Questões da Prova CPCON - 2017 - UEPB - Administrador

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Q858126 Português

Texto I


                                 Eu, etiqueta

                  Em minha calça está grudado um nome

                Que não é meu de batismo ou de cartório

                                Um nome... estranho

                      Meu blusão traz lembrete de bebida

                      Que jamais pus na boca, nessa vida,

                   Em minha camiseta, a marca de cigarro

                       Que não fumo, até hoje não fumei.

                         Minhas meias falam de produtos

                              Que nunca experimentei

                       Mas são comunicados a meus pés.

                           Meu tênis é proclama colorido

                           De alguma coisa não provada

                         Por este provador de longa idade.

                     Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

                    Minha gravata e cinto e escova e pente,

                                Meu copo, minha xícara,

                        Minha toalha de banho e sabonete,

                                   Meu isso, meu aquilo.

                       Desde a cabeça ao bico dos sapatos,

                                       São mensagens,

                                        Letras falantes,

                                         Gritos visuais,

                        Ordens de uso, abuso, reincidências.

                              Costume, hábito, premência,

                                       Indispensabilidade,

                   E fazem de mim homem-anúncio itinerante,

                              Escravo da matéria anunciada.

                                    Estou, estou na moda.

                    É duro andar na moda, ainda que a moda

                              Seja negar minha identidade,

                            Trocá-lo por mil, açambarcando

                              Todas as marcas registradas,

                             Todos os logotipos do mercado.

                        Com que inocência demito-me de ser

                               Eu que antes era e me sabia

                       Tão diverso de outros, tão mim mesmo,

                             Ser pensante sentinte e solitário

                      Com outros seres diversos e conscientes

                         De sua humana, invencível condição.

                                      Agora sou anúncio

                                   Ora vulgar ora bizarro.

                      Em língua nacional ou em qualquer língua

                                (Qualquer, principalmente.)

                            E nisto me comprazo, tiro glória

                                     De minha anulação.

                        Não sou – vê lá – anúncio contratado.

                              Eu é que mimosamente pago

                                Para anunciar, para vender

                      Em bares festas praias pérgulas piscinas,

                            E bem à vista exibo esta etiqueta

                                Global no corpo que desiste

                      De ser veste e sandália de uma essência

                                   Tão viva, independente,

                     Que moda ou suborno algum a compromete.

                                    Onde terei jogado fora

                          meu gosto e capacidade de escolher,

                          Minhas idiossincrasias tão pessoais,

                       Tão minhas que no rosto se espelhavam

                                  E cada gesto, cada olhar,

                                     Cada vinco da roupa

                             Sou gravado de forma universal,

                            Saio da estamparia, não de casa,

                              Da vitrine me tiram, recolocam,

                                Objeto pulsante mas objeto

                       Que se oferece como signo de outros

                               Objetos estáticos, tarifados.

                       Por me ostentar assim, tão orgulhoso

                        De ser não eu, mas artigo industrial,

                            Peço que meu nome retifiquem.

                       Já não me convém o título de homem.

                                 Meu nome novo é Coisa.

                              Eu sou a Coisa, coisamente.

                             (Carlos Drummond de Andrade)

Texto II

Imagem associada para resolução da questão

Disponível em: >https://www.google.com.br/searchbiw=1366&bih=638&tbm=isch&sa=1&q=propagandas+do+corpo&oq=

propagandas+do+corpo&gs<. Data da consulta: 10/09/2017. 

Julgue o que se afirma abaixo acerca dos textos I e II e, em seguida, responda ao que se pede.


I- Ambos os textos, a partir de diferentes estratégias de manipulação midiática, de uma forma ou de outra, tratam da mesma temática: o forte e agressivo apelo ao consumo exacerbado promovido pelos diversos suportes midiáticos, que coisificam o ser humano – inclusive o seu corpo – e o transformam em mercadoria e objeto de exposição do consumo.

