Texto CG1A1
Alguns problemas éticos com a inteligência artificial (IA)
não são específicos dela. Por exemplo, existem paralelos com
outras tecnologias de automação. Considere os robôs industriais
que são programados e não são considerados IA, mas que, no
entanto, acarretam consequências sociais quando levam ao
desemprego. Não só isso, alguns dos problemas da IA estão
relacionados às tecnologias com as quais ela está conectada,
como mídias sociais e Internet, que, quando combinadas com a
IA, nos apresentam novos desafios. É o caso das plataformas de
mídia social que usam IA para saber mais sobre seus usuários, o
que gera preocupações com a privacidade.
Essa ligação com outras tecnologias também significa que
muitas vezes a IA não é visível. Isso é assim em primeiro lugar
porque já se tornou uma parte arraigada de nossa vida cotidiana.
A IA é frequentemente anunciada em aplicativos novos e
espetaculares. Mas não devemos nos esquecer da IA que já
alimenta plataformas de mídia social, mecanismos de busca e
outras mídias e tecnologias que se tornaram parte de nossa
experiência cotidiana. A IA está em todo lugar. A linha entre a
IA propriamente dita e outras formas de tecnologia pode ser
confusa, tornando-se a IA invisível: se os sistemas de IA estão
incorporados à tecnologia, tendemos a não os notar. E, se
sabemos que há IA envolvida, é difícil dizer se é a IA que cria o
problema ou o impacto, ou se é a outra tecnologia conectada à
IA.
Em certo sentido, não há IA em si: a IA sempre depende
de outras tecnologias e está inserida em práticas e procedimentos
científicos e tecnológicos mais amplos. Embora ela também
levante problemas éticos próprios e específicos, qualquer ética da
IA deve estar conectada à ética mais geral das tecnologias de
informação e comunicação digital, ética computacional, e assim
por diante.
Mark Coeckelberg, Ética na inteligência artificial.
São Paulo: Ubu Editora, 2023, p. 78 (com adaptações).