Questões de Concurso Público ABEPRO 2019 para Pós-Graduação

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Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: ABEPRO Prova: FEPESE - 2019 - ABEPRO - Pós-Graduação |
Q1336703 Português
Glossário do Antropoceno

Para compreender os debates sobre o Antropoceno – época geológica caracterizada pela influência humana sobre o planeta –, não basta conhecer apenas a palavra criada em 1980 pelo biólogo americano Eugene F. Stoermer e popularizada no início dos anos 2000 pelo cientista holandês Paul Crutzen. Confira a seguir alguns termos técnicos importantes.

Capitaloceno Termo criado pelo historiador ambiental e geógrafo americano Jason W. Moore como alternativa a Antropoceno. Segundo ele, o capitalismo criou a crise ecológica global, levando-nos a uma mudança da era geológica. Variante do Capitaloceno, a noção de Ocidentaloceno, defendida pelo historiador francês Christophe Bonneuil, afirma que a responsabilidade pela mudança climática está nas nações ocidentais industrializadas e não nos países mais pobres.

Grande divergência Expressão criada pelo historiador americano Kenneth Pomeranz para designar o grande avanço industrial que separou a Europa da China desde o século XIX. Segundo Pomeranz, a distribuição geográfica desigual dos recursos de carvão e a conquista do Novo Mundo deram o impulso decisivo à economia europeia.

Sexta extinção A “grande extinção” é o termo dado a um breve evento no tempo geológico (vários milhões de anos) durante o qual pelo menos 75% das espécies de plantas e animais desaparecem da superfície terrestre e dos oceanos. Das cinco grandes extinções registradas, a mais conhecida é a do Cretáceo-Terciário, há 66 milhões de anos, que incluiu o desaparecimento dos dinossauros. O biólogo americano Paul Ehrlich sugeriu que agora entramos na sexta grande extinção (embora, por enquanto, sua destruição em termos de número de espécies seja consideravelmente menor do que nas outras cinco) – 40% dos mamíferos do planeta viram sua faixa de habitat reduzida em 80% entre 1900 e 2015.

Tecnodiversidade Palavra que se refere à diversidade de ecossistemas, espécies e genes e à interação entre esses três níveis em um dado ambiente. Por analogia, a tecnodiversidade refere-se à diversidade de objetos tecnológicos e aos materiais usados para produzi-los.

Tecnosfera Refere-se à parte física do ambiente que é modificada pela atividade humana. É um sistema globalmente interligado, compreendendo seres humanos, animais domesticados, terras agrícolas, máquinas, cidades, fábricas, estradas e redes, aeroportos etc. 

Disponível em <https://www.revistaplaneta.com.br/glossario-do- -antropoceno>. Acesso em 18 de fevereiro de 2019. [Adaptado]

Analise os trechos abaixo, extraídos do texto 3.



Das cinco grandes extinções registradas, a mais conhecida é a do Cretáceo-Terciário, há 66 milhões de anos, que incluiu o desaparecimento dos dinossauros. O biólogo americano Paul Ehrlich sugeriu que agora entramos na sexta grande extinção. (Sexta extinção)  Palavra que se refere à diversidade de ecossistemas, espécies e genes e à interação entre esses três níveis em um dado ambiente. Por analogia, a tecnodiversidade refere-se à diversidade de objetos tecnológicos e aos materiais usados para produzi-los. (Tecnodiversidade)



Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ), a partir dos trechos 1 e 2.



( ) Em 1, o vocábulo “que” funciona, na primeira ocorrência, como pronome relativo introduzindo uma oração adjetiva, e na segunda, como conjunção introduzindo um complemento verbal oracional.

( ) Em 1, na construção “a mais conhecida é a do Cretáceo-Terciário”, ocorre elipse de um termo contextualmente implícito.

( ) Em 2, o pronome “se” pode vir anteposto ou posposto ao verbo, em cada uma das ocorrências, sem ferir a norma culta da língua escrita: “se refere” e “refere-se”.

( ) Em 2, a expressão “Por analogia” pode ser substituída por “Consequentemente”, sem prejuízo de significado no texto.

( ) Os três níveis mencionados em 2 funcionam de forma autônoma e independente no meio ambiente.



Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.

