Questões de Concurso

Foram encontradas 81.039 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q2403251 Português
Texto II


UNE: O que é um erro de português?


Bagno: Na concepção do senso comum, o “erro de português” é qualquer uso linguístico que não esteja previsto nos instrumentos normativos tradicionais, a gramática e o dicionário. No entanto, não existe uma concepção única e homogênea do que seja o português “correto” nesses instrumentos normativos, porque os gramáticos e dicionaristas têm posturas diferentes diante dos usos da língua: alguns gramáticos admitem certas formas inovadoras, enquanto outros ainda as rejeitam, por exemplo. Além disso, a noção de “erro” está muito vinculada à posição que uma pessoa ocupa na pirâmide social. Os usos já bem fixados entre as classes sociais privilegiadas, mesmo quando contradizem as prescrições tradicionais, passam despercebidos e não provocam reações extremadas: ao contrário, a atitude mais geral é do tipo “pode até estar errado, mas todo mundo fala assim”. Por outro lado, se o uso vem das camadas inferiores, nenhuma relativização é possível: é erro e ponto final. Como tudo em sociedade, o que é certo e errado depende de quem utiliza esses rótulos contra o quê e contra quem.


Confira a entrevista especial com o professor Marcos Bagno para a 9ª
Bienal da UNE.
Disponível em https://www.une.org.br/2014/11/marcos-bagno-a-linguacomo-instrumento-de-poder/

De acordo com o trecho da entrevista concedida à UNE pelo professor-pesquisador Marcos Bagno, reproduzido no Texto II, a caracterização de um erro de português, normalmente, apresenta um viés 
Alternativas
Q2403249 Português
Texto I


 O Poeta da Roça


Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio 


Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô


Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá


Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito


Patativa do Assaré
Disponível em https://mst.org.br/2021/03/05/parabens-patativa-7-poemasde-assare-neste-especial-de-aniversario/
As variações linguísticas são as diferenças que uma língua apresenta mediante fatores como a região e as condições culturais ou sociais, onde ela é usada. Por exemplo, no Texto I, do Patativa do Assaré, predomina a variação linguística 
Alternativas
Q2403205 Português
Quanto mais difícil, melhor 









Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ ruycastro/2023/12/quanto-mais-dificil-melhor.shtml?pwg t=kye73frks3762ppiv3c8ms8agtyutnr6i2zmqyam6pqtcz 5u&utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_ campaign=compwagift. Acesso em: 20 dez. 2023.Adaptado.
A frase em que o adjetivo apresenta valor afetivo, a exemplo do que ocorre com “imortal”, destacado no trecho do parágrafo 3 “Django Reinhardt, imortal guitarrista do jazz”, é:
Alternativas
Q2401413 Português

Texto 1.


Notícia de jornal


Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.

Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.

Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.

O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.

E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.

E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.

Morreu de fome.


Fernando Sabino


Avalie se os sinônimos usados para a(s) palavra(s) entre parênteses estão corretos e coloque ( V ) para verdadeiro e ( F ) para falso.


( ) Um homem de cor branca, trinta anos plausíveis. (presumíveis)

( ) Depois de setenta e duas horas de diligência em plena rua, morreu. (inanição)

( ) Um marginalizado, um preterido morreu na rua. (pária, proscrito)

( ) Para reprimenda dos outros homens. (escarmento)

( ) Com um olhar de nojo e deferência. (desdém)


Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.

Alternativas
Q2399443 Português

Leia o texto e responda o que se pede no comando das questões.


IDEIAS E LIBERDADE


Dias atrás me chamou a atenção um texto do amigo e filósofo Luiz Felipe Pondé. Sua provocação era: “O capitalismo estaria apodrecendo?”. Estaria chegando ao fim sem nenhuma utopia viável para pôr no lugar? Achei interessante aquilo. Existe agora o “modelo chinês”, desafiando a democracia liberal. Há muita instabilidade política e um debate imenso sobre os males do mercado. Estariamos à beira de algum precipício?

Uma das razões para a decadência seria o impacto das novas tecnologias - como a automação, a internet das coisas e a inteligência artificial - na destruição dos empregos. O raciocinio é intuitivo. Quando chegarem os carros autônomos, o que os motoristas do Uber vão fazer? E o pessoal do telemarketing, quando tudo for automatizado? Foi assim com os cubeiros, lá em Porto Alegre, chamados de “tigres”, que carregavam aqueles cilindros com dejetos humanos, antes das redes sanitárias. E com as telefonistas inglesas, que eram 120.000, em 1970, e hoje não passam de 20.000.

Muitos postos de trabalho desaparecerão e outros serão criados. Estudo da OCDE mostrou que, em vinte anos, o emprego industrial declinou 20% mas cresceu 27% no setor de serviços. E o feijão com arroz da economia de mercado. Schumpeter já havia teorizado sobre isso com sua tese da “destruição criadora”. Ainda recentemente, três pesquisadores da Consultoria Deloitte, lan Stewart, Debapratim De a Alex Cole, apresentaram uma pesquisa com dados do censo inglês desde 1871 e foram taxativos: “A tecnologia criou mais empregos do que destruiu nos últimos 144 anos”.

Outra razão do abismo seria a desigualdade. Se tornou comum dizer que a má distribuição de renda vai corroer o sistema. Falta demonstrar qual o padrão “certo” de distribuição econômica que se deve buscar. Como bem observou John Rawls, tendemos a comparar nossa situação com a de pessoas mais próximas a nós, nas comunidades em que convivemos e em relação às posições a que aspiramos. Não na “grande sociedade”. Ninguém acorda todos os dias enfurecido com a fortuna de Jeff Bezos. Mas, com razão nos indignamos se fomos discriminados, no trabalho ou na vida social.

Nos temas que realmente importam há avanços relevantes em nosso tempo. A drástica redução da pobreza talvez seja o mais crucial deles. Apenas no período da malafamada globalização, a pobreza global caiu de 36% para 10% entre 1990 e 2015. Outro aspecto: a convergência das famílias americanas com alimentação caiu de 4,2 dos padrões básicos de vida. O US Bureau of Labor Statistic mostrou que, entre 1901 e 2002 0 gasto das famílias americanas com alimentação caiu de 42% para 13% de sua renda. Na Inglaterra, o gasto caiu de 35%, em 1050, para pouco mais de 11% em 2014.Não só a renda cresceu, como o custo relativo dos produtos básicos caiu significativamente.

Há um tema muito mais amplo ai que se refere à igualdade de direitos. Lembro quando Obama, no aniversário dos cinquenta anos na Marcha de Selma, provocou a imensa multidão que refazia o projeto de Martin Luther King, na luta pelos direitos civis, dizendo que “se você acha que nada mudou nos últimos cinquenta anos, pergunta a alguém que viveu em Selma ou Chicago nos anos 50. Pergunte à mulher que hoje é CEO, e não mais restrita a ser secretária, se nada mudou. Pergunte ao seu amigo gay se é mais fácil ter orgulho na América hoje do que há 30 anos”. E concluiu: “Negar este progresso é roubar nosso próprio poder de transformar.”

No mundo da economia, poucas pessoas expressam melhor um tipo de otimismo realista do que Deirdre Mc-Closkey, autora da monumental trilogia sobre a igualdade, a dignidade e as virtudes burguesas, Deirdre não gosta da palavra capitalismo. Prefere e ideia do “inovismo”. Seu ponto é que não foi o capital, mas, sim as ideias ou a inovação que fizeram a diferença no surgimento da moderna economia do mercado. Em algum momento entre os séculos XVIl e XIX, o homem comum ganhou dignidade. O padeiro, o comerciante, o inventor de coisas. Primeiro timidamente, mas em um processo continuo a pari passu à afirmação das sociedades de direito. Dai o casamento moderno entre a economia de mercado e a democracia liberal.

Fonte: Veja, ed. 2775. Fernando Schuler é cientista político e professor do Insper.

Sobre as expressões “OCDE” e “CEO”, presentes notexto, analise as assertivas seguintes e marque a alternativa correta:


I- A denominação de CEO dá-se à diretora executiva de uma empresa.

lI- OCDE e CEO são palavras formadas por derivação regressiva.

III- Os cubeiros são exemplos de profissão extinta.

Alternativas
Respostas
21: C
22: D
23: B
24: E
25: D