Questões de Concurso Militar ETAM 2011 para Curso de Formação de Técnicos, 2º Semestre
Foram encontradas 2 questões
Ano: 2011
Banca:
BIO-RIO
Órgão:
ETAM
Prova:
BIO-RIO - 2011 - ETAM - Curso de Formação de Técnicos - 2º Semestre |
Q743635
Português
Texto associado
Texto 1
Clonagem de textos
A internet aproxima amigos e divulga informação:
só é nociva à medida que as pessoas são, elas próprias,
nocivas. Infelizmente, uma destas nocividades tem se
manifestado em forma de desrespeito ao direito autoral.
Circula pela internet um texto meu sobre saudade,
chamado A dor que dói mais, publicado no site Almas
Gêmeas e no meu livro Trem-bala, assinado por Miguel
Falabella, inclusive com uns enxertos vulgares, licençapoética
que o “co-autor”, seja ele quem for, se permitiu.
Também andou circulando um texto meu chamado As
razões que o amor desconhece, desta vez creditado
a Roberto Freire. No dia Internacional da Mulher, a
apresentadora Olga Bongiovanni, da TV Bandeirantes,
leu no ar o meu texto O mulherão, e em seguida o
disponibilizou no site do programa, onde pude constatar
alguns parágrafos adicionados por algum outro co-autor
ávido por fazer sua singela contribuição. A produção
corrigiu o erro assim que foi avisada. Quem controla isso?
Imagino que essa apropriação indevida venha
lesando diversos outros cronistas, que por dever de ofício
produzem textos diariamente, tornando-se inviável o
registro de cada um deles. A fiscalização fica por conta do
leitor, que, conhecendo o estilo do escritor, pode detectar
sua autenticidade.
Não chega a ser um crime hediondo e também não
é novo. Credita-se a Borges um texto sobre como ele viveria
se pudesse nascer de novo, que os estudiosos da sua obra
negam a autoria, e Gabriel García Marques, pouco tempo
atrás, teve que desmentir ser ele o autor de um manifesto
meloso que andou circulando entre os internautas. Luis
Fernando Veríssimo também andou negando a autoria de
um texto sobre drogas, que assinaram com se fosse dele.
Todas as pessoas que escrevem estão e sempre estiveram
vulneráveis a esses enganos, involuntários ou não, mas
não há dúvida de que a internet, pela facilidade e rapidez
de divulgação de e-mails, massificou a rapinagem.
Perde com isso, primeiramente, o autor, que vive
de seu trabalho e que fica à mercê de ter suas palavras e
pensamentos transferidos para outro nome, ou, pior ainda,
adulterados: não são poucos os que acrescentam sua própria
ideia ao texto e mantêm o nome do autor verdadeiro, pouco
se importando em corromper a legitimidade da obra. E
perde também o leitor, que é enganado na sua crença e que
poderá vir a passar por desinformado. Viva a internet, mas
que os gatunos virtuais tratem de produzir eles mesmos
suas próprias verdades.
Março de 2001
(MEDEIROS, Martha. Non-stop - Crônicas do cotidiano.
7ª edição. Porto Alegre: L&PM, 2007. p. 187-188.)
Os vocábulos “não”, “há”, “são” e “é” recebem todos
a seguinte classificação quanto à acentuação tônica:
Ano: 2011
Banca:
BIO-RIO
Órgão:
ETAM
Prova:
BIO-RIO - 2011 - ETAM - Curso de Formação de Técnicos - 2º Semestre |
Q743642
Português
Texto associado
Texto 2
The Queen
Confesso que gosto da rainha Elizabeth, que, se
entendi bem, o que eu duvido, colocou um blog, ou coisa
parecida, seu na internet. Ela parecia exercer seu reinado
com placidez e um toque de tédio, de quem gostaria mesmo
de estar com os seus cavalos, embora às vezes seja difícil
saber se alguém está chateado ou apenas sendo inglês
em público. Mas, agora, sabe-se que o enfado da rainha
escondia um desejo secreto de modernização e relevância.
O blog da rainha seria uma resposta às repetidas sugestões
para que se aposente. Ela se renova para ficar. Ou talvez
só esteja preocupada em poupar a nação do Charles, ou o
Charles da nação.
Nas fotografias de Elizabeth quando moça,
nota-se — se não for uma tara minha — uma certa
sensualidade no rosto, algo nos olhos que ela teve que
domar para não fugir com um cavalariço, ficar e cumprir
suas obrigações. Sobrou disso uma resignação irônica
que se vê nos cantos da sua boca até hoje. O inglês
Alan Bennett escreveu uma peça sobre Anthony Blunt,
um aristocrático historiador de arte que era consultor do
palácio e também, soube-se muitos anos depois, espião
da União Soviética, em que a rainha aparece, de surpresa,
numa cena. Elizabeth e Blunt têm uma conversa sobre a
autenticidade na arte que também é uma conversa sobre
a duplicidade nas pessoas e a crescente vulgarização da
monarquia e suas riquezas, e em que ela diz: “Um monarca
já foi definido como alguém que não precisa olhar antes
de se sentar. Não mais. É preciso olhar, hoje em dia, pois
uma boa possibilidade de a sua cadeira não estar ali, mas
em exibição em outro lugar.” A frase é de Bennett, mas é
possível imaginá-la dita pela rainha, com o meio sorriso
desencantado de quem um dia sonhou ser outra coisa, mas
não teve escolha.
(VERISSIMO, Luis Fernando. O mundo é bárbaro e o que nós
temos ver com isso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. p. 131-132)
temos ver com isso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. p. 131-132)
Em “Elizabeth e Blunt têm uma conversa sobre a
autenticidade na arte...”, observa-se o emprego do acento
circunflexo no verbo ter porque: