Lixo nos mares
1 Os oceanos sofrem os efeitos das atividades humanas há milênios. Dejetos e resíduos orgânicos e
inorgânicos gerados por essas atividades são levados para o mar por ventos, chuvas e rios, ou despejados diretamente ali. Os oceanos suportam toda essa
sobrecarga? A resposta vem de análises que constatam sérios danos aos ecossistemas oceânicos: o lixo
marinho, portanto, já é um grave problema ambiental.
2 O lixo de origem humana que entra no mar está
presente nas imagens, hoje comuns, de animais
emaranhados em materiais de todo tipo ou que ingeriram ou sufocaram com diferentes itens. Também é
conhecida a imensa mancha de lixo que se acumula
no chamado “giro” do oceano Pacífico Norte – os giros, existentes em todos os oceanos, são áreas em
torno das quais se deslocam as correntes marinhas.
Nas zonas centrais desses giros, as correntes têm
baixa intensidade e quase não há ventos. Os resíduos que chegam ali ficam retidos e se acumulam,
gerando enormes “lixões” oceânicos.
3 Detritos orgânicos (vegetais, animais, fezes e
restos de alimento) não são considerados lixo marinho, porque em geral se decompõem rapidamente e
se tornam nutrientes e alimentos para outros organismos. As fontes do lixo oceânico são comumente
classificadas como “marinhas” (descartes por embarcações e plataformas de petróleo e gás) e “terrestres”
(depósitos e descartes incorretos feitos em terra e
levados para os rios pelas chuvas e daí para o mar,
onde também chegam carregados pelo vento e até
pelo gelo).
4 Apesar do sensacionalismo em torno desse
tema, o estudo do lixo marinho tem bases científicas
e envolve, em todo o mundo, cada vez mais pesquisadores e tomadores de decisão. Todos engajados
na luta pela diminuição desse problema social e ambiental.
5 Os impactos ligados à presença do lixo no mar
começaram a ser observados a partir da década de
1950, mas somente em 1975 foi definido o termo
“lixo marinho”, hoje consagrado. Essa definição, da
Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos,
diz que é lixo marinho todo material sólido de origem
humana descartado nos oceanos ou que os atinge
por rios, córregos, esgotos e descargas domésticas
e industriais.
6 O número de publicações mundiais, científicas
e não científicas, sobre lixo marinho começou a aumentar a partir da década de 1980. Esse aumento
se deve a três processos: 1) a contínua e crescente
substituição, em vários tipos de utensílios, de materiais naturais pelos sintéticos – estes, como o plástico, resistem por mais tempo à degradação no ambiente marinho e tendem a se acumular; 2) o baixo
custo dos materiais sintéticos, que não incentiva sua reciclagem e favorece o descarte no ambiente e 3) o
aumento, na zona costeira, do número de habitantes
e embarcações, que podem contribuir para o descarte de lixo no ambiente marinho.
7 Mas como evitar que o “lixo nosso de cada dia”
chegue ao mar? E como retirar o que já está lá? É
nesse ponto que a conservação marinha e a gestão
de resíduos sólidos se encontram e se complementam.
Em 2013, realizou-se no Brasil a IV Conferência
Nacional de Meio Ambiente, que formalizou 60 propostas sobre o meio ambiente. Duas enfocam o lixo
marinho: a primeira está ligada à redução de impactos ambientais e a segunda é ligada à educação ambiental, com campanhas educativas de sensibilização
sobre as consequências da disposição incorreta do
lixo, com ênfase no ambiente marinho e nos danos
causados à população humana.
8 Em 2013, realizou-se no Brasil a IV Conferência
Nacional de Meio Ambiente, que formalizou 60 propostas sobre o meio ambiente. Duas enfocam o lixo
marinho: a primeira está ligada à redução de impactos ambientais e a segunda é ligada à educação ambiental, com campanhas educativas de sensibilização
sobre as consequências da disposição incorreta do
lixo, com ênfase no ambiente marinho e nos danos
causados à população humana.
OLIVEIRA, A. et al. Revista Ciência Hoje, n. 313, v. 53. Rio de
Janeiro: SBPC. Abril 2014. Adaptado.