Questões de Concurso Público ABEPRO 2018 para Processo de Seleção - Edital 001/2018
Foram encontradas 2 questões
Ano: 2018
Banca:
FEPESE
Órgão:
ABEPRO
Prova:
FEPESE - 2018 - ABEPRO - Processo de Seleção - Edital 001/2018 |
Q1787477
Português
Texto associado
O que é coerência textual?
As noções de coesão e coerência foram sofrendo
alterações significativas no decorrer do tempo.
Inicialmente, os dois conceitos praticamente se
confundiam e, por isso, os dois termos eram, muitas
vezes, usados indiferentemente. Mas, à medida que
se modificava a concepção de texto, eles passaram a
diferenciar-se de forma decisiva.
O primeiro passo foi constatar que a coesão não é
condição necessária nem suficiente da coerência: as
marcas de coesão encontram-se no texto, enquanto
a coerência não se encontra no texto, mas constrói-se
a partir dele, em dada situação comunicativa, com a
mobilização de uma série de fatores de ordem discursiva, cognitiva, situacional e interacional. Assim, o
sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos. Em um segundo momento, percebeu-se que
a distinção entre coesão e coerência não podia ser
estabelecida de maneira radical, como se fossem fenômenos independentes.
Alguns tipos de coerência:
Coerência sintática – Diz respeito ao uso adequado
das estruturas linguísticas, bem como dos recursos
coesivos que facilitam a construção da coerência
semântica, como pronomes, sintagmas nominais
referenciais definidos e indefinidos, conectores etc.
Coerência semântica – Refere-se às relações de sentido
entre as estruturas – palavras ou expressões presentes
no texto. Para que um texto seja semanticamente
coerente, não deve conter contradição de conteúdos.
Coerência temática – Exige que os enunciados de um
texto sejam relevantes para o tema ou tópico discursivo em desenvolvimento. Coerência pragmática – Está
relacionada aos atos de fala que o texto pretende
realizar, obedecendo às condições para a sua realização. Por exemplo, não é possível ao locutor, em um
mesmo ato de fala, perguntar e asseverar, e assim por
diante. Coerência genérica – Diz respeito às exigências
do gênero textual, determinado pela prática social no
interior da qual o texto é produzido, considerando-se
as condições de produção inerentes a essas práticas.
KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2. ed.
São Paulo: Contexto, 2006, p. 186-205. [Adaptado.]
O primeiro passo foi constatar que a coesão não é
condição necessária nem suficiente da coerência: as
marcas de coesão encontram-se no texto, enquanto
a coerência não se encontra no texto, mas constrói-se
a partir dele, em dada situação comunicativa, com a
mobilização de uma série de fatores de ordem discursiva, cognitiva, situacional e interacional. (2º parágrafo)
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ), com base no trecho extraído do texto.
( ) Os dois-pontos são usados para anunciar uma síntese do que foi dito antes. ( ) O pronome sublinhado em “encontram-se” e “não se encontra” pode alterar a ordem em relação ao verbo, nas duas ocorrências, sem ferir a norma culta escrita da língua. ( ) A palavra “enquanto” pode ser substituída por “ao passo que”, sem prejuízo de significado no texto. ( ) A conjunção “mas” pode ser substituída por “e sim”, sem prejuízo de significado no texto. ( ) A preposição “com” introduz um adjunto adverbial de companhia.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ), com base no trecho extraído do texto.
( ) Os dois-pontos são usados para anunciar uma síntese do que foi dito antes. ( ) O pronome sublinhado em “encontram-se” e “não se encontra” pode alterar a ordem em relação ao verbo, nas duas ocorrências, sem ferir a norma culta escrita da língua. ( ) A palavra “enquanto” pode ser substituída por “ao passo que”, sem prejuízo de significado no texto. ( ) A conjunção “mas” pode ser substituída por “e sim”, sem prejuízo de significado no texto. ( ) A preposição “com” introduz um adjunto adverbial de companhia.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
Ano: 2018
Banca:
FEPESE
Órgão:
ABEPRO
Prova:
FEPESE - 2018 - ABEPRO - Processo de Seleção - Edital 001/2018 |
Q1787491
Português
Texto associado
Um idoso na fila do Detran
“O senhor aqui é idoso”, gritava a senhora para o guarda,
no meio da confusão na porta do Detran da Avenida
Presidente Vargas, apontando com o dedo o tal “senhor”.
Como ninguém protestasse, o policial abriu o caminho
para que o velhinho enfim passasse à frente de todo
mundo para buscar a sua carteira. Olhei em volta e procurei com os olhos o velhinho, mas nada. De repente,
percebi que o “idoso” que a dama solidária queria proteger do empurra-empurra não era outro senão eu.
Até hoje não me refiz do choque, eu que já tinha
me acostumado a vários e traumáticos ritos de passagem para a maturidade: dos 40, quando em crise
se entra pela primeira vez nos “enta”; dos 50, quando,
deprimido, se sente que jamais vai se fazer outros 50
(a gente acha que pode chegar aos 80, mas aos 100?);
e dos 60, quando um eufemismo diz que a gente
entrou na “terceira idade”. Nunca passou pela minha
cabeça que houvesse uma outra passagem, um outro
marco, aos 65 anos. E, muito menos, nunca achei que
viesse a ser chamado, tão cedo, de “idoso”, ainda mais
numa fila do Detran.
Na hora, tive vontade de pedir à tal senhora que
falasse mais baixo. Na verdade, tive vontade mesmo
foi de lhe dizer: “idoso é o senhor seu pai”. O que mais
irritava era a ausência total de hesitação ou dúvida.
Como é que ela tinha tanta certeza? Que ousadia!
Quem lhe garantia que eu tinha 65 anos, se nem pediu
pra ver minha identidade? E o guarda paspalhão, por
que não criou um caso, exigindo prova e documentos? Será que era tão evidente assim? Como além de
idoso eu era um recém-operado, acabei aceitando ser
colocado pela porta adentro. Mas confesso que furei a
fila sonhando com a massa gritando, revoltada: “esse
coroa tá furando a fila! Ele não é idoso! Manda ele lá
pro fim!” Mas que nada, nem um pio.
O silêncio de aprovação aumentava o sentimento
de que eu era ao mesmo tempo privilegiado e vítima
– do tempo. Me lembrei da manhã em que acordei
fazendo 60 anos: “Isso é uma sacanagem comigo”, me
disse, “eu não mereço.” Há poucos dias, ao revelar minha
idade, uma jovem universitária reagira assim: “Mas
ninguém lhe dá isso.” Respondi que, em matéria de
idade, o triste é que ninguém precisa dar para você ter.
De qualquer maneira, era um gentil consolo da linda
jovem. Ali na porta do Detran, nem isso, nenhuma alma
caridosa para me “dar” um pouco menos.
VENTURA, Z. Disponível em: <http://www.releituras.com/zven-tura_idoso.asp>
Acesso em: 23 de abril/2018. [Adaptado.]
Assinale a alternativa correta, com base no texto.