Questões de Concurso Público FAMES 2022 para Assistente em Administração

Foi encontrada 1 questão

Ano: 2022 Banca: FCM Órgão: FAMES Prova: FCM - 2022 - FAMES - Assistente em Administração |
Q2051609 Português
Entenda como o coronavírus pode mudar até nosso
jeito de falar português

Walter Porto

O novo coronavírus veio provocar abalos na nossa relação com quase tudo em volta, inclusive com uma ferramenta de importância que nem sempre levamos em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração as vive na pele ‒ e outras expressões entraram com o pé na porta no léxico do dia a dia, caso de “distanciamento social”, “achatar a curva” e, claro, o próprio “coronavírus”.

Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para se tornar assombrosamente atual.

O jornal britânico The Guardian conta que o dicionário Oxford teve uma atualização extraordinária no mês passado para adicionar palavras que tomaram o discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como “Covid-19”.

Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒ essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo outros. Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.

“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e professor. “O futuro a Deus pertence, mas é difícil alguém se referir, lembra a Covid? Lembra o Sars, o coronavírus? A gente lembrará como os tempos do corona”. O próprio modo de chamar o vírus já é objeto de rinha política e, como lembra Sheila Grillo, “as palavras nunca são neutras, sempre trazem um recorte da realidade”.

Segundo o professor Deonísio da Silva, o desconhecido total, como uma situação de pandemia, faz com que aceitemos passivamente a entrada de siglas e procedimentos científicos nas falas cotidianas “como um valor absoluto” assim como a invasão dos neologismos, “que chegam à nossa casa mudando tudo”. “Não é possível que não tenhamos outro modo de entregar coisas em casa que não seja o 'delivery'”, afirma ele. “Outra palavra que de repente ficou indispensável é o ‘home office’, quando os portugueses, que adaptam muito, já usam o ‘teletrabalho.’”

Grillo lembra que, no esforço de tentar explicar fenômenos novos como este, é comum fazer empréstimos de outras línguas e atualizar termos antigos. “Alguns desses termos são impostos meio na marra”, diz o professor Pasquale Cipro Neto. “Isso é muito chato, quando o gerente do banco fala comigo que tem um ‘call’, que ‘call’?” E nesses tempos em que a testagem em massa tem sido um ponto focal de discussão, outro anglicismo tem dominado as notícias, o de que fulano “testou positivo”. “É traduzido diretamente do inglês”, diz Pasquale. “Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora.”

Enquanto estamos no nosso "lockdown" particular, pedindo delivery pelo app, assistindo a lives e fazendo binge-watching no streaming, as palavras que usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem. Sem que notemos, transformam-se.

Folha de São Paulo, Ilustrada, 1º mai. 2020. Adaptado.
A morfossintaxe é a análise feita às orações em termos morfológicos (ou seja, analisa as palavras de uma oração individualmente, independentemente da sua ligação com as outras palavras) e em termos sintáticos (analisa conjuntamente a relação das palavras de uma oração, ou seja, a função que as palavras desempenham na sua formação).
Baseando-se nesse postulado, avalie as afirmações sobre a seguinte passagem transcrita do texto.
“... fulano 'testou positivo'. 'É traduzido diretamente do inglês', diz Pasquale. 'Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora. [...] as palavras que usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem. Sem que notemos, transformam-se'."
I - Quanto aos aspectos semânticos e estilísticos, há palavras usadas no sentido denotativo e no sentido figurado.
II - Há uma frase no texto empregada em desacordo com a norma-padrão da língua portuguesa quanto às regras de concordância e de regência.
III - O último período é composto por subordinação e introduzido por uma locução conjuntiva; na segunda oração, o sujeito está elíptico e o verbo exprime ação.
IV - Do ponto de vista da norma-padrão, há dois desvios: a ausência do emprego do sinal indicativo de crase em “à expressão” e a grafia incorreta da palavra “legitima”, que se classifica como proparoxítona e, por isso, deve receber acento gráfico obrigatório: “legítima”.
Está correto apenas o que se afirma em
Alternativas
Respostas
1: A