II- Além de constituírem diferentes gêneros textuais – portanto, de estruturas distintas – os textos I e II também apresentam diferentes propostas temáticas: enquanto o primeiro reflete acerca do processo de coisificação a que o ser humano vem sendo historicamente submetido por vias da imposição midiática, que induz ao consumo exacerbado e predador, o segundo se limita a infantilizar o apelo publicitário, no momento em que, de forma ingênua e bem humorada, se utiliza do corpo dos bebês para expressão explícita do consumo.

III- O texto I traz como proposta um processo de escravização do ser humano, promovido pela mídia, que o induz a se transformar em objeto e coisa do consumo, este tido como senhor da contemporaneidade; já o texto II, trata do processo de encantamento e magia autônomos e livres a que a criança é submetida desde os primeiros dias de vida pelos encantos midiáticos impulsionadores do consumismo responsável e adequado a essa fase etária.

IV- Uma das grandes denúncias explicitadas no texto I se refere à perda da identidade humana a partir da força dos apelos consumistas: a perda da capacidade de escolha livre e independente é uma delas.

V- A “estamparia ambulante” na qual a criança se transforma (texto II), aliada ao fato de, na cena, estar sendo sustentada por mãos adultas, podem sugerir um processo de manipulação estrategicamente posto e comandado, não só pela indústria do consumo, mas também com o aval da própria família.


É VERDADEIRO o que se afirma apenas em: 

Alternativas
Ano: 2017 Banca: CPCON Órgão: UEPB Prova: CPCON - 2017 - UEPB - Administrador |
Q858775 Contabilidade Geral

As proposições abaixo relacionadas tratam sobre controle de estoques. Analise-as, de modo a julgá-las como verdadeiro (V) ou falso (F) e, em seguida, assinale a sequência CORRETA:


( ) De acordo com o CPC 16 – Estoques: o custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), exceto, custos de transporte e seguro. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição.

( ) Inventários permanentes permitem o controle mais eficiente e possibilita a qualquer momento verificar a quantidade de cada item.

( ) O método do custo médio é também chamado de média ponderada móvel, sendo normalmente registrado no ativo circulante.

( ) A devolução de vendas é considerada na ficha de controle de estoques pelo custo da venda. O frete sobre as vendas não faz parte da ficha de controle de estoques, sendo considerada despesa comercial.

( ) Impairment é o valor contábil do ativo que excede, no caso de estoques, seu preço de venda menos o custo para completá-lo e despesa de vendê-lo ou, no caso de outros ativos, seu valor justo menos a despesa para a venda.

Alternativas
Q858145 Pedagogia
O Plano Estadual de Educação da Paraíba julga muito importante elevar a Taxa Bruta de matrícula na educação superior para 50% e a Taxa Líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público. Para cumprimento desta meta, considera, dentre as estratégias elencadas abaixo, apenas uma como CORRETA:
Alternativas
Q858144 Pedagogia
Os estudos realizados pela comissão responsável pela elaboração da reforma administrativa deixam em evidência que, na atualidade, a UEPB é estruturada em unidades com múltiplos departamentos e diversos cursos o que, na prática, contribui para uma maior complexidade na gestão e no cotidiano acadêmico. É, pois, de grande urgência pensar e debater uma reestruturação que torne a gestão mais ágil e, em dada circunstância estrutural, em maior sintonia com as emergências da contemporaneidade. Assim, a reestruturação da Administração Superior prevê
Alternativas
Q858130 Português

Um texto bem construído e, naturalmente, bem interpretado, vai apresentar aquilo que Beaugrande, Dressler (1996) e Costa Val (2002) chamam de textualidade, isto é, o conjunto de características que fazem com que um texto seja assim chamado e não uma sequência de frases quaisquer.


