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Q393134 Português
RIO DE JANEIRO - A greve dos garis cariocas - ou de uma facção deles, com indisfarçável inspiração política - serviu para nos alertar sobre o lixo. Só na Zona Sul, o volume de embalagens, latas, garrafas e plásticos que se deixou de recolher em quatro ou cinco dias daria uma montanha da altura do Pão de Açúcar. O progresso é porco.

Os peritos estabeleceram que é a quantidade de lixo produ- zido que separa os ricos dos pobres. Os ricos, leia-se o hemisfério Norte, geram em média 2 kg de lixo/dia - os EUA, 3 kg. Nós, os pobres, que comemos e consumimos menos, não passamos de 1 kg. O que não é motivo de alívio ou regozijo porque nem assim sabemos o que fazer com ele.

No que ainda nem fomos, os ricos já estão de volta. Os EUA, por exemplo, vendem o seu excesso de lixo para a China. E, enquanto o mundo se preocupa com o lixo industrial, eletrônico e radioativo, de difícil assimilação, ainda não nos entendemos nem com o lixo orgânico - imagine o resto. Para onde irão os nossos 270 milhões de celulares quando morrerem? Eles não se decompõem na natureza.

Obrigado aos grevistas por me fazer pensar. Mas seria justo que fossem multados pelo lixo que deixaram na rua. Se uma guimba de cigarro no chão vale R$ 157 no Lixo Zero, quanto eles não estarão devendo?

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