, haja
vista o alto índice de analfabetismo funcional. “Temos 29% de
analfabetos na população brasileira, ou pessoas que têm um
alfabetismo tão rudimentar que não conseguem participar na
sociedade, não conseguem dar conta do que precisam ler. Nós só
temos 12% de pessoas com proficiência em leitura e 88% com
grau de dificuldade para lidar com texto longo, complexo, com
informações não tão explícitas, o que já justifica a necessidade de
que os textos sejam mais fáceis”, conclui.
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