Atente para os dois textos a seguir e responda ao que se pede:



Texto IV

As Caravanas (Chico Buarque)


É um dia de real grandeza, tudo azul

Um mar turquesa à la Istambul enchendo os olhos

Um sol de torrar os miolos

Quando pinta em Copacabana

A caravana do Arará, do Caxangá, da Chatuba

A caravana do Irajá, o comboio da Penha

Não há barreira que retenha esses estranhos

Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho

A caminho do Jardim de Alá

É o bicho, é o buchicho, é a charanga


Diz que malocam seus facões e adagas

Em sungas estufadas e calções disformes

É, diz que eles têm picas enormes

E seus sacos são granadas

Lá das quebradas da Maré


Com negros torsos nus deixam em polvorosa

A gente ordeira e virtuosa que apela

Pra polícia despachar de volta

O populacho pra favela

Ou pra Benguela, ou pra Guiné


Sol, a culpa deve ser do sol

Que bate na moleira, o sol

Que estoura as veias, o suor

Que embaça os olhos e a razão


E essa zoeira dentro da prisão

Crioulos empilhados no porão

De caravelas no alto mar 

Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria

Filha do medo, a raiva é mãe da covardia

Ou doido sou eu que escuto vozes

Não há gente tão insana

Nem caravana

Nem caravana

Nem caravana do Arará

Apartir dos textos III e IV, julgue cada uma das afirmações feitas a seguir à luz dos elementos de textualidade presentes em cada uma delas e em seguida responda ao que se pede.


I- No texto III o jogo semântico-discursivo, que envolve elementos sócio-históricos interrelacionados com os processos de colonização do Brasil podem ser inferidos, por exemplo, a partir do cruzamento do campo semântico das expressões RICO e AZEITE (referências a Portugal, local de grande produção de azeites no mundo e país colonizador do Brasil) com ESCURO e SEGURANÇA(alusão implícita ao processo de escravatura, comandado por este país, bem como ao fato de grande parte dos negros e afrodescendentes brasileiros, ainda hoje, estarem relegados a profissões que não transcendem a de segurança particular). Não obstante esse jogo semântico-discursivo marcado por pistas que denunciam tal relação, não se percebe, ainda, elementos textuais suficientes justificadores de coerência para afirmar que se trate efetivamente de um texto.

II- No texto IV, a polissemia da palavra “caravana” remete a um campo semântico vasto, complexo e marcado por um amálgama de elementos intertextuais, sócio-históricos, políticos e até geográficos que reatualizam o terror dos navios negreiros que transportavam escravos. A caravana contemporânea, agora, encabeçada pela elite carioca, é denunciada por via de um novo componente: o preconceito social, no caso em tela, da zona sul, contra os crioulos pobres e egressos das favelas, ‘escravos livres’ e cativos da opressão endêmica a que os pobres vêm sendo submetidos historicamente, fruto de um processo de ódio, raiva e covardia, segundo a denúncia veiculada, encabeçada por essa elite branca. Tais elementos são mais que justificadores para comprovar elevados graus de informatividade e coerência no poema, fatores de textualidade patentes e incontestáveis.

III- As caravanas e comboios denunciados no texto e advindos das mais longínquas periferias da cidade não são mais que ararás (espécie de cupim) devoradores, devastadores; de picas enormes e sacos explosivos comem tudo e de tudo. Por essa razão precisam ser expulsos da areia branca do Jardim de Alá e, de preferência, dizimados. Entretanto, expressões como “zoeira”, “quebradas”, “picas”, “É o bicho, é o buchicho”, “populacho” e “malocam” são construções que quebram coesivamente a harmonia do texto, tornando-o cada vez mais incoerente.

IV- Nos versos “Sol, a culpa deve ser do sol/ Que bate na moleira, o sol/ Que estoura as veias, o suor/ Que embaça os olhos e a razão” (texto IV), os itens em destaque, ao retomarem coesivamente a palavra “sol”, exemplificam, na superfície textual, através do jogo de referencialidades, um importante fator de textualidade denominada coesão textual, fundamental para dar a unidade formal ao texto.

V- Ainda no texto IV, pode-se afirmar que não há inferências a maiores riquezas polissêmicas, nem tampouco intencionalmente provocadoras e que minimamente conduzam a graus de informatividade mais expressivos. Nos versos “Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho/ A caminho do Jardim de Alá”, não há, do ponto de vista de coerência de mundo, sobretudo na contemporaneidade, qualquer relação semântica entre “suburbanos”, “muçulmanos” e “Jardim de Alá”.


É CORRETO o que se afirma em

Alternativas
Respostas
36: D
37: C
38: C
39: A
40: D