Alternativas
Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: ABEPRO Prova: FEPESE - 2019 - ABEPRO - Pós-Graduação |
Q1336710 Português
Carlos Drummond de Andrade,
Itabira e a Mineração

Em julho de 2014 o acaso me levou a Itabira, onde eu nunca tinha estado. A viagem teve efeitos inesperados, que desembocam neste livro: na cidade natal de Carlos Drummond de Andrade as marcas do passado, assim como sinais contemporâneos gritantes, pareciam estar chamando, todos juntos, para uma releitura da obra do poeta. A estranha singularidade do lugar incitava a ir mais fundo na relação do autor de “A máquina do mundo” com as circunstâncias que envolvem a “estrada de Minas, pedregosa”, a geografia física e humana, a história da mineração do ferro.

Nascido em 1902, Drummond viveu pouco tempo em Itabira. Mas os ecos da cidade retornam em sua obra inteira, e permanecem nela qual uma inscrição latejante, sem correspondente cronológico contabilizável – como a tal “fotografia na parede”, que dói, ou como um sino repercutindo traumas e avivando o vivido. José Maria Cançado, seu primeiro biógrafo, diz, a propósito, que ali o “mundo não se assemelha nem à natureza nem à cultura, mas a uma terceira coisa entre os dois, uma espécie de grande alucinação, uma monstruosidade geológica, uma dissonância planetária, com sua quantidade astronômica de minério”. A imagem não é despropositada, por mais que possa parecer. Chegar a esse lugar é sentir, de fato, o impacto da geologia e da história, acopladas. Algo de alucinado se passou e se passa naquele sítio, implicando uma torção desmedida entre a paisagem e a máquina mineradora, com quantidades monstruosas de ferro envolvidas. Há no ar a sensação de que um crime não nomeado, ligado à fatalidade de um “destino mineral”, foi cometido a céu aberto.

O grande buraco geral que a mineração cavou no território de Minas, multiplicado por outras tantas Itabiras e Itabiritos, e que em Belo Horizonte fez da serra do Curral uma paisagem de fachada que esconde uma ruína mineral, está exposto em Itabira de maneira exemplar e obscena, de tão real e tão próximo. Em outras palavras, se o horizonte de Belo Horizonte é sustentado hoje por uma espécie de telão montanhoso, mera película residual preservada por conveniência – afinal, é dele que a capital do estado extrai seu nome –, em Itabira a exploração mineradora sentiu-se à vontade para abolir a serra e anular o horizonte sem maior necessidade de manter as aparências.

Impossível não associar tal visão à catástrofe de Mariana e do rio Doce, desencadeada em 5 de novembro de 2015, desvelando uma nova dimensão desse todo. Em Mariana, a derrama dos rejeitos, empilhados como um castelo de cartas em barragens a montante, apoiando-se a si mesmas sem outros critérios a não ser o da acumulação sem freios, pela empresa Samarco, braço da atual Vale, cobrou seu tributo às comunidades e a todos os reinos da natureza em vidas e em destruição, no distrito de Bento Rodrigues e em tudo que se estende pelo rio Doce até o mar.

Associar os acontecimentos de Itabira e de Mariana não significa equipará-los – um é efeito do lento desenrolar de uma exploração que opera em surdina ao longo de décadas, de modo crônico, localizado e praticamente invisível na cena pública nacional; outro eclode súbito e estrondoso, esparramado no espaço e reconhecido imediatamente como uma das maiores hecatombes socioambientais do país, desmascarando a pulsão destrutiva da sanha extrativa e acumuladora. Embora diferentes, o acontecimento catastrófico de Mariana, com tudo que tem de fragoroso e letal, pode ser visto como o raio que ilumina o que há de silencioso e invisível na catástrofe de Itabira.

WISNIK, José Miguel. Disponível em: <http://www.viladeutopia. com.br/o-poeta-e-a-pedra>. Acesso em 18 de fevereiro de 2019. [Adaptado].

Obs.: Wisnik é autor do livro “Maquinação do mundo: Drummond e a mineração”. 
Com base no trecho a seguir, extraído do texto 4:

Mas os ecos da cidade retornam em sua obra inteira, e permanecem nela qual uma inscrição latejante, sem correspondente cronológico contabilizável – como a tal “fotografia na parede”, que dói, ou como um sino repercutindo traumas e avivando o vivido. (2°parágrafo)
assinale a alternativa correta.
Alternativas
Respostas
1: A
